DIA DA ÁGUA

Celebramos há poucos dias o dia da água. Mas eu acho que temos pouco para comemorar. Em Santarém, por exemplo, se antigamente a água oficial (aquela que em alguns bairros costuma pingar nas torneiras na casa da gente) não era lá essas coisas, pelo menos tínhamos o consolo das inesquecíveis torneiras de esquina, onde pessoal se reunia para fofocar, tomar banho e até mesmo para encher com o chamado líquido precioso  aquelas latas de querosene recicladas.

A rigor, a falta d’água não era levado muito a sério na cidade santarena de outrora. Tínhamos o portentoso e límpido Tapajós que nos brindava com beleza e água de primeira.

Havia o hábito de buscar água no rio – ou na beira, como diziam – com latas e panelas,. Mas, primeiro era o banho delicioso, assistindo cardumes de peixinhos e até de aviús desfilarem perto da gente.

Mas isso era na época em que não existiam ainda, esses incontáveis barcos que ancoram pela orla da cidade e nem haviam, ainda, construído o Cais do Porto na contramão, fazendo com que a poluição venha descendo pela frente da cidade. Razões técnicas duvidosas motivaram a posição de nosso movimentado porto, necessário, evidentemente, para nosso progresso.

Num tempo mais recuado, ainda, os chamados aguadeiros saiam de casa em casa vendendo sua mercadoria, para quem não tinha poço no quintal.

Infelizmente dia virá em que iremos comprar água como quem compra gasolina, pois será um produto escasso.

A Igreja Católica está, de maneira muito acertada, aliás, está promovendo na campanha da fraternidde deste ano o tema Fraternidade e Vida no Planeta.

E se prestarmos atenção, vamos ver, mesmo, que a criação está gemendo em dores do parto.

As águas de Belo Monte irão virar hidrelétrica de eficiência duvidosa.

 É bom que os santarenos comecem a colocar as barbinhas de molho, já que as próximas vítimas seremos nós e o nosso Tapajós, que vai morrer em prol da ganância e do dinheiro.

E o protesto das pessoas de boa fé vai virar água e se perder pelo ralo.

Estou quase apostando, mas torço que as boas águas nos lavem dessas farsas apocalípticas.

Por: José Wilson  

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