CPI convoca Perillo e Agnelo, mas deixa Cabral de fora

O governador do Rio, Sérgio Cabral, participa de inauguração da UPP do Alemão

A CPI Cachoeira aprovou a convocação de dois governadores na sessão desta quarta-feira: Agnelo Queiroz (PT-DF) e Marconi Perillo (PSDB-GO). A convocação de Sérgio Cabral (PSDB-RJ) não foi aprovada.

Os integrantes da comissão votaram para que a análise da convocação dos governadores fosse apreciada individualmente. Por unanimidade, a CPI aprovou requerimento de convocação do governador de Goiás, Marconi Perillo. No caso de Queiroz, a convocação foi feita com o apoio de parlamentares da base aliadas, apesar dos votos contrários de PT e PMDB. No placar total foram 16 votos a favor e 12 contra . Já no caso de Cabral, o PSDB se dividiu na hora da votação e com o apoio de PT e PMDB, o governador do Rio ficou de fora. Por maioria, decidiu-se não convocá-lo, por 17 contra a 11.

Há duas semanas, o ex-líder do governo na Câmara Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi flagrado trocando mensagens de texto com o governador do Rio, nas quais prometia que o PT iria assegurar a proteção do governador na CPI do Cachoeira. Em imagem exibida no Jornal do SBT, Vaccarezza envia uma mensagem de texto dizendo que Cabral não precisava se preocupar, apesar das arestas entre seus partidos: “A relação com o PMDB vai azedar na CPI, mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu (sic)”, disse no texto.

Ainda na sessão de hoje, a CPI aprovou por unanimidade, a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico – incluindo as mensagens de celular e conversas de voz pela internet – do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), desde 1 de janeiro de 2002.

Governador do Rio fala sobre CPI pela 1ª vez

– Eu não vejo razão. Os senadores e os deputados tem sido responsáveis, porque você não pode transformar uma CPI em palaque político em ano eleitoral. Os parlamentares tem sido muito responsáveis nesse sentido – disse o governador

O governador se irritou com a pergunta do repórter do GLOBO que o questionou se ele temia a quebra do sigilo bancário da matriz da Delta Construções, que tem sede no Rio e cujo ex-presidente Fernando Cavendish é amigo pessoal de Cabral.

– Imagina! Por que eu temeria? Acho até um desrespeito da sua parte perguntar isso. Uma coisa é a relação pessoal que eu tenho com empresários ou não empresários. Outra coisa é a impessoalidade das decisões administrativas. Essas ilações são de uma irresponsabilidade completa. É um desrespeito completo com a minha pessoa, com a administração que a gente vem fazendo e com os meus secretários de estado.

Cabral observou ainda que o governador de Goiás tem as razões dele para se oferecer a depor na CPI.

– O governador de Goiás tem as razões dele, e eu repeito. Há 250 mil gravações da Polícia Federal, e o meu nome não aparece em nada. Não é o fato de uma amizade que me levaria ir a qualquer lugar. Mas eu respeito o governador. Tenho certeza de que ele terá oportunidade de se defender.

Ele ressaltou ainda que nunca interferiu nas escolhas de empresas ou de decisões de seus secretários. Ele afirmou que os seus assessores tem autonomia para tomar decisões e escolher os subordinados.

– O meu governo é transparente – afirmou.

Em seu discurso de inauguração da UPP, Cabral elogiou a parceria com o ex-presidente Lula, com a presidente Dilma e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, pré-candidato à reeleição da Prefeitura do Rio. Cabral também agradeceu ao empresário Eike Batista que ajudou no financiamento das UPPs e fez doações para a sua campanha.

Sem citar nomes, o governador atacou o ex-governador Anthony Garotinho, responsável pela divulgação das fotos de Cabral em Paris, e a ex-governadora Rosinha Matheus.

– A gratidão a gente tem que ter e ressaltar. Ninguém constrói um estado que era decadente sem parceria.

E lembrou a morte do menino João Hélio, em 2007, quando não conseguiu o envio das Forças Armadas ao Rio, segundo ele, porque o estado não tinha credibilidade, e que só conseguiu fazer isso em 2010.

Fonte: O Globo

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