Milton Corrêa
COMEÇAM AS AULAS NO CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL PAULO FREIRE
“A educação não muda o mundo, a educação muda às pessoas e as pessoas que mudam o mundo”. Com a frase de Paulo Freire, a coordenadora da Divisão de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação, Flora Aparecida, iniciou a programação do primeiro dia letivo do Centro Municipal de Educação Infantil Paulo Freire, em 19 de março de 2013, localizado próximo ao Parque Municipal, que conta com ampla estrutura para atender mais de 100 crianças, a partir de um ano de idade.
A prefeita em exercício Maria José Maia; a secretária de Educação, Irene Escher; e o secretário da Juventude, Esporte e Lazer, Erasmo Maia, deram as boas vindas às crianças.
O Centro de Educação Infantil conta com oito salas de aula, uma sala de recursos multimídias, uma sala para atendimentos psicológicos e educação especial, cozinha ampla – com depósito e vestiário – banheiros adaptados para o público infantil e acessibilidade. Sala de professores, secretaria, sala da diretoria, banheiros para colaboradores, área de entretenimento e refeitório.
“A educação infantil é a base para uma educação de qualidade. O mundo está precisando de mudança e isso só acontece com educação humanizada. É isso que queremos para as nossas crianças, e é isso que vamos oferecer”, reitera Flora.
Segundo a diretora do educandário, Edna Torres, serão atendidas 170 crianças de um a cinco anos de idade. Ela destaca que o novo espaço visa principalmente fortalecer e enriquecer a interação entre escola e família.
“Um educador se eterniza no ser que educa e iremos nos eternizar nas crianças do Centro, porque os pais depositam em nós a responsabilidade de educar seus filhos”, enfatiza.
Quem é o patrono do moderno Centro Educacional Infantil de Santarém?
O Patrono do Moderno Centro Educacional Infantil de Santarém, localizado na Avenida Barão do Rio Branco, próximo ao Parque da Cidade é Paulo Reglus Neves Freire, educador brasileiro. Nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco.
Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África. Pelo mesmo motivo, sofreu a perseguição do regime militar no Brasil (1964-1985), sendo preso e forçado ao exílio.
O educador apresentou uma síntese inovadora das mais importantes correntes do pensamento filosófico de sua época, como o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Essa visão foi aliada ao talento como escritor que o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos.
A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart.
A carreira no Brasil foi interrompida pelo golpe militar de 31 de março de 1964. Acusado de subversão, ele passou 72 dias na prisão e, em seguida, partiu para o exílio. No Chile, trabalhou por cinco anos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Nesse período, escreveu o seu principal livro: Pedagogia do Oprimido (1968).
Em 1969, lecionou na Universidade de Harvard (Estados Unidos), e, na década de 1970, foi consultor do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional a governos de países pobres, a maioria no continente africano, que viviam na época um processo de independência.
No final de 1971, Freire fez sua primeira visita a Zâmbia e Tanzânia. Em seguida, passou a ter uma participação mais significativa na educação de Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. E também influenciou as experiências de Angola e Moçambique.
Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil, onde escreveu dois livros tidos como fundamentais em sua obra: Pedagogia da Esperança (1992) e À Sombra desta Mangueira (1995). Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em 1989, foi secretário de Educação no Município de São Paulo, sob a prefeitura de Luíza Erundina.
Freire teve cinco filhos com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira. Após a morte de sua primeira mulher, casou-se com uma ex-aluna, Ana Maria Araújo Freire. Com ela viveu até morrer, vítima de infarto, em São Paulo.
Doutor Honoris Causa por 27 universidades, Freire recebeu prêmios como: Educação para a Paz (das Nações Unidas, 1986) e Educador dos Continentes (da Organização dos Estados Americanos, 1992).
A educação segundo Paulo Freire
Segundo o saite www.artigos.com, de autoria de Sidnei Laone Eisenbraun, formado em Filosofia. A teoria educacional de Paulo Freire surge num momento crucial, em que as Teorias Críticas da Reprodução não viam mais perspectiva para a Educação. Ao contrário dos educadores das Teorias Críticas da Reprodução, Paulo Freire vê a Educação impregnada de esperança, tanto que não hesitou em chamá-la de Pedagogia da Esperança.
A Educação trás consigo um coeficiente muito grande de Esperança. Ela pode mudar muito a realidade, dependendo de como a aplicamos e da maneira que a concebemos. Nem tudo está perdido, dizia Paulo Freire, basta o trabalho educacional e teremos o que queremos uma Educação verdadeira que dê conta da mudança da realidade.
Mas as contribuições e inovações de Paulo Freire não param por aí, pois além da Educação ser embasada em uma esperança, é necessário:
(…) que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos(…) abertura à justiça, não é possível a prática pedagógico-progressista, que não se faz apenas com ciência e técnica (FREIRE,1997,p. 136).
Todas estas características, ou como chama Paulo Freire, virtudes, serão, no nosso trabalho, explicadas através das palavras-chave: Esperança Humildade, Amor e Solidariedade.
Para entendermos o que é a proposta educacional em Paulo Freire, dois conceitos têm de ter a suas características bem compreendidas. Trata-se do conceito de homem, o qual já vimos no item anterior, e o conceito de sociedade.
Sociedade, para Paulo Freire, não é um objeto estagnado, sem mudança. Ao contrário, é um processo em constante modificação e transição.
Sendo composta por valores, a sociedade está à mercê, durante sua existência, de uma possível degradação, chegando a um certo ponto a sofrer um momento de transição. Suponhamos a nossa sociedade brasileira com todo seu conjunto de valores, que fazem a identidade de nosso povo. Estes mesmos valores podem, aos poucos, entrarem em degradação e levarem à mudança.
Mas, há que se deixar bem claro que esta transição de alguns valores e a consequente aquisição de outros, não implica no esquecimento daqueles, pois “(…) todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje (…). Temos de saber o que fomos para saber o que seremos” (FREIRE, 1982b, p. 33).
A sociedade, por ser constituída de valores, é capaz da alienação das consciências através destes mesmos valores, que como bem sabemos, nem sempre são valores, pois estes podem servir como suporte na perpetuação do status quo, com todas as suas implicações e justificações [1].
Perguntamos então, após esta compreensão de homem e sociedade, qual a ligação destes dois conceitos à educação?
Ora, a resposta é simples, pois o homem, através da educação, descobre um meio para a construção de um novo status. Este novo status deve possibilitar ao homem as mesmas condições que a classe dominante lhe impossibilitou de obter.
Esse é um aspecto um pouco restrito no modo de compreensão da Educação, pois o objetivo primordial da Educação é levar o ser humano a se livrar das amálgamas que o impedem de desenvolver seu próprio ser.
A Educação, para Freire, não é uma doação ou imposição, mas uma devolução dos conteúdos coletados na própria sociedade, que depois de sistematizados e organizados, são devolvidos aos indivíduos na busca de uma construção de consciências críticas frente ao mundo.
É educando pela conscientização do “educando” que Freire fundamenta a união entre a Educação e o processo de mudança social.
A Educação, para Paulo Freire, contrapondo-se ao que ele chama de “educação bancária”[2], é acima de tudo problematizadora, ou seja, está intimamente ligada à realidade, ao contexto social em que vivem o professor e o aluno e onde o ato de conhecer não está separado daquilo que se conhece. O conhecimento está sempre dirigido para alguma coisa.
Sendo assim, o homem, um ser inacabado, toma consciência do seu inacabamento e busca, através da Educação, realizar mais plenamente sua pessoalidade. A partir desta visão torna-se tarefa primordial da Educação levar o ser humano o mais próximo possível da perfeição. Assim expõe L. FERACINE, comentando o pensamento de Freire: “Ele (o homem) cria no sentido de explicitar, fazer desabrochar, dar desenvolvimento às potencialidades que existem em estado latente e embrional”
[1] Justifica-se, por exemplo, a hierarquia patrão – servo; toda a situação econômica; cria preconceitos os mais variados possíveis etc..
[2] Educação tradicional e tecnicista que identifica a educação como um depósito bancário, onde o aluno nada sabe e o professor é o detentor do saber.