Denúncia – rede de esgoto lança coliformes fecais do lago do Mapiri
Uma junção de esgotos no final da Rua 24 de Outubro, no bairro do Mapiri, em Santarém, Oeste do Pará, está tirando o sossego de moradores das proximidades. Água sanitária, fezes humanas, entre outros dejetos são lançados todos os dias nas águas do Lago do Mapiri, o que provoca um odor insuportável, segundo os comunitários.
Quem trafega no final da Rua 24 de Outubro constata a situação de abandono da rede de esgoto e da falta de reparos e manutenção na via que interliga vários bairros das redondezas. Coliformes fecais de inúmeras fossas são lançados diretamente no Lago do Mapiri. Preocupados com a situação, os moradores das proximidades cobram ações por parte do órgão administrativo de Santarém.
Além do Mapiri, outros pontos da frente de Santarém também são afetados com o despejo de esgotos diretamente nos rios Tapajós e Amazonas. Próximo ao Terminal fluvial Turístico (TFT), dezenas de esgotos lançam milhares de litros de água poluída diretamente no rio Tapajós.
PESQUISA: Diante da situação, uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Biologia Ambiental da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) no final de 2011 investigou a qualidade da água de alguns rios da região, entre eles, o rio Tapajós, rio brasileiro que possui nascente no estado de Mato Grosso e banha parte do estado do Pará.
Santarém, um dos municípios banhados pelo Tapajós, sofre com a qualidade das águas que são poluídas por esgotos. Ao chegar à cidade é possível constatar facilmente o lançamento de sujeira direto no rio, por isso o laboratório se motivou a conhecer a interferência desses esgotos e realizou coletas de dados nas margens e ao meio para análises.
O biólogo Reinaldo Peleja explicou que antes de iniciarem a pesquisa, foi feita uma caracterização dos esgotos e todos apresentam alterações acima dos padrões permitidos. Ele afirma que pelo fato do rio ser extenso ainda, naturalmente está conseguindo purificar as águas, excluindo os poluentes.
Reinaldo Peleja sugere soluções para evitar piores problemas: “Simplesmente tentar canalizar esses esgotos e instalar filtros pra que esse efluente passe por esse filtro e a partir daí ser lançado no rio Tapajós”, informou.
CASOS DE CÂNCER ASSUSTAM BOA ESPERANÇA E EIXO FORTE: Moradores de duas comunidades da zona rural de Santarém se mobilizam para tentar impedir que um surto de câncer se espalhe pela região. Nas últimas semanas, vários casos da doença foram registrados por autoridades de saúde, nas comunidades de Boa Esperança, no planalto santareno e São Brás, na região do Eixo-Forte. Médicos, enfermeiros e profissionais ligadas à área da saúde anunciaram a realização de uma pesquisa com o intuito de desvendar um surto de câncer que está acontecendo na Comunidade de Boa Esperança. Nos últimos meses, dezenas de comunitários foram acometidos pela doença.
Preocupado com a situação, um grupo de profissionais ligados a entidades e órgãos de saúde fará uma pesquisa em Boa Esperança, localizada no quilômetro 43, da rodovia Santarém/ Curuá-Una. A pesquisa tem como objetivo desvendar os casos de câncer registrados na comunidade.
Na semana passada, uma reunião realizada na sede do Conselho Municipal de Saúde discutiu o grande número de pessoas que contraíram câncer em Boa Esperança e, as estratégias referentes às etapas da pesquisa. Representantes da comunidade de Boa Esperança estiveram no encontro. Para eles, a pesquisa se consolida como a esperança de descobrir as causas para tantos casos da doença na comunidade.
Segundo o Conselho Municipal de Saúde, a pesquisa será realizada ainda neste mês abril e terá a participação de quase todos os órgãos de saúde pública do município de Santarém. A presidente do Conselho, Conceição Menezes, explica que a pesquisa deve atingir algumas metas.
“Com a pesquisa pretendemos levantar se realmente há uma incidência de câncer e também captar os indicadores que apontem para direção desses casos que estão surgindo na comunidade de forma descontrolada. Assim, elaborar medidas de prevenção em parceria com o Ministério da Agricultura, Secretaria Estadual de Agricultura e cada órgão”, afirma.
O médico do Hospital Regional, Marcos Fortes, revelou que existe a possibilidade de relações ambientais com os casos da doença. “Há essa possibilidade de haver relação com alguns fatores ambientais que lá existem com os casos de câncer, já que existe uma possibilidade de aumentos de câncer”, expõe.
OUTROS CASOS: Moradores da Comunidade de São Brás, na região do Eixo-Forte, também estão preocupados com o grande número de casos de câncer registrados naquela área de Santarém. Pelo menos 10 casos foram constatados pelos hospitais de Santarém nos últimos seis meses, segundo os moradores.
Por conta de existir muitas serras nas proximidades, os moradores acreditam que a incidência de minérios pode ser uma das causas do surto de câncer no local. Um morador destaca que trabalhou durante 30 anos nos garimpos de Serra Pelada e na Província Aurífera do Tapajós e garantiu que existem grandes possibilidades da existência de minério de Urânio nas serras da região do Eixo-Forte, em Santarém.