Eduardo Fonseca: “Colosso do Tapajós é usado para politicagem”

Advogado Eduardo Fonseca
Advogado Eduardo Fonseca

Inconformado com a atual situação de abandono do Campeonato Santareno de Futebol Amador, pelas autoridades tanto do Município quanto do Estado, o advogado e desportista Eduardo Fonseca, em entrevista exclusiva à nossa reportagem, declarou que falta estrutura, dedicação e apoio dos governantes para que o esporte amador possa se desenvolver em Santarém. Ele denuncia que atualmente os clubes jogam em campos no meio da rua, depois de ter um estádio grande e, que deveria ser utilizado nas partidas. Dr. Eduardo Fonseca afirma que desde o início da construção do Colosso do Tapajós, no governo de Jader Barbalho, que o estádio de Santarém é utilizado para manobras políticas. Ele citou um evento religioso realizado recentemente no Colosso do Tapajós, como a continuação da politicagem dominando o espaço que deveria ser somente para a prática do futebol. Dr. Eduardo abordou, também, outros temas, como a Copa do Mundo de 2014 e a construção de várias arenas, em alguns estados, fruto do gasto de dinheiro público. Acompanhe a entrevista:

Jornal o Impacto: Qual a real situação do futebol amador de Santarém no momento?

Eduardo Fonseca: O futebol amador de Santarém lamentavelmente está atravessando uma situação muito difícil. Primeiramente, porque o futebol amador lutou tanto para ter um estádio e, que hoje não está sendo usado. Santarém foi crescendo e o Elinaldo Barbosa não cabia mais o público das partidas, mas não era só como hoje, que só se falam em São Francisco e São Raimundo. Existiam outras equipes, como Norte, Fluminense, Flamengo, América, Veterano, São Cristóvão. Todos esses clubes chamavam a torcida para o estádio. Santarém tinha poucas opções, na época, onde não existia a estrada para Alter do Chão. O pessoal vivia em função do futebol e da domingueira, que era o Cine Olympia, Cristo Rei e Elinaldo Barbosa. Esse foi o grande auge do futebol santareno, quando surgiram muitos jogadores bons. Quando conseguimos um estádio para comportar um público maior teve essa grande briga para saber quem iria ficar com o estádio. O Estado passou para o Município que não quis arcar com as despesas e o devolveu. Hoje, o Estado está usando o Colosso do Tapajós para o futebol profissional e, principalmente para fazer campanha política, cedendo para eventos de outras atividades que não é o esporte amador. Hoje lamentavelmente estamos regredindo, porque os times amadores estão jogando em campos abertos no meio da rua. Há o campo do Norte, do DER, do Parque da Cidade, mas não são específicos para comportar o Campeonato Santareno, que já foi campeão intermunicipal. Esse pessoal que está fazendo o futebol, hoje, não conhece a história e só quer pegar o bom de jogar no campeonato profissional.

Jornal o Impacto: O terreno onde foi construído o Colosso do Tapajós pertencia ao Fluminense?

Eduardo Fonseca: O terreno era nosso e foi cedido ao Fluminense pelo Ministério da Educação. Antes o campo do Fluminense ficava onde hoje é a Universidade do Estado do Pará. Esse terreno foi doado pela Prefeitura, na época do primeiro governo do Everaldo Martins. Nós já tínhamos o terreno, mas o Dr. Martins deu o título definitivo para o Fluminense. Na época da construção do Centro Social Urbano, o ministro da educação Jarbas Passarinho ofereceu uma área maior para ser erguido o Estádio do Fluminense, que é o mesmo terreno onde hoje fica o Colosso do Tapajós. Hoje, o terreno só está a metade, porque o restante foi invadido por populares desde a Rua Frei Vicente. Como o estádio de futebol seria do Fluminense, a primeira denominação foi de Passarinhão. Depois como não foi concluído e faltou dinheiro e também houve a saída do ministro Passarinho, o então governador Jader Barbalho se ofereceu para erguer a obra, com a luta dos desportistas santarenos, como José Azevedo, José Lopes, Didimo Sousa, Sabazinho Caldeira, Elpidio Moura, Élvio Fonseca, Chico Coimbra, Bené Bicudo, Dafinha, Daniel Feitosa, Luiz Simões, entre outros.

Jornal O Impacto: Como surgiu a idéia da construção do Colosso do Tapajós?

Eduardo Fonseca: Quem lutou para ter esse campo foram os desportistas amadores, assim como os então deputados Ronaldo Campos e Paulo Roberto Matos e o alenquerense Benedito Monteiro. Eles lutaram e conseguiram que Jader Barbalho fizesse o estádio. O Fluminense doou o terreno, com o compromisso da Prefeitura, na época, repassar outra área para o time construir seu estádio, o que até hoje não aconteceu. Naquele tempo era fácil falar com os políticos, porque eles não se escondiam como hoje, onde a situação se complicou, a cidade cresceu e ficou difícil falar com os atuais políticos. O presidente da Liga Esportiva de Santarém já procurou várias vezes os políticos em busca de apoio ao futebol amador, mas ficou vários dias indo atrás e não conseguiu encontrar nenhum.

Jornal O Impacto: Hoje, o Colosso do Futebol está sendo usado para outros fins que não é o futebol. Como o senhor, que é um desportista nato, observa essa situação preocupante?

Eduardo Fonseca: Hoje é um problema geral. Há pouco tempo, houve o caso de um rapaz, que depois de um evento religioso, em um jogo entre o Fluminense e o São Raimundo, pelo futebol amador, ele foi cabecear uma bola e caiu em cima de um buraco, deixado depois de um Congresso. Esse rapaz foi pra Belém e fez uma cirurgia. Na época, não tinha ambulância no estádio e pedimos ajuda ao Corpo de Bombeiros, para levá-lo até o Pronto Socorro Municipal de Santarém. O pai dele foi muito camarada, porque o rapaz jogava no Fluminense e o levamos para Belém, onde fez o tratamento, mas não pôde jogar mais e acabou a carreira dele. O estádio está sendo usado para outras finalidades que não é o esporte. Os coordenadores desses eventos não tem o cuidado devido depois que retiram os palanques de dentro do gramado. Em outros estádios do Brasil, foi proibida a realização desses eventos dentro do gramado, agora só pode ser feito fora. Quem se prejudica é quem joga depois desses eventos, porque tem o encontro religioso e o gramado fica cheio de buracos.

Jornal O impacto: Esses eventos no Colosso do Tapajós são realizados por conta de uma forte influência política?

Eduardo Fonseca: Só pode ser influência política! O estádio foi usado no governo passado para a política. Houve uma sessão especial na Câmara, para a liberação do Colosso do Tapajós para ser realizada a final do campeonato santareno Sub-20. No governo passado não se podia jogar no estádio sob responsabilidade da Liga Esportiva de Santarém, que é o único órgão oficial da cidade para se promover o campeonato amador. Mas, eles fizeram um campeonato de bairros onde colocaram 60 times dentro do estádio e afirmaram que não estragava o gramado. Eles falavam que dois jogos da Liga, sendo um no sábado e outro no domingo estragava o gramado e 60 times num torneio eleitoreiro não estragava. Eles estão usando o estádio exatamente para finalidade política. Como muitos times amadores não são ligados a grupos políticos, acontece esse tipo de coisa.

Jornal O Impacto: Foi criada uma secretaria de governo com a finalidade de apoiar o esporte amador de Santarém. Está acontecendo esse acompanhamento ao Campeonato Santareno de Futebol?

Eduardo Fonseca: Não posso dizer totalmente que está havendo, porque em protesto o Fluminense só está disputando uma competição por ano, para renovar seu alvará na Federação Paraense de Futebol e, como um dos fundadores da Liga, manter atualizada a sua anuidade. Hoje, temos que pagar árbitro, carro para levar os jogadores, campo para jogar, pagar mesário da Liga e não tem retorno nenhum. Falaram que ia haver uma ajuda no governo passado, mas o Fluminense não recebeu. Em várias reuniões eu sempre disse que o fluminense não queria dinheiro pra jogar futebol, mas condições, como estrutura e campo. Às vezes a gente chega a um campo de rua e não tem nem marcação, nem bandeira, nem nada. Isso se torna pior do que o peladão. Essa ajuda eu espero que tenha, porque agora tem muita gente nessa Secretaria, que eram árbitros de futebol e ex-jogadores. Os times amadores continuam jogando no Campo do Norte, no DER, no Parque da Cidade. Era melhor que se fizesse o Campeonato Santareno na praia, porque aí o jogador não ia se machucar. Como todo governo só deixa pra trabalhar às vésperas das eleições, esperamos que o atual faça alguma coisa pelo esporte amador.

Jornal O Impacto: Para a Copa do Mundo de 2014 o Governo Federal construiu vários estádios, o qual denominou de arenas. Como o senhor analisa todos esses investimentos de recursos públicos para o campeonato mundial de seleções?

Eduardo Fonseca: O Governo entrou com todo esse dinheiro para construir essas arenas. Quando ganhamos a Copa de 70, no México, houve a construção de grandes estádios no Brasil, como o Beira-Rio, em Porto Alegre; o Mineirão, em Minas Gerais; o Castelão, em Fortaleza e até o próprio Mangueirão. Mas, foi como o projeto inicial do Colosso do Tapajós, que ia contar com pista de atletismo e escolas. Então, estão gastando o dinheiro do povo brasileiro somente neste evento, que é da Fifa e, isso é mais uma demonstração de que continuamos a ser colônia dos países europeus. Nós nos curvamos e eles fizeram isso. Nos jogos oficiais da CBF não se pode vender cerveja nos estádios, mas na disputa das seleções na Copa pode. Isso é uma discriminação e os caras chegaram cantando de galo no terreiro da gente.

Jornal O impacto: Em sua opinião a reforma do Colosso do Tapajós se consolida como uma obra eleitoreira?

Eduardo Fonseca: Desde o começo, a construção do Colosso do Tapajós já teve influência política, porque o então governador Jader Barbalho não quis perder o colégio eleitoral de Santarém. Então, agora não é diferente. Começaram a obra, mas provavelmente vão finalizar somente no final do ano que vem e vai aparecer muita gente para ser o ‘pai da criança’. Não só o estádio, como o ginásio de esportes. Nós não tínhamos na área urbana um local com tantas vagas para estacionamento, como no Campo do América. Então, essas obras para nós que somos desportistas não passam de manobra eleitoreira. Eles vão enrolar os serviços até se aproximar das eleições. Desde o dia em que foi assinada a ordem de serviço eles só fizeram colocar o tapume, mas quem passa pelo local verifica que não há praticamente nada de trabalho. O que tem é um monte de terra que está alagando as casas das pessoas que moram próximas ao Campo do América.

Fonte: RG 15/O Impacto

Um comentário em “Eduardo Fonseca: “Colosso do Tapajós é usado para politicagem”

  • 19 de julho de 2013 em 18:49
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    MEUS PARABÉNS SENHOR EDUARDO FONSECA PELA SUA ENTREVISTA. É DE PESSOAS ASSIM QUE PRECISAMOS PARA ALERTAR A POPULAÇÃO SANTARENA CONTRA ESSES MAU POLÍTICOS QUE SÃO PAGOS COM NOSSOS DINHEIRO E SÓ NOS ENGANA.
    ESTOU AQUI HÁ 4 ANOS GERO EMPREGO E QUERO AJUDAR MELHORAR ESTA CIDADE, NÃO COMO POLÍTICO JAMAIS, MAIS TBM NÃO QUERO SER TRATADO COMO BICHO COMO FOMOS NO GOVERNO PASSADO.
    ABRAÇO

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