MILTON CORRÊA

Diversidade biológica e patrimônio natural fazem de Santarém a jóia do Tapajós

Fonte: Agencia Pará

Por Lidiane Sousa

As dimensões continentais e a localização conferem ao Pará características singulares. Segunda maior entidade federativa, com 1.248.000 km², o estado se destaca pelos contrastes naturais e culturais que oferecem ao visitante um amplo leque de opções para o lazer e turismo. Em uma mesma região é possível encontrar atrativos que vão de lagos e igarapés, passando por praias paradisíacas até trilhas por entre serras e cachoeiras, cenários esses em que fauna e flora se mostram sempre exuberantes. E entre os seis polos turísticos do Pará, o Tapajós surge como um dos roteiros mais fascinantes.

Um dos destinos mais conhecidos nessa região é Santarém, aonde o turista pode chegar por estrada, por rio ou via aérea – o modal mais rápido. Do Aeroporto Internacional de Belém saem vôos diários para a cidade e a viagem dura, em média, uma hora.

Entre os muitos encantos da “Pérola do Tapajós”, como é conhecida a cidade, está a praia de Alter do Chão, nome dado em homenagem à cidade homônima que fica em Portugal. Também chamada de “caribe brasileiro”, a vila balneária é uma das mais procuradas por turistas de todas as partes do Brasil e do exterior. “Fiquei impressionado com esse lugar. Já tinha visto por foto, mas confesso que me surpreendeu. É muito mais bonito do que eu imaginava. A natureza é exuberante e o lugar ainda é preservado, o que hoje em dia é muito difícil de ver”, comentou o mineiro Edgar Almeida Santos, que mora em Brasília.

 Ele e a esposa aproveitaram as águas calmas do rio Tapajós para fazer um passeio de bote e contemplar a paisagem. “Este é um lugar especial para quem busca tranquilidade. Já fiz fotos e vídeos e mandei para amigos e familiares, que também ficaram impressionados com tamanha perfeição”, relatou Nicelene Mendes da Costa. Paraense nascida em Óbidos, ela conheceu pela primeira vez a praia e disse que pretende voltar outras vezes. “Aqui parece que estamos em outro país, uma diferença gritante em relação à Brasília. Vi várias fotos na internet referindo-se a este lugar como o caribe brasileiro, e de fato é. O nosso plano é voltar muito breve”, acrescentou.

O acesso até a vila é feito pela PA-457 em um trajeto de cerca de 30 quilômetros saindo de Santarém. A rodovia é asfaltada, o que garante maior segurança e rapidez no deslocamento. Para fazer o trajeto de taxi, o turista terá que desembolsar, em média, R$ 200,00, mas quem quiser economizar tem a opção de uma linha de ônibus que sai da cidade a cada meia hora em direção ao balneário, com passagens a R$ 3,00. A travessia da orla para a faixa de areia que surge quando as águas do Tapajós começam a baixar, a partir do mês de agosto, é feita pelas catraias, pequenas canoas com capacidade para quatro pessoas, a um custo de R$ 5,00.

 Quem também se encantou com o cenário foram os manauaras Eduardo Lira e Jaqueline Araújo. O casal já pensa até em deixar a capital amazonense e começar uma nova vida em solo paraense. “Alter do Chão tem muito a oferecer ao visitante. Esse lugar é de uma beleza imensurável, não há como descrever. Pretendo voltar muitas vezes e confesso que  já avalio a possibilidade de morar aqui”, disse Lira. “Trocaria Manaus por Santarém hoje mesmo”, reforçou.

Jaqueline também ressaltou a acessibilidade do local. “Chegamos aqui em 20 minutos, vindo de carro, mas também tem ônibus que fazem linha para cá, então não precisa ter um alto poder aquisitivo para ter acesso a esse paraíso”.

As paisagens da região também podem ser contempladas por outra ótica: a do rio. Em Alter do Chão, o turista pode pagar por passeios de barco que saem a todo momento em direção às praias, lagos e comunidades próximos. Um deles é o que leva até a praia do Pindobal, já pertencente ao município vizinho de Belterra. No caminho encontramos a praia do Cajueiro, Muretá, Caxambu e Jurucuí, que também guardam lagos de águas escuras e geladas. O aluguel de lanchas custa em média R$ 80,00 para as localidades mais próximas, com duração de uma hora, a R$ 600,00 os mais longos, para seis pessoas, com retorno após o pôr do sol ou a combinar com o barqueiro.

“A alta temporada em Alter do Chão começa por volta de setembro, onde a maré está mais baixa e as praias aparecem. Mas na época da cheia dos rios a vila também oferece opções de passeios, desta feita pelas áreas de florestas alagadas e pelas trilhas. Mesmo com a crise, o movimento não para, tem turismo aqui o ano todo”, ressalta André Pinho, presidente da Associação de Turismo Fluvial de Alter do Chão. Segundo ele, todos os condutores são habilitados e as embarcações são devidamente legalizadas, para garantir mais segurança e tranquilidade aos visitantes.

 O comerciante de Belém Alcir Araújo foi um dos turistas que optou por esse passeio e trouxe toda a família para conhecer a vila do Pindobal. “Várias coisas nos atraíram para cá. Além das belezas do lugar, a tranquilidade foi essencial. Aqui podemos relaxar da agitação do dia a dia, apreciar a exuberância da natureza. Estamos gostando muito da experiência”, declarou Alcir. As águas calmas são um convite à pratica de esportes ou mesmo à contemplação da natureza e do pôr do sol, um dos mais lindos da região, como defendem os moradores do local.

Mas há quem conteste essa teoria e atribua a outro extremo da região o título de mais belo por de sol do Tapajós: a ponta do Cururu. Localizado a 25 minutos de barco da vila de Alter do Chão, único acesso possível por se tratar de uma área de proteção ambiental, o braço de areia que se estende por quase um quilômetro rio adentro surge no período do verão amazônico, quando as águas começam a baixar. No restante do ano a faixa de terra permanece submersa.

Em setembro, ponto máximo da vazante, é quando a ponta de praia fica mais visível e, dependendo da intensidade do estio, pode se estender por até dois quilômetros, proporcionando aos visitantes um cenário de beleza ímpar, que nesse período recebe centenas de pessoas atraídas pela fama do lugar. O espetáculo oferecido pela natureza aos fins de tarde se repete ao longo de três ou quatro meses e inclui, além da apoteose majestosa do sol, a dança das gaivotas, que nessa época vem à região em busca de alimento e repouso.

Os passeios até a ponta do Cururu são feitos diariamente e exclusivamente por barcos – embora seja possível chegar até bem próximo de lá por carro – já que a Lei 17.894, que integra o Código Municipal Ambiental de 2004, proíbe o trânsito de veículos motorizados no local. Nem mesmo as embarcações podem permanecer por muito tempo. A fiscalização da APA mantém uma vigilância rigorosa sobre a ação humana na área, proibindo, por exemplo, barulho acima do permitido ou que se acendam fogueiras, por exemplo, como forma de proteger a diversidade biológica e o patrimônio natural da região.

 Para conhecer o local o visitante terá de desembolsar entre R$ 80 e R$ 100 (cobrado por pessoa) dependendo da embarcação utilizada (lancha ou rabeta), do trajeto a ser percorrido – que tem a ponta do Cururu geralmente como ponto final – e da lotação.

(Continua na próxima edição…)

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