Ritual e passeata na orla de Santarém dão início ao Encontro Nacional de Estudantes Indígenas

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Passeata dos estudantes na orla de Santarém

Um ritual de boas-vindas às margens do rio Tapajós marcou a abertura do IV Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (Enei), ocorrida no último sábado, dia 15 de outubro de 2016, na orla de Santarém (PA). Realizado na praia em frente ao Museu João Fona, o ritual de invocação dos espíritos ancestrais reuniu boa parte dos estudantes do Encontro, que prossegue até a próxima quarta-feira, 19, na Unidade Tapajós da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), com debates sobre racismo nas universidades.

Antes do ritual, os estudantes realizaram uma passeata na orla de Santarém contra o genocídio das populações indígenas. O ato público serviu ainda para convidar os santarenos a participarem do Encontro. “Pra mim é uma honra poder participar desse ato público, que mostra a força do movimento indígena local e nacional”, afirmou Poró Borari, aluno indígena da Ufopa. “O Enei é um encontro acadêmico importante, que vai discutir saúde, educação, território, segurança pública e o genocídio dos povos indígenas. Vamos debater vários temas da nossa atualidade, com o objetivo de discutir a melhoria de políticas públicas para os povos indígenas do Brasil, dentro do âmbito educacional e universitário”.

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Ritual da abertura Enei na praia

Realizada após o ritual, na praça São Sebastião, a solenidade de abertura contou com a participação da reitora da Ufopa, Raimunda Monteiro; do representante do Ministério da Educação, Carlos Rafael da Silva; do representante da Funai, Geraldo Dias; do diretor da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Rodrigo Sérgio Garcia Rodrigues; do professor da Ufopa, Raimundo Valdomiro Sousa; do representante do Diretório Acadêmico Indígena (Dain), Karo Munduruku; e do coordenador local do Enei, Diego Arapyum. “Hoje temos a abertura do IV Enei em praça pública, onde pudemos externar nossos sentimentos. Estamos muito felizes em recebê-los”, afirmou a coordenadora nacional do Encontro, Iannuzy Tapajós, durante a abertura.

Segundo a reitora da Ufopa, Raimunda Monteiro, a instituição está comprometida com o desafio de formação dos estudantes indígenas que hoje estão presentes na maioria dos 34 cursos de graduação ofertados na Ufopa. “Nós sabemos o poder que estamos criando a partir da formação dos alunos indígenas. Para além da inclusão desses alunos e alunas nas graduações, estamos nos preparando para que eles também venham a ingressar nos cursos de pós-graduação e, para isso, vamos precisar do apoio do MEC”.

Para a reitora da Ufopa, a pós-graduação vai permitir que a Universidade tenha, em um futuro próximo, professores, pesquisadores e servidores indígenas. “Aí sim, teremos fechado o ciclo de inclusão, com impactos na vida da Universidade e com muitas transformações que irão repercutir nos processos produtivos das comunidades indígenas, nos processos de afirmação cultural e na projeção de profissionais e intelectuais indígenas da nossa região”.

Encontro – Para o coordenador geral da Articulação dos Povos Indígenas e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoime), Paulo Tupiniquim, que também é membro da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), o Enei representa um espaço importante de luta dos estudantes indígenas.”É um momento nada favorável aos povos indígenas, de muitos retrocessos e de perdas de direitos. Vamos resistir sempre e não vamos deixar que tirem esses direitos de nós”, afirmou na abertura do evento.

O IV Enei tem por objetivo reunir estudantes indígenas e não indígenas, de graduação e pós-graduação, além de pesquisadores e profissionais indígenas e não indígenas, das mais diversas áreas do conhecimento, para refletir sobre as práticas educativas em contexto intercultural, enfatizando diálogos de saberes, atuação profissional e educação superior.

Além de buscar fortalecer o movimento indígena nacional, o encontro visa também socializar experiências e pesquisas no ensino superior indígena, a partir da apresentação de estudos que envolvam os povos indígenas, com ênfase nas temáticas de Educação, Sustentabilidade e Territorialidade, Direito e Movimento Indígena, Saúde e Tecnologias. Mais de 500 estudantes indígenas, de diferentes etnias e regiões do país, participam do evento.

Fonte: RG 15/O Impacto e Ascom/Ufopa

 

2 comentários em “Ritual e passeata na orla de Santarém dão início ao Encontro Nacional de Estudantes Indígenas

  • 19 de outubro de 2016 em 10:15
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    Direitos,direitos,direitos, já as obrigações apenas para os brancos!

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  • 17 de outubro de 2016 em 21:39
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    …É um momento nada favorável aos povos indígenas, de muitos retrocessos e de perdas de direitos. Vamos resistir sempre e não vamos deixar que tirem esses direitos de nós”…
    Me apontem um só, unzinho direito que os indígenas perderam?

    Resposta

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