Informe RC Ed. 1121

TUDO A VER -I

Artigo de J. R. GUZZO

NINGUÉM SABE SE haverá mesmo, dentro de alguns anos, um muro de concreto fechando de ponta a ponta a fronteira terrestre entre os Estados Unidos e o México. Também não se sabe se pessoas de religião muçulmana serão no futuro próximo proibidos de entrar em território americano. É igualmente desconhecido se os cidadãos estrangeiros, de modo geral, passarão a ser considerados indesejáveis nos Estados Unidos, se o consumo de produtos importados será visto como uma atitude hostil aos interesses nacionais ou se a imprensa americana será tratada como uma inimiga do governo e do bem-estar comum. Mas é exatamente isso, entre outras ideias com o mesmo princípio ativo, que a maioria dos cidadãos americanos deseja que aconteça em seu país. Eis aí o problema: Donald Trump, que fez toda sua campanha eleitoral propondo tais coisas, foi eleito para a Presidência dos Estados Unidos, mas quem realmente está querendo que a vida seja assim são os 60 milhões de cidadãos que votaram nele e o colocaram na Casa Branca.

TUDO A VER -II

Mais do que Donaldo Trump, na verdade, venceu uma visão de como deve ser a política no mundo de hoje – e essa visão é doente. Trata-se, antes de mais nada, da visão de “nós contra eles”. Esse “nós” é o povo bom, honesto e trabalhador – e defendido pelo grande líder popular. “Eles” são todos os que pensam de um modo diferente, ou propõem outras soluções para os problemas. São chamados de “elite”. Nunca se dão nomes ou identidades à “elite”. Trata-se do inimigo, apenas isso. São “eles” os culpados por tudo o que existe de errado no país; são eles que não deixam consertar os erros. Só pode ter razão quem concorda e apoia o grande líder saído do povo; e só ele, por força dos seus dons exclusivos, é capaz de ter soluções para os problemas. Essas soluções são sempre as mais fáceis, não requerem nenhum tipo de trabalho ou esforço e, mais do que tudo, têm a grande atração de desobrigar as pessoas de pensar; basta acreditar que o líder tem a capacidade de resolver tudo. E, se alguém achar que suas soluções podem estar erradas – bom, esse alguém é da “elite”, justamente, está do lado “deles”, e como tal não tem o direito de participar da vida pública. A visão política que venceu junto com Trump também acredita no “Estado forte”, e na sua intervenção bruta para resolver tudo que é difícil. Esqueçam a gritaria de campanha contra o tamanho “do governo de Washington”, ou a intromissão do “Estado” na vida do cidadão.

TUDO A VER -III

Na vida real, as propostas feitas pelo vencedor estão sempre chamando a autoridade pública para resolver as coisas. Há problemas com a travessia ilegal da fronteira mexicana? O governo tem de construir uma muralha na fronteira. Há problemas com o terrorismo originado em países muçulmanos? O governo tem de proibir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos. Americanos estão perdendo emprego por causa da importação de produtos estrangeiros? O governo tem de bloquear as importações – e por ai se vai. Outro artigo de fé na ideologia Trump é a hostilidade à imigração e aos imigrantes – vistos como uma ameaça ao emprego dos cidadãos americanos e aos valores maiores da sociedade. É gente que aceita trabalhar por um salário mais baixo; não se pode admitir que venham disputar empregos com o cidadão nacional. O fechamento do mercado de trabalho é, na verdade, apenas um dos elementos de todo um pensamento protecionista, que não gosta do livre-comércio, da concorrência nem da liberdade econômica em geral. Trump prega a revisão de tratados e de práticas comerciais que abrem o mercado americano para produtos estrangeiros. Quer cortar as importações.

TUDO A VER -IV

Quer proteger as empresas americanas criando dificuldades para as empresas de fora competirem com elas. Quer criar, manter ou desenvolver o “fornecedor nacional”. Na cabeça de Trump e de seu eleitorado, o mundo exterior não é visto como um possível fornecedor de novas tecnologias nem de produtos melhores, mais eficazes ou mais baratos – é visto como uma ameaça. O estrangeiro, segundo essa maneira de encarar o mundo, está sempre se organizando para prejudicar os interesses americanos. Trump não gosta da independência do Banco Central, que considera manipulado pelos grandes interesses financeiros. Não gosta de cultura – é coisa da “elite”. Não gosta de liberdade. Donald Trump é apontado hoje como o maior perigo que a “direita” coloca para o mundo. Muito interessante, porque nada é tão parecido com o novo presidente americano quanto Lula e a esquerda brasileira. Trump e Lula – tudo a ver.

ROUBO NA CASA DO DELEGADO

Assunto do ano, em todas as conversas na cidade, o roubo na residência do delegado Herbert Farias, quando se encontrava com a família passando o feriado de 15 de Novembro na vila de Alter do Chão, de onde levaram um cofre, arrancado da parede, com 40 a 50 mil em jóias, isso no período diurno, na região central. O que ocorreu com o delegado mostra a insegurança que vive a população. Culpar a Polícia pelo acontecido? Não. O que ocorreu é um retrato do que se passa diariamente no Brasil em grandes e pequenas cidades. Imagine como se sente o cidadão comum, diante da bandidagem que toma conta de Santarém? Hoje, nem Cemitério é lugar seguro, mas se a Polícia não prender os assaltantes da casa do delegado, de onde saíram os produtos do assalto, não tem explicação.

FIM DAS COLIGAÇÕES

Na minirreforma eleitoral feita a toque de caixa, para prejudicar mais de uma dezena de partidos, o Senado Federal, por 58 votos favoráveis e 13 contra, aprovou uma Proposta de Emenda a Constituição (PEC), onde propõe mudanças no atual sistema político do país, proibindo as coligações para deputados federais, estaduais e vereadores. O fim das coligações favorece os grandes partidos, uma vez que as legendas tidas como nanicas e de aluguel, ficam impedidas de se unirem e eleger pelo menos um, para aumentar seu poder de barganha junto aos ocupantes de mandatos executivos. A PEC ainda vai à Câmara Federal, onde deve sofrer modificações, impedindo as “boas” intenções dos senadores ligados a grandes partidos. No Haiti, o Maranhão do mundo, se inscreveu quase uma centena de candidatos a presidente, e quem decide é o eleitor. Os pequenos também têm o direito de sobreviverem.

A ORDEM É ACABAR

Na época dos governos federais do PT (Lula e Dilma), os prefeitos, para terem acesso a recursos do antigo Ministério da Pesca, eram orientados a criar a Secretaria da Pesca no município, criando mais um cabide de empregos. Hoje, a orientação é ao inverso (acabar), já que todos governos têm que se adaptar à crise econômica pela qual passa o país, cortando secretarias. A antiga secretaria já deu o que tinha que dar, e não passa de um setor obscuro, talvez sem ocupante, do atuante Ministério da Agricultura, comandado por Blairo Maggi. Interessante, é que no oeste paraense a maioria dos gestores ainda conserva o entulho, que levou bilhões de reais para o ralo, quando deviam ser investidos em saneamento básico, segurança, saúde e educação, principalmente na Amazônia, onde o Seguro Defeso nunca foi respeitado, embora necessário.

NATAL DE FOME

Têm prefeitos corretos, mas a maioria não. Neste fim de mandato, a ordem é saquear o dinheiro público, o que muitos estão fazendo. Semana passada, o Governo Federal anunciou um repasse de bilhões de reais, destinados aos estados e municípios, correspondente a taxa do Pré-Sal. Essa época, quando os mandatos estão se extinguindo e a notícia de que a quase totalidade não vão pagar dezembro e o 13º Salário de seus funcionários, a Justiça devia bloquear o dinheiro e destinar como prioridade o pagamento de servidores e fornecedores. Em Óbidos, neste semanário, edição anterior, mostrou que servidores, revoltados, invadiram a prefeitura, com o prefeito saindo pelas portas dos fundos numa viatura policial, depois de uma tentativa frustrada pela maioria dos vereadores, com salários em dias, de tirá-lo do cargo. Bem que, com esse dinheiro do Pré-Sal, somados aos repasses constitucionais, o prefeito pagasse os 4 meses atrasados a seus auxiliares, que, com certeza, sem esse dinheiro, devem ter um Natal de fome.

VERDADEIRAS

1- A petista derrotada em sua pretensa reeleição à Prefeitura de Belterra, Dilma Serrão, tem comentado, pedindo “segredo” de ter sido abandonada pelos cardeais de seu partido, principalmente o ex, Geraldo Pastana, que por longo tempo foi seu assessor, e de seu maior erro foi entregar a Secretaria de Saúde ao PMDB (José Antônio Rocha), que, além de não conseguir recursos do Estado e da União, usou e abusou, contratando funcionários residentes em Santarém, dando cota de combustível diariamente. 2- O vereador Henderson Pinto “DEM” afirma que o dinheiro da venda da Folha de Pagamento da Prefeitura para a Caixa Econômica Federal por 8 milhões de reais, sumiu. Não acredito do Prefeito Alexandre Von “PSDB”, com todos os defeitos de político, tenha feito essa mágica. O dinheiro deve cumprir uma finalidade honesta. Dizer que sumiu sem dizer para onde foi, não é correto. Pior foi no 1º governo de seu tio, Lira Maia, quando funcionava na SEMINF (hoje SEMINFRA) uma Cooperativa (que quebrou), da qual, semanalmente, saia sacola com dinheiro e todo mundo sabia para onde ia, além de existir mais de uma centena de ex-funcionários prejudicados, tentando se aposentar e não conseguem, por falta de repasse à Previdência. Procure se informar, e como bom vereador, denuncie.

ATOS E FATOS

AGORA É DIFERENTE – Centenas de bandoleiros ou cangaceiros, do falso Movimento Social dos Sem Terra (MST), orientados pelo vermelho, Pedro Stédille, umbilicalmente ligados ao PT, que início do mês invadiram área produtiva no Paraná, foram expulsos, de imediato, por forças federais. Como agora os tempos são outros, esperamos que seja assim no Pará. – MINISTÉRIO BICHADO – Diariamente, a mídia tem mostrado comportamento pouco republicano de ministros do atual presidente. O constantemente denunciado, Geddel Vieira, ocasionou a saída do governo do ministro da Cultura. Queria tratamento diferenciado a uma Imobiliária baiana. Fazia o mesmo quando presidente da Caixa Econômica Federal. – NÃO CHEGOU – A Petrobrás anunciou, mês de outubro, que a gasolina e óleo diesel teriam uma queda merreca nos preços. Só que ainda não chegou aos postos de Santarém. Quando é aumento, é vapt-vupt. Sacanagem! – COMPARAÇÃO – A Presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, declarou que um preso custa por ano ao governo 13 vezes mais que um estudante. Afirmou: “Alguma coisa está errada em nossa Pátria amada”. Isso não é nada, a ex-presidente Dilma, que não anda mais de bicicleta com medo de ser vaiada, recebe uma cota de 3 mil litros de gasolina por mês. País rico! – ANIMOSIDADE – Do ministro, ex-presidente do Supremo, Ricardo Lewandowisk, ao ouvir críticas à sua pessoa do colega ministro, Gilmar Mendes: “Vossa Excelência, por favor, me esqueça”. Resposta do atingido: “Basta ver o que Vossa Excelência fez no Senado Federal”. – PREVISÃO – Numa roda de amigos, o presidente do Bradesco foi extremamente pessimista em relação aos índices de desemprego no Brasil (12 milhões), deixados pelos governos do PT. Disse que o cenário é de piorar para o ano que vem (2017). Luz no fim do túnel só em 2018. Ainda bem! – BOLA DA VEZ – O presidente da Associação dos Magistrados do Brasil, João Ricardo, quer a saída do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros. Declarou: “Durante o tempo que está no poder, o país foi saqueado”. – MAU EXEMPLO – Do ex-presidente Lula da Silva “PT”, dirigindo-se a um grupo de estudantes da Universidade Federal de São Paulo: “Cada vez mais, em vez de negar a política, a gente tem de fazer política. Porque a desgraça de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta. E quem não gosta é sempre a minoria, e sempre a elite”. – DESEJO – Da ex-presidente Dilma, falando à Folha de São Paulo em seu apartamento em Porto Alegre: “Eu queria escrever um romance policial. Gosto muito. Li muito”. Basta escrever um, baseado em fatos reais narrando o assalto à Petrobras. A tiragem seria grande! – FESTEJADA – Com queima de fogos de artifício e blocos de Carnaval, feita por adversários políticos, o carioca festejou a Operação Lava-Jato, que prendeu o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que foi conduzido sem data para ser solto, para o Presídio de Bangu. Cabral é acusado de ter recebido, em propinas de obras federais, mais de 200 milhões de reais, parte paga mensalmente por empreiteiras.  – NECESSIDADE – Do juiz federal Sérgio Moro: “Essa necessidade (prisão) faz-se ainda mais presente diante da notória situação de ruína das contas públicas do Rio”. – MEDO DE SER PRESO – Do ministro das Relações Exteriores, senador José Serra: “O chanceler acha que Lula está criando a imagem de perseguido político na Lava-Jato. Para, se tiver sua prisão decretada, facilitar um pedido de asilo. Se isso acontecer, a festa vai ser maior da dada para Sérgio Cabral”. – TAMBÉM FOI PRESO – Conduzido para o Presídio de Bangu o ex-governador do Rio, Antony Garotinho, posteriormente levado a um hospital particular, com fortes dores no peito, onde se submeteu a uma angioplastia. Acusação: atropelou a legislação eleitoral emitindo cheque-voto nas municipais de outubro.

 

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