Eduardo Fonseca Ed. 1142

AS PAISAGENS QUE SE FORAM!

Quem tem a minha idade, pelo menos, já sentiu muitas paisagens da nossa infância sumirem, por força do progresso e da falta de compromisso com a nossa história e cultura.
O “Castelo”, as praias da frente da cidade, dos campos de futebol de praia, da Tecejuta até a Vera Paz, dentre eles, o famoso “Trapichão”, Não tínhamos estrada para Alter do Chão e quem não fazia passeio de barcos, para as praias da Maria José, Caparapanari, Arariá ficava, mesmo, na praia ao lado do trapiche, onde hoje fica a quadra de esportes Manoel de Jesus Moraes e o Mascotinho, ali era a “Copacabana” da juventude santarena, da época.
Outros levavam uma farofa de “piracuí” (naquela época, não se sabia que ele era explosivo, como querem as companhias aéreas) em uma lata e arriscava-se a ir até o “Irurá”, tomar banho no Igarapé mais famoso e imortalizado pelo poeta na “Canção da minha saudade”. As “Piracaias” à noite nas praias da cidade, eu especialmente, gostava de ir para as “Alvarengas” barcaças encalhadas nas areias da praia da “Vera Paz”, onde hoje está aquele monstrengo que joga poeira de soja no nosso Rio Azul.
As serenatas ao luar, caminhando nas ruas (o meu grupo era, eu, claro! João Bernardo Santana, Carlos Alencar, João Otaviano e Marcelo) sempre íamos pela rua saindo da Praça do Centenário, outros andavam pelas areias da praia e outros como João Fona e Expedito Toscano, faziam serenata em canoa, deslizando nas águas mansas do Rio Tapajós. Tudo dentro da maior tranqüilidade, não havia quem importunasse, nem se falava em violência urbana.
Nos domingos à tarde, tinha o vesperal no Cinema Olímpia, de lá se saia quase correndo para pegar o R-29 show (show de calouros) no Cristo Rei, apresentados por Edinaldo Mota e Ércio Bemerguy, transmitido pela Rádio Rural. Outros corriam para o Elinaldo Barbosa, (anteriormente era Estádio Aderbal Tapajós Caetano Correa), assistir a qualquer jogo da rodada, hoje o Elinaldo é um matagal, no centro da cidade. Não é reserva florestal, viu pessoal! E desrespeito com a população, pelos que adquiriram-no. Não havia, só São Francisco e São Raimundo, como alguns cronistas desportivos mais jovens, falam. Na verdade, eles só conheceram o futebol santareno a partir do Parazão. Os outros times, não conheceram e, portanto, não podem falar. Não viram um América, o Fluminense, o Norte Clube, o Flamengo, Náutico (de gloriosas tradições) e por algum tempo tivemos a Portuguesa e o Cônsul Clube, estes não estão no reduzido dicionário mental dos mais jovens.
Havia um disputadíssimo suburbano, onde o clássico era “Morango”, (que tinha o campo de futebol, onde hoje, é o campus da Ufopa), na Av. Marechal Rondon, antiga Presidente Roosevelt (por sinal nome mudado ao arrepio da lei) e o “Veterano”, cujo campo era onde é o Mercadão 2000. Havia ainda o campo do América, onde o atual governo do Estado retoma as obras do ginásio, para inaugurar no ano eleitoral. O primeiro Campo do Fluminense, onde hoje, é a Uepa. O segundo campo do tricolor da Presidente Vargas, “O Passarinhão”, é o Colosso do Tapajós, onde os clubes amadores de Santarém não podem jogar.
Ainda se tinha no São João as quermesses dos Colégio Santa Clara, Dom Amando, Cristo Rei, do Clube João XXIII no São Raimundo, e a noite do “Balão Azul”, no São Francisco. E as festas dançantes no salão do colégio São Raimundo, Recreativo, Santarém Clube, além do Fluminense, Veterano, Flamengo e havia futebol de salão com boas equipes, Bola Branca, Gráfica Bolinha, entre outras, com atletas, como Bebe, Abdala, Cristovão Sena, além dos jogos inter colegiais, na Semana da Pátria, além da “Balalaika” do Tiro de Guerra 190. Time de basquete, onde na seleção do Dom Amando se destacam: Sévio Santos, Hoiama Miranda, José Carlos Meschede, Bianor Lima, entre outros.
E no primeiro de maio havia a Missa do Trabalhador celebrada, com brilhante sermão, na magnífica oratória do Pe. Manuel de Albuquerque.
Por que disse isso até agora? Porque eu, precisamente e mais alguns de meus colegas, acabamos de perder, a área coberta do Colégio Dom Amando, onde reuníamos, para teatro, festa, reuniões cívicas, dia dos pais, das mães, do estudante e principalmente, no folclore ensaiávamos a “Vaca Bulandeira” que eu fui coordenador por oito anos. Também o campo de futebol do Dom Amando dará lugar a um ginásio coberto, só vão ficar na lembrança!.
É que recebi mais uma notícia triste. O Seminário São Pio Décimo onde também estudei, será alugado pela Diocese, a partir do segundo semestre para funcionar o Campus da UFOPA, que se localizava na Mendonça Furtado. Já sabiam?
No domingo da Páscoa, dia 16, houve uma reunião de Assembleia Geral da Associação dos Ex Alunos do Seminário São Pio Décimo de Santarém, naquele prédio, onde tínhamos sempre os nossos eventos maiores. Foi uma espécie de despedida porque o Pe. Luiz Pinto já havia antecipado a melancólica notícia. Neste domingo da Páscoa, a festa da renovação. Talvez tenha sido a nossa última reunião lá naquele logradouro onde passamos parte da nossa infância e recebemos educação e formação para a vida.
Agora o Seminário vai continuar servindo à educação, mas não mais a religiosa, nem para formar sacerdotes, mas as outras propedêuticas. Assim, lamento dizer nestas minhas mal traçadas linhas. Um adeus, e deixar cair uma lágrima no coração, para o prédio que se caracterizava como o mais portentoso do IRURÁ, nos anos 60 para cá….///////// Quando Santarém tinha poucas mangueiras, e a população era menor, a “molecada” não deixava com quem ela se estragasse. Às vezes, as apanhava “de vez” e levavam para vender em Manaus. Alguns garotos arriscavam a derrubar uma meio “rosa”, madura, com a pedra. Jogava pedra em mangueira. Hoje, mesmo depois do interventor Capitão Elmano de Moura Melo, mandando derrubar as mangueiras da Av. São Sebastião, ficaram algumas próximas da Travessa 2 de junho. Depois os alunos da Ufpa, em trote, plantaram as mangueiras da Presidente Vargas, e algumas da Marechal Rondon. O Lions Clube Tapajós plantou as da Av. Cuiabá. Elas cresceram e hoje, temos bastante mangueiras, na cidade, embora, tenha algumas pessoas contra essa arborização, e o frutos estão se esparramando pelo chão. E parece que mesmo com o aumento da população, não temos adeptos à manga. Algumas se estragam no meio da rua. Cadê a molecada, para comer manga na merenda? Com farinha, então! Hoje os gostos são outros, não se junta nem para vender na feira, agora imagine levar para vender em Manaus. Os jovens não fazem mais isso! E nem os garis, estão dando conta de comê-las ou levá-las para fazer gostoso suco, é grátis, o Município não cobra nada! Os gostos mudaram, deixaram as nossas frutas regionais: tucumã, mucajá, manga, pajurá, mari, piquiá, pupumha, por frutas de outras regiões…/////// Minhas condolências à família GAMA, pelo falecimento do ALCIMAR, “o gordo”, foi ex-atleta juvenil do Fluminense, ajudou-me por algum tempo no futebol amador, era carnavalesco no “Bloco da Cruzada”, membro da diretoria da ASAC e secretário do PSDB, em Santarém, como se dizia que ele apesar de gordo era bem atuante e disposto. Descanse em Paz companheiro./////// EXCEPCIONALMENTE O FLUMINENSE PROMOVE NESTA QUINTA O SEU BAILE DE SAUDADE, VÉSPERA DO FERIADO DE TIRADENTES. A PARTIR DAS 23 HORAS, COM A DUPLA ROMÂNTICA MILTON E MILENA.

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