Descaso – Pais denunciam falta de vacina “BCG”

Advogada Luana Viana diz que situação é um grande descaso com a população

Não é de hoje que a falta de vacinas nas Unidades de Saúde de Santarém, tem deixado a população preocupada. Porém, a situação da vacina ‘BCG’, é a que causa maiores preocupações. De acordo com especialistas, a imunização adequada deve ser realizada ainda na maternidade, caso não seja possível, pelo que ao menos seja efetivada no prazo de até 30 dias após o parto, tudo para garantir a saúde dos recém-nascidos.

Infelizmente, na Pérola do Tapajós, os pais que buscam imunizar os filhos, quando não recebem informações sobre a falta da vacina, são obrigados a deixarem nome e telefone para agendamento e futuro contato, no entanto, esse retorno quase sempre não acontece.

“Fomos a mais de dez postos de saúde e a resposta era sempre a mesma: não tem a BCG. O mais interessante é que nesses mesmos postos não nos era informado que havia necessidade de agendamento. Essa falta de informação ou até mesmo uma informação incompleta dificultou muito. Foi uma semana indo atrás dessa vacina e nada. Até que felizmente conseguimos encontrar no Posto da Floresta, mesmo assim, com muito sacrifício, pois muitos bebês que estavam agendados para receber a vacinação faltaram devido à forte chuva, e assim foi disponibilizada para o meu bebê”, relatou a advogada Luana Viana.

Para ela, o que acontece, além da dificuldade na quantidade de vacina, é a falta de informações a cerca da disponibilização da BCG.

“Ninguém quer quebrar protocolos ou procedimentos, no entanto, se nas unidades de saúde, a população fosse bem informada, talvez não existisse tanta dificuldade em conseguir a dita vacina. Outra, a vacina é um direito de todos, devendo estar disponível nas unidades de saúde da cidade. Hoje, no Posto de saúde em que eu estava, ouvi histórias de bebês que quando conseguiram tomar a vacina já estavam com mais de 3 meses, sendo que deveria ter tomado até 30 dias de nascido, é um absurdo”, diz Luana Viana.

A professora Maria Aparecida, 37 anos, passou pela mesma situação, e só depois de procurar em três unidades de saúde conseguiu a vacina BCG para a filha. Ela conta que atendentes do posto de saúde próximo à sua residência pediram para que voltasse no local em 15 dias para averiguar se a dose havia chegado, fator que causou preocupação à mãe que optou por não esperar.

“Sabemos que a vacina é importante para evitar as doenças, e tem um ciclo viral e já está em atraso, pois, tem uma semana que fui lá e não tinha. Agora esperar mais todo esse tempo para saber se terá, complica. Consegui depois de ir em vários locais, mas, isso não pode ficar assim, muitas não têm tempo para correr atrás e nem como tirar do bolso”, cita.

“A gente traz as crianças para serem vacinadas, chegando aqui, eles dizem que não têm disponibilidade, e que é para virmos outro dia. Minha vizinha já veio várias vezes aqui, e ainda não conseguiu vacinar a filha”, relata a dona de casa Vanda Silva, moradora do bairro Aeroporto Velho.

Outra mãe revela, “É um descaso total, a situação é frequente. Inclusive procurei por várias vezes outros postos de saúde em outros bairros, e a situação é a mesma daqui do posto do Aeroporto Velho. Isso é preocupante, dizem que está em falta, mas não citam quando terá, é preocupante, pois sabemos que há um ciclo para as doses”, disse Solange Santos.

SEMSA INFORMA: Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde (SESMA), a dificuldade na obtenção das vacinas tem acontecido por falta de repasse das doses por parte do Ministério da Saúde. A Secretaria tem se empenhado em buscar resolver o problema, porém, ainda não se tem um prazo para que isso aconteça.

Nossa equipe de reportagem conseguiu apurar, e existe dificuldade na disponibilização de vacinas como: DTP – que protege a criança contra três doenças graves: difteria, tétano e coqueluche; BCG e Imunoglobulina Humana Anti Varicela Zoster.

As vacinas da BCG e da hepatite B são as mais procuradas por conta dos recém-nascidos, que, segundo os profissionais da saúde, deveriam sair dos hospitais imunizados. Sem muita escolha, resta aos pais procurarem periodicamente os postos de saúde para saber dos possíveis dias de disponibilização as doses.

NOVOS FORNECEDORES: Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspender no ano passado, a fabricação das vacinas BCG e Imuno BCG da Fundação Ataulpho de Paiva, localizada no Rio de Janeiro. O Ministério da Saúde, responsável pelo repasse das doses para os municípios, trabalha para normalizar os estoques. A efetivação de  novos fornecedores das vacinas BCG será fundamental para resolver a questão de falta de doses.

A fiscalização constatou o descumprimento de requisitos de Boas Práticas de Fabricação (BPF) de produtos injetáveis. A inspeção também detectou que processos utilizados pela empresa na identificação de desvios de qualidade e suas causas não são eficientes.

A inspeção feita em novembro de 2016 na fábrica foi resultado do acompanhamento que a Anvisa e a Superintendência da Vigilância Sanitária do estado do Rio de Janeiro têm realizado ao longo dos últimos anos na Fundação Ataulpho de Paiva.

As vacinas BCG e Imuno BCG da empresa que se encontram no mercado não foram suspensas e serão utilizadas nos serviços de saúde. Todos os lotes dessas vacinas são submetidos a testes de controle de qualidade pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) antes de serem liberados para o consumo no mercado nacional.

Por: Edmundo Baía Júnior

Fonte: RG 15/O Impacto

Um comentário em “Descaso – Pais denunciam falta de vacina “BCG”

  • 26 de maio de 2017 em 11:21
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    Meu caro repórter Edmundo, suas matérias são sempre bem elaboradas e apontam à reflexão. Porém, estamos sentindo falta de suas matérias sobre o vizinho Município de Óbidos. O que aconteceu? Por que não escreveu mais? Os problemas que o sr. levantou outrora ainda continuam. A Administração Municipal ainda não resolveu. Que o diga os servidores contratados da educação que não recebem há três meses. Seria uma boa matéria, não. O que o sr. acha?

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