Perigo – Navios fazem comunidades ribeirinhas desaparecerem

Navegação intensa de navios cargueiros no Rio Amazonas acelera fenômeno “Terras Caídas” ameaçando famílias ribeirinhas

A navegação intensa de navios que transportam minério e madeira no rio Amazonas preocupa moradores de comunidades ribeirinhas de Santarém, na região Oeste paraense. Segundo os ribeirinhos, o banzeiro (sucessão de ondas provocadas por uma embarcação em deslocamento) acirrado pelos navios, acelera o fenômeno conhecido como “Terras Caídas”, gerando o desaparecimento de comunidades inteiras, além do êxodo de centenas de famílias para a zona urbana de Santarém.

O fenômeno “Terras Caídas” costuma ocorrer no período de seca dos rios, causando transtornos em comunidades ribeirinhas, localizadas às margens do rio Amazonas. Ao menos quatro cidades registram o problema. A situação é mais crítica no Oeste do Pará, onde famílias ficaram desabrigadas. A Defesa Civil afirma que realiza vistorias em localidades atingidas.

O “Terras caídas” ocorre quando a água atua sobre as margens dos rios, causando erosão e abrindo extensas ‘cavernas subterrâneas’, até que uma ruptura provoque a queda do terreno, que é tragado pelas águas.

Várias famílias estão desabrigadas e são acolhidas por outras pessoas

Entre as comunidades atingidas pelo fenômeno, Fátima de Urucurituba deixou de existir. Após constantes quedas de barrancas e a diminuição do espaço para moradias, dezenas de famílias foram remanejadas do local e assentadas, através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na Comunidade de Santa Maria, na região do Eixo-Forte, em Santarém.

Segundo o Incra, cerca de 600 famílias foram assentadas no local. Os ribeirinhos lembram que o ano de 2009 foi o mais difícil na comunidade, porque igreja, escolas e muitas casas foram destruídas pela força das águas do Amazonas.

“Chegando a um denominador comum. No verão tem como cultivar o solo aqui no Eixo-Forte, nesse tempo que tem o fenômeno das terras caídas que afeta, porque ela bate e vai para dentro das casas. A gente já vinha solicitando transferência desde o ano de 2009”, comentou o presidente da Associação Fátima de Urucurituba, Cristóvão Santos.

No ano de 2012, o Serviço Geológico do Brasil classificou a área da Comunidade de Fátima de Urucurituba como sendo de alto risco e já tinha determinado que as famílias fossem retiradas do local. A correnteza do rio varreu um trecho de cerca de 500 metros de extensão, de um total de 1,3 mil metros.

No ano de 2014, duas famílias da comunidade da comunidade de São Ciríaco de Urucurituba, localizada na margem esquerda do Rio Amazonas, em Santarém, ficaram desabrigadas após a correnteza do rio atingir suas residências. Vitor Soares contou, na época, que por volta das 19h de uma segunda-feira, a filha Santana Soares pediu ajuda para sair da casa que estava desabando. Após socorrer a filha, com a ajuda dos vizinhos, Vitor também desmontou sua casa, retirando a madeira e o telhado. “Isso começou às 19h, aos poucos, de vez em quando caía um pouquinho. A gente escutava o estrondo da terra quando caía. Quando vi, minha filha estava chamando: ‘Tá caindo terra para cá e eu estou com medo’”, relatou Vítor, na ocasião.

No momento em que a casa começou a desabar, Santana estava só com o filho. “Só estava eu com meu neném. Aí começou a cair e eu gritei para o meu pai me pegar e ele foi lá. Eu fiquei desesperada, até chorei”, lembra Santana.

Os moradores da comunidade se reuniram para ajudar os atingidos pelo fenômeno. Reginaldo Amaral, filho de Vitor, cedeu parte de sua casa para abrigar a família do pai e da irmã. “Minha casa também está na ‘beira’ do Amazonas, mas a gente tinha que socorrer eles, o meu pai e a minha irmã”, disse Reginaldo na época. A Defesa Civil do Município esteve na comunidade para dar apoio às vítimas.

PROBLEMÁTICA: Além de Santarém, outras cidades do Pará também são atingidas pelo fenômeno “Terras Caídas”. Em agosto de 2016, as fortes correntezas arrastaram casas e deixaram famílias desabrigadas no município de Porto de Moz, no sudoeste do Pará.

Segundo o Corpo de Bombeiros, 11 casas foram arrastadas pela água, uma escola e a igreja também foram atingidas. Ainda segundo os Bombeiros, 30 pessoas foram desabrigadas e ninguém ficou ferido.

A Defesa Civil dos municípios de Porto de Moz, Prainha e Altamira trabalharam em conjunto para ajudar os desalojados. Um levantamento do impacto que o fenômeno causou foi realizado para que as providências necessárias fossem tomadas pela Defesa Civil do Pará.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

 

Um comentário em “Perigo – Navios fazem comunidades ribeirinhas desaparecerem

  • 22 de julho de 2017 em 09:57
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    CADE O POVO DE SANTARÉM ? CADE OS POVOS INDÍGENAS,QUILOMBOLAS E RIBEIRINHOS?
    CADE OS POLÍTICOS? CADE A SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA? CADE OS POVOS TRADICIONAIS?
    CADE OS PESCADORES Z 20? CADE MP ? CADE MPF? CADE OAB? CADE ANTAQ? CADE FENAVEGA? SINDARPA ? CADE CÂMARA MUNICIPAL SANTARÉM ? CADE OS BLOGUEIROS ? CADE POVO DO BAIXO AMAZONAS NINGUÉM VAI FALAR NADA?

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