Delegado da Polícia Federal critica delações firmadas pelo MPF na “lava jato”

As delações premiadas negociadas pelo Ministério Público Federal, propagandeadas pela “lava jato” como motivo para o sucesso da operação, foram criticadas pela Polícia Federal. Em relatório produzido em abril e enviado ao juiz Sergio Moro, o delegado Filipe Hille Pace atribui a Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef e Fernando Baiano “versões conflitantes” em inquérito que investigou o ex-ministro Antônio Palocci.

De acordo com o relatório, inclusive o juiz da 13ª Vara de Curitiba já havia reconhecido a contrariedade de versões dos fatos sustentadas na investigação ao longo da sua tramitação. “É temerário que inquérito policial tenha tramitado por quase dois anos em função de três versões de fatos diferentes apresentadas por três criminosos que celebraram acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República e que a partir disso obtiveram inegáveis benefícios”, afirmou o delegado, que atua em Curitiba.

Costa é ex- diretor de Abastecimento da Petrobras. Youssef é doleiro. E Baiano operava propinas para membros do PMDB. Eles assinaram acordo com o MPF e receberam inúmeras vantagens. Na opinião de Hille, os três não ajudaram na investigação, embora tenham sido beneficiados por causa do acordo de colaboração que fecharam com o MPF. “Pelo contrário, auxiliaram apenas na manutenção de investigação com pouquíssima perspectiva de resolução”, disse.

Por esse motivo, o delgado encerrou diligências de investigação nesse inquérito, iniciado em 2015, que apurava a liberação de R$ 2 milhões da “cota” do Partido Progressista no suposto esquema de corrupção dentro da Petrobras. O caso não tem nada a ver com o que envolve Palocci e negócios da Odebrecht.

Costa relatou que teria recebido pedido de Youssef para fazer o repasse ao PP. Segundo o ex-diretor da estatal, a solicitação teria sido feita ao doleiro pelo ex-ministro ou por “pessoa vinculada a este”. Já Baiano declarou que presenciou Palocci solicitar de Costa valores ilícitos destinados à campanha presidencial do PT de 2010. “Muito embora já existisse evidente conflito de versões entre Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, admitiu-se, nesta investigação, novo conflito de versões entre Paulo Roberto Costa e Fernando (Baiano) Antonio Falcão Soares”, afirmou o delegado.

O relatório diz que foram feitas diversas acareações entre eles, mas as contradições as contradições entre os depoimentos se mantiveram. A PF relatou a Moro e aos procuradores também que fez também diligências em hotéis e companhias aéreas, mas nada foi encontrado que pudesse comprovar os fatos relatados pelos delatores.

Fonte: Revista Consultor Jurídico

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *