Pixica: “Não assumi Secretaria por dinheiro, mas para lutar por nossa cultura”

Luiz Alberto Pixica faz um balanço sobre a Festa do Sairé, em Alter do Chão

O Çairé é considerado uma das maiores manifestações folclóricas e culturais do Oeste do Pará, evento que atrai milhares de pessoas para a vila balneária de Alter do Chão, distrito de Santarém, no período do mês de setembro, sendo que o festival deste ano mostrou beleza e magia em um espetáculo de luzes, performances e cores, resultando na vitória do Boto Tucuxy sobre o Boto Cor de Rosa. O secretário municipal de Cultura, Luiz Alberto Figueira “Pixica” esteve em nossa redação, onde fez uma avaliação sobre a Festa do Çairé.

“O Governo Municipal tem se preocupado com a valorização da cultura e nesse propósito que foi feito Çairé. O que nós imaginamos e o que foi realizado? Foi essa valorização da nossa cultura quando nós reforçamos que o Çairé é um ato religioso, então, nós temos de dar ênfase para este ato religioso. Nosso material publicitário se você perceber, não tem sequer outra imagem senão o ato religioso e por conta disso nós atraímos mais públicos. Esse é o principal objetivo nosso, trazer mais público para esse evento do Çairé. Quando foi da condução dos mastros se percebeu que ali havia muitos visitantes, muitos turistas que vieram para esse evento especifico, então, essa é a grande sacada do Çairé. Outra sacada importante que eu aponto como uma das melhores, foi a valorização cultural. Ao invés de pensarmos em gastar dinheiro, trazendo cantores de nível nacional para levarem nosso parco recurso, trouxemos os valores que temos no estado do Pará e em Santarém. Neste ano o Çairé teve festividades e eventos não só dentro do Lago dos Botos, como fora e, em especial, na Praça 07 de Setembro, onde foi encerrada a festa com o show do David Assayag. Sem falar que na segunda-feira a Festa dos Barraqueiros estava lotada. Portanto, eu observo que estamos resgatando nossa essência e é esse que é o propósito da Prefeitura, é a proposta da Secretaria, em valorizar a cultura santarena e valorizar os nossos artistas locais”, declarou Luiz Pixica.

Ao ser questionado sobre a questão de artistas da terra que são contratados para participar desse evento e também no período do aniversário de Santarém, onde existem alguns segmentos da sociedade que criticam e preferem que sejam contratados cantores e artistas de renome nacional, Luiz Pixica foi enfático: “Todos os grupos santarenos foram prestigiados no Çairé, os grupos de carimbó, as pessoas que cantam MPB, todos os nossos artistas, a maioria deles foi prestigiar. Agora, eu tenho uma coisa para dizer aos senhores, nem Deus agradou a todos, nós estamos abertos a críticas construtivas, mas críticas que acrescentem, não aquelas críticas que acontecem por serem oposição. A gente reuniu em Alter do Chão com o grupo religioso de Alter, já está marcada nossa reunião para o ano que vem, vamos começar a conversar. Nos meses de maio e junho nós estaremos trabalhando no Çairé 2018. Este ano eu pretendo reunir com eles para começarmos a conversar e montar todo o cenário original do Çairé. Enfim, nós queremos resgatar o Cusa do Tupy, nós queremos resgatar outras danças que tínhamos como o Cheiro do Çairé e isso vai ser importante. A única crítica que nós fizeram com certo ênfase, foi a falta de público na sexta-feira. Olha, nós tínhamos dois cantores paraenses se apresentando: a Lucinha Bastos e o outro era o Rei do Carimbó, Pinduca. Muitos não foram, eu credito que isso é devido à crise financeira que nós estamos vivendo, não é muito fácil para alguém tirar 30 reais na sexta-feira e tirar 30 reais no sábado. Muitos preferiram ir no sábado e foi o que aconteceu, superlotou no sábado e faltou público na sexta-feira, até porque, no sábado, tem muita gente em Santarém que está trabalhando. Na verdade, nós creditamos essa situação à crise financeira e não por falta de atração. Quem foi e assistiu a Lucinha Bastos e o Pinduca presenciou dois grandes shows. Com relação a valores e preços, inclusive nós vamos rever certas situações, pois somos democráticos no sentido de discutir esses pontos que foram falhos e eu tenho consciência que nós não acertamos tudo”, disse o Secretário de Cultura.

Sobre uma polêmica na rede social de que o preço do ingresso deverá ter um aumento no Çairé do ano que vem, o Secretário Municipal de Cultura se pronunciou: “Na verdade, houve um mal entendido de um repórter quando lançou esse questionamento no ar. Eu na verdade estava dizendo a ele que quando ele perguntou para mim no sábado que lotou e ficou gente de fora, que não pode entrar por conta do espaço, eu disse a ele que talvez naquele momento seria bom aumentar o valor do ingresso, que aí se limitaria. Mas a solução é criarmos um espaço para que as pessoas possam assistir. Eu sou favorável que não façamos de graça, pois as coisas de graça não têm valor, as pessoas valorizam o nosso artista, nós precisamos valorizar os botos que vieram acrescentar nesta Festa do Çairé, quando se dedicam a mostrar um grande espetáculo a céu aberto. Portanto, isso tem que ser pago, não com valores absurdos, longe disso. Para se ter uma ideia, nós cobrávamos 30 reais a inteira, 15 reais a meia e dava para todo mundo assistir, mas houve festas particulares que cobravam até 120 reais o ingresso. Nós não estamos aqui para concorrer com ninguém e sim para mostrar nossa  cultura e, para isso nós temos que ter algum recurso que possa sanar algumas dívidas que nós temos com relação a esta festividade. Agora, eu vejo que a programação está correta, nós temos que adequar algumas pequenas coisas, mas a essência do que nós queremos é isso, o resgate e a valorização da nossa cultura. Principalmente a questão religiosa, que é o verdadeiro Çairé e o povo vem pra ver isso, mas as pessoas confundem. O Festival dos Botos veio para acrescentar, que é algo muito bonito, um verdadeiro teatro a céu aberto que nós devemos valorizar a cada ano. Eu concordo com essa apresentação dos botos, há quem diga que seria melhor fazer a apresentação de um Boto na sexta e outro Boto no sábado, mas isso depende de uma reunião com todas as lideranças, uma ampla discursão com o povo de Alter do Chão, porque são eles que promovem essa festa, e para isso nós precisamos só ajudá-los. Nós coordenamos essa festa por conta da Prefeitura, é até inviável para o povo de Alter do Chão realizar essa festa sozinho. Talvez os moradores realizem a festa religiosa sozinhos como sempre fazem, mas a estrutura que envolve o Çairé é muito grande e o poder público é só quem eu vejo nesse momento que pode suportar essas despesas”, falou Luiz Pixica.

Ao ser questionado sobre sua saída da Secretaria Municipal de Cultura, Luiz Alberto Figueira disse o seguinte: “Eu fico impedido de advogar, pois sou advogado e também Secretário de Cultura. Eu havia assumido alguns compromissos anteriores na minha profissão como advogado, em que eu precisava fazer cinco júris no mês de agosto e, no dia 09 de agosto eu pedi ao Prefeito minha exoneração do cargo de Secretário para que eu pudesse realizar esses compromissos e de fato foi o que eu fiz. Voltei dia 24 a convite do Prefeito e nós estamos até hoje como Secretário. Tenho alguns compromissos como advogado ainda em novembro, talvez saia. Enfim, não sei bem, mas só ficarei no governo até quando merecer a confiança do Prefeito, quando não mais merecer ou então quando tiver me atrapalhando profissionalmente, eu peço para sair. Mas, minha vontade é trabalhar pelo povo da minha terra, valorizando nossa cultura, por isso que estou Secretário. Eu não sou Secretário para ganhar dinheiro e nem por vaidade, estou aqui porque gosto de fazer acontecer a cultura em Santarém e as pessoas que me conhecem sabem disso”, finalizou Luiz Alberto Pixica.

Por: Allan Patrick

Fonte: RG 15/O Impacto

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