HIV – Número de contaminados cresce em Santarém e região

Nesta sexta-feira, 1º de dezembro, se comemora o Dia Internacional da Luta Contra a AIDS, e por conta isso fizemos uma visita ao CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento), em Santarém. Para falar da importância desse dia no contexto mundial, conversamos com a Coordenadora do  CTA, Ana Lúcia Ferreira e com a psicóloga Ana Cláudia Tolentino Frazão.

A coordenadora do CTA disse: “No dia 01 de dezembro se trabalha no mundo todo a questão da conscientização da prevenção contra o vírus do HIV/AIDS. Então, teremos uma programação em Santarém, onde o CTA, através da Secretaria Municipal de Saúde, estará intensificando essa ação neste dia. Na realidade, trabalhamos no decorrer de todo ano no combate e luta contra a AIDS, bem como às IST`s e hepatites virais. Neste dia 1º de dezembro teremos pela parte da manhã palestras lá no EETEPA com os alunos de lá às 10 horas da manhã. Nós também faremos palestras com a turma da tarde. Paralelo a isso, nós estaremos na orla em frente à Massabor, fazendo  trabalhos de prevenção, de ofertas de testes rápidos para HIV, Sífilis, Hepatite B e C. Quando vamos para qualquer evento também levamos todos os nosso diagnósticos,  orientando e distribuindo os insumos de prevenção e conscientizando as pessoas da importância de cuidar de si e do próximo. Nesse ano estamos com nossa campanha: ‘Tire o peso da dúvida, fazer o teste é fácil, difícil é conviver com a dúvida’. Então, estamos trabalhando essa campanha de alertar o jovem, bem como a população em geral. Hoje nós podemos notar que o jovem está em um cenário mais diferenciado com relação à faixa etária, nós temos uma população de jovens, entre 20 e 29 anos, que foram as pessoas mais acometidas do vírus do HIV/AIDS nesse ano de 2017”, declarou Ana Lúcia Ferreira.

“Nós temos um número considerável de soropositivos na região Oeste do Pará, composto por quase duas mil pessoas em Santarém e nos outros 21 municípios da região. No ano de 2016 nós tivemos 199 casos e, no ano de 2017 até 30 de outubro nós tivemos 172 casos, sendo 104 só em Santarém e 68 nos demais municípios da região. Esse ano com certeza iremos ultrapassar o número de casos com relação ao ano passado e isso nos preocupa, porque apesar de estarmos sempre na rua levando a orientação, dando informações, oferecendo os insumos de prevenção, sendo que aqui no CTA no decorrer da semana e todo ano estamos sempre orientando, mesmo assim as pessoas parece que perderam o medo”, alertou a Coordenadora do CTA.

Ana Lúcia Ferreira disse que a Aids é considerada um dos maiores males desse século: “Por conta disso, tempos atrás, as pessoas se acanhavam para vir ao CTA, sendo que hoje a AIDS está sendo vista de forma mais diferenciada, as pessoas não têm mais aquele medo de entrar no serviço aqui no CTA. Antes as pessoas entravam aqui com medo e receio de encontrar algum conhecido, por ser um Município pequeno, onde todo mundo praticamente se conhece, então, havia a questão desse preconceito e o medo. Hoje as pessoas entram aqui naturalmente, procurando fazer seu teste para HIV, Sífilis ou Hepatite. Antes nós tínhamos de mobilizar as pessoas sempre chamando para fazer o teste, hoje não, a gente chega em uma ação, começa a organizar nosso material para trabalhar e começa a formar fila, as pessoas querem conhecer seu estado sorológico e isso é de fundamental importância para cada indivíduo conhecer seu estado sorológico. Por ser uma doença que não tem cura, mas tem um tratamento, um acompanhamento e quanto mais cedo é diagnosticada, melhor qualidade de vida essa pessoa vai ter, se ela tiver uma boa adesão ao tratamento. Nós colocamos para a pessoa a importância de conhecer seu estado sorológico, mas o importante é se prevenir e fazer uso do preservativo que é a única forma segura que se tem, não só para Aids, mas para as outras infecções e Hepatites Virais”, informou.

“Para os desinformados de plantão, existe uma diferença entre ser soropositivo e ter a doença AIDS propriamente dita. Antes, para o Ministério da Saúde você era portador do vírus, que era o HIV, mas você não desenvolvia sinais e sintomas da doença, então, você só tratava a AIDS quando você manifestava sintomas ou tinha uma carga viral. Hoje a coisa está diferente, o Ministério da Saúde lançou portarias e decretos que, se você tem diagnóstico de HIV positivo, você tem de se tratar. Então, não existe mais aquela coisa de você só tratar a AIDS quando estiver com sinais e sintomas. A AIDS é a doença em si e o HIV é o virus. Os sintomas para quem tem o vírus depende do organismo de cada pessoa. Existem pessoas que têm diarreia constante, febre e mal estar; mas isso muitas vezes é causado por outra infecção oportunista e não especificamente pelo vírus, depende muito do estado imunológico de cada paciente”, alertou Ana Ferreira.

A coordenadora do CTA foi mais além e disse: “Já os sintomas da AIDS, são perda de peso, febre irregular e constantes diarreias, são os sinais mais evidentes da doença, que pode te dar um direcionamento ou não para o HIV. Não necessariamente vai dizer que a pessoa que está perdendo peso, tendo diarreia ou febre é portadora do vírus, só irá saber mesmo através de um diagnóstico efetuado através do exame. O CTA, de segunda à sexta-feira está de portas abertas, toda pessoa que entra aqui tem acesso ao preservativo, seja masculino ou feminino, depende do critério e do gosto da pessoa. Então, todos que vierem aqui terão acesso a esses insumos de prevenção”, se pronunciou Ana Lúcia Ferreira.

PSICÓLOGA TAMBÉM SE PREOCUPA COM SITUAÇÃO: Para muitos, quando recebem a notícia desagradável que são soropositivo, a situação se torna o fim do mundo ou fim de linha, bate a depressão e muitos perdem as motivações até mesmo de seguirem com suas vidas. Essa é a realidade de algumas pessoas. Por conta disso também conversamos com a psicóloga Ana Cláudia Tolentino Frazâo, que falou sobre a situação:

“Na verdade, quando o paciente vem fazer seu teste e recebe seu resultado, ele vem em busca de um resultado negativo, embora exista a possibilidade de 50% ser positivo. Quando ele é surpreendido por um resultado positivo, obviamente sofre um impacto, onde imediatamente o mesmo associa à situação de morte. É quando começamos a fazer um trabalho de desmistificação dessa situação, mostramos para ele que hoje o HIV/AIDS não tem cura, mas tem o tratamento, que se ele seguir todo o processo de adesão ao tratamento vai viver normalmente, realizando todas suas atividades laborais, sociais e afetivas. Então, é dado todo um apoio emocional, onde ele é orientado das formas de se conviver com o diagnóstico, como também lhe orientar nos seus direitos e deveres no sentido de saber como lidar com toda essa situação. Nós fazemos um trabalho não só psicológico, mas em equipe, onde ele é acolhido e apoiado emocionalmente, não só ele, como sua parceira ou parceiro e a própria família que vai conviver com toda a situação”, disse Ana Cláudia.

“Não podemos negar que um dos maiores gargalos que atrapalham as pessoas que vivem esse drama, é o preconceito. Houve uma diminuição com o tempo, através de um trabalho que vem sendo feito, inclusive o dia 1º de dezembro está aí, justamente para trabalharmos não só a questão da realização da testagem do diagnóstico precoce, mas também a questão da discriminação, do preconceito. Não posso negar que melhorou, mas o preconceito ainda existe e assim é trabalhado com o paciente, para que ele saiba lidar com esse tipo de situação. Toda pessoa deve fazer seu teste pelo menos uma vez na vida, porque não se sabe, trata-se de uma doença assintomática, a pessoa pode estar contaminada e não demonstrar os sintomas da doença, que leva em média de 01 a 10 anos, dependendo muito do organismo da pessoa. Enquanto isso, aparentemente você pode estar bem, mas quanto mais cedo for detectado, melhores condições de vida você terá. É de fundamental imporntância para quem ainda não fez seu teste, que faça o mais rápido possível. E quem já entrou em situações vulneráveis, que a gente chama para quem mantém relações sexuais sem preservativo, também procure o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), para realmente tirar quaisquer dúvidas”, alertou.

“O HIV é um vírus que ataca diretamente o sistema imunológico, deixando a pessoa desprotegida em relação a outras doenças. Na verdade, é uma síndrome. Quando a pessoa é contaminada, com o passar do tempo vai sendo prejudicada em suas células de defesa e, por conta disso a pessoa fica vulnerável a pegar qualquer outro tipo de doença, sendo que o próprio organismo não consegue combater o que existe no meio ambiente e qualquer pessoa está sujeita a pegar”, finalizou Ana Cláudia.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

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