Câmara de Vereadores abandonou Academia de Letras e Artes

Ednaldo Rodrigues diz que ALAS resguarda o patrimônio intelectual de Santarém

Com mais de 13 anos desde sua constituição por Projeto de Lei, apresentado na Câmara de Vereadores pelo então vereador Osvaldo de Andrade, que nesta semana recebeu nos estúdios da TV Impacto, o jornalista e atual presidente da Academia de Letras e Artes de Santarém (ALAS) Ednaldo Rodrigues.

Para o ícone da comunicação santarena e âncora da TV Impacto, Osvaldo de Andrade, apesar da importância da ALAS para a sociedade santarena, infelizmente, tem-se recebido pouco apoio do Poder Público, em especial da Câmara de Vereadores, que segundo ele, pouco fez para que a entidade pudesse estar melhor estruturada.

“Fazemos uma crítica aos vereadores de Santarém. Nenhum Vereador desde o ano 2004 tem demonstrado interesse ou lutado pela ALAS. Tem muita gente que fala de cultura, mas não trabalha pela cultura, inclusive estamos apontando o dedo para os vereadores, porque a Academia foi criada em 2004, estamos em 2017 e ninguém abraçou essa causa”, disse Osvaldo de Andrade ao entrevistar Ednaldo Rodrigues .

Conforme conta Ednaldo Rodrigues, a criação da ALAS era um desejo muito antigo, vindo de várias gerações de representantes legítimos da cultura santarena, que veio tornar realidade em 2004.

“Falar da Academia é algo muito gostoso, muito salutar. A Academia é um bem maior para nossa cultura e eu nunca tive até hoje a oportunidade de agradecer. Eu costumava brincar com o saudoso Eriberto Santos e a Academia foi muito sonhada por  grandes nomes da nossa cultura e acabou sendo idealizada e consolidada de certa forma por três radialista: Osvaldo de Andrade como Vereador, Eriberto Santos e eu que ajudei a construir o texto da própria lei, uma discussão muito boa, muita gente boa participando e que chegaram lá e deu um formato legal, foi aprovada no dia 18 de junho de 2004. Então, a partir dali foi criada uma comissão. O Prefeito da época nomeou por Decreto uma comissão de dez pessoas, inclusive eu fazia parte desse grupo, intitulado como Comissão de Instalação da Academia, sendo que o presidente da comissão de instalação foi o professor Dr. Edivaldo Bernardo e depois o primeiro presidente oficial, quando a Academia estava legalizada foi o nosso confrade Odilson Matos”, expôs Rodrigues.

Segundo o presidente da Academia, é de suma importância conhecer o trabalho desenvolvido nestes 13 anos de existência, e especial do papel da ALAS para a sociedade e cultura mocoronga e do Oeste paraense.

“Um dos princípios norteadores da ALAS é resguardar o patrimônio intelectual da nossa cidade e nossa região. E como acontece isso? Às vezes até mesmo um Secretário de Cultura exige que a Academia tem de atuar mais, ela tem de promover. Veja bem, a Academia não tem esse papel, a ALAS precisa realizar suas sessões e deve-se apresentar as discussões em tribuna, em forma de exposição sobre temas relevantes que envolvem a cidade, região, a cultura. Esse conteúdo que é explorado ali na tribuna é incluído aos anais da Academia, aí você consegue reunir novamente a pensar os recortes históricos da cidade que posteriormente se tornarão história. Agora nós estamos fazendo dentro da Academia o projeto que fala sobre a memória viva, cada Acadêmico faz uma exposição sobre o seu patrono. Nossa Academia foi concebida um pouco diferente das demais, só que também ninguém inventou a roda, foram feitos estudos e uma pesquisa sobre os patronos e sobre os membros efetivos primeiros. Sobre os patronos, foi feito um resgate de 101 nomes que foram pesquisados e muitos desses nomes a história já havia esquecido, então, a Academia resgatou isso. Os membros efetivos ao fazerem a exposição ‘Memória Viva’, trazem à tona um pouco da vida e da obra desses patronos. Depois, o próximo passo, eu estando na presidência ou não, esse é um projeto que eles sabem que eu comecei a conduzir e não existe nenhum entrave dentro da Academia sobre a continuidade disso. Aí vem a vida e a obra dos membros efetivos, então, são 40 membros efetivos e 40 patronos, ao todo teremos 80 artigos que não serão científicos, mas serão artigos muito bem fundamentados e que isso vai significar um reforço da história que já temos, contada em uma outra época com outros personagens. O papel da Academia é essencial para nossa cidade e nossa memória. Infelizmente, até hoje ainda não conseguimos instalar a Academia. Vem um Prefeito e dá uma abertura, vem outro e tira tudo e assim a gente vai seguindo. Mas eu sempre digo aos nossos membros, ‘a Academia é cada um de nós, precisamos continuar firmes nesse propósito, produzindo a cultura de Santarém, participando e promovendo essa cultura que é o que há de mais bonito e isso não depende de governo A, B ou C’”, explicou.

O FUTURO: Rodrigues, como presidente da ALAS tem buscado com afinco o fortalecimento institucional, em busca de parcerias diversas, com pés nos chão. Entre as prioridades está a atualização da lei de constituição da ALAS.

“Nós estivemos discutindo com o novo Secretário de Cultura sobre a lei, realmente precisa-se fazer uma emenda nessa lei e tornar a Academia um equipamento público municipal, assim como é a filarmônica ou como é a escola de música. São equipamentos sociais muito importantes. Outra coisa, compreensão da gestão pública de que a Academia tem que ser parte e não apêndice, porque esse conceito positivo da cultura que temos foi construído no decorrer dos anos pela abnegação e dedicação de tantas pessoas que hoje fazem parte da Academia, os que já foram, que hoje são patronos e o que estão. Existe uma turma que está na fila de espera, inclusive recentemente teve uma reposição de alguns componentes, porque alguns faleceram, houve um evento muito bonito no Centro Recreativo, inclusive um grande sonho do nosso saudoso professor Dororó era de instalar a Academia no Centro Recreativo. Nessa ocasião estávamos com quatro vagas abertas, assumiram essas quatro vagas o Ray Brito, Maria Lídia, Professora Terezinha Amorim e o Professor João Bernardo Mota Santana. Então, agora nós temos o quadro completo, são 40 membros desde a criação da Academia em 2004, da consolidação dela como um grupo reunido. Já perdemos 12 membros e  essas pessoas deixaram nos anais da Academia um pouco da sua história, é exatamente a principal função da ALAS, não deixar perder a vida e a obra de tantas pessoas que se dedicaram. Imagina só o professor Emir Bemerguy, o Dom Lino, o Eymar Franco e Mestre Isauro. Essas pessoas passaram pela Academia, deixaram um pouquinho da sua história e sua obra, então, por isso que a Academia é imortal, porque todo tempo ela tem obrigação de não deixar que essas histórias sejam esquecidas, por isso a importância delas”, concluiu Ednaldo Rodrigues.

NOVOS MEMBROS EMPOSSADOS: No dia 24 de outubro, em uma grande noite de comemoração, a ALAS realizou evento de posse de novos imortais, que aconteceu no Centro Recreativo, denominado Tapajônia Cultural, in memoriam a Raimunda Rodrigues Frazão (Dica Frazão) e para dar posse a novos sócios vitalícios.

Tomaram posse os eleitos no dia 30 de junho de 2017, para a cadeira 05, a historiadora Antônia Terezinha dos Santos Amorim; para a cadeira 26, o educador João Bernardo Mota Santana; para a cadeira 31, a compositora Maria Lidia Aires de Mendonça e; para a cadeira 33, o cantor Raimundo Brito, de nome artístico Ray Brito.

As cadeiras de números: 05, 26, 31 e 33, que tiveram como últimos ocupantes os ex-acadêmicos: artesão Isauro Farias de Sousa, escritor Nicolino Castro Campos, artesã Raimunda Rodrigues Frazão e o escritor Éfrem de Jesus Neves Galvão, tinham como patronos: o fotógrafo Apolônio Alves Pereira Fona, o poeta Manuel Rebouças de Albuquerque, o pintor Raimundo Alves Pereira Fona e o poeta Rui Paranatinga Barata, respectivamente.

A programação foi desenvolvida em três momentos: sessão da saudade, posse de novos acadêmicos e uma noite cultural, com a participação de cantores e poetas que integram o quadro social da Academia. O evento contou com a participação dos radialistas Ércio Bemerguy e Edinaldo Mota e dos cantores Odilson Matos, Ivone Picanço, Maria Lídia e Ray Brito; os músicos Djalma Pereira e Moacir Santos. Além da recitação de poesias dos autores: Renato Sussuarana, Ednaldo Rodrigues, Francisco Edson e Neucivaldo Moreira.

Para quem não teve a oportunidade de conhecer o E-29 Show, programa radiofônico de auditório, inicialmente com Ércio Bemerguy, levado ao ar aos domingos pela Rádio Rural, em 1967. Depois o mesmo programa apresentado por Ercio Bemerguy e Edinaldo Mota. O E-29 Show foi um dos programas mais descontraídos do interior da Amazônia.

Segundo o presidente da Alas, com a posse de novos sócios vitalícios a entidade atualiza o seu quadro de sócios efetivos com as 40 cadeiras preenchidas.

Por: Edmundo Baía Júnior

Fonte: RG 15/O Impacto

Um comentário em “Câmara de Vereadores abandonou Academia de Letras e Artes

  • 15 de dezembro de 2017 em 10:29
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    NO BRASIL,RARAMENTE CULTURA ENTRA SEQUER EM PLANOS DE GOVERNO QUANDO EM CAMPANHA…,Principalmente na literatura,uma pena MAS é assim mesmo, essa triste realidade

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