Ufopa tem pior curso de mestrado do Brasil

Avaliação foi realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

Apesar de contar com um quadro crescente de professores com mestrado e doutorado, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) – na Avaliação Quadrienal 2017 realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) -, amargou a informação de que possui o pior Curso de Mestrado do país.

De acordo com o levantamento, o Programa de Recursos Aquáticos Continentais Amazônicos, obteve nota 1 e foi descredenciado pela Capes.

Os índices variam de 1 a 7.  Notas 1 e 2 são insuficientes e resultam no descredenciamento do curso; nota 3 corresponde a desempenho médio, que apresenta padrões mínimos de qualidade; notas 4 e 5 significam um desempenho entre bom e muito bom. Cinco é a nota máxima para programas que possuem apenas curso de mestrado. Notas 6 e 7 indicam desempenho equivalente a padrões internacionais de excelência.

Apesar da péssima notícia para aqueles que possuem o objetivo de se aperfeiçoar nesta modalidade de especialização, a avaliação também trouxe boas notícias. Os cursos de Mestrado em Educação e Doutorado em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento obtiveram nota 4, o que podemos considerar um excelente resultado diante do pouco tempo de existência da Instituição e dos Cursos.

DESCREDENCIAMENTO: De acordo com Ministério da Educação (MEC), dos 2.257 programas de pós-graduação analisados no país, 39 foram descredenciados. Eles obtiveram conceito um ou dois numa escala que vai de zero a sete, nota que os classifica como não-recomendados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC).

Os programas de pós-graduação englobam três níveis de curso: profissional, mestrado e doutorado. Além dos 39, a Capes descredenciou o curso de doutorado em filosofia da Universidade Gama Filho. O programa desta instituição foi desmembrado para viabilizar o funcionamento do curso de mestrado em filosofia.

Aqueles descredenciados pela Capes não podem mais receber matrículas. A avaliação é final e já levou em consideração os recursos possíveis. “Os alunos que estão cursando mestrado ou doutorado nesses programas terão seus diplomas validados, mas se a instituição admitir novos estudantes, eles não terão seus diplomas reconhecidos”, explicou o diretor de avaliação da Capes, Renato Janine. Dos 595 recursos enviados para revisão de conceito, 154 foram aceitos e tiveram as notas revistas.

A avaliação é comparativa e leva em consideração quesitos como a publicação de artigos científicos escritos por alunos e professores, o requerimento de novas patentes e o impacto dos cursos sobre o setor produtivo. “O mérito da avaliação é fazer com que as instituições se esforcem para atender aos requisitos da Capes. Assim, a qualidade dos cursos melhora”, ressaltou Janine.

Em 2017, a proporção de cursos descredenciados caiu em relação à última avaliação, feita em 2004. Os 39 programas não recomendados representam 1,7% do total. Em 2004, essa proporção foi de 2%, já que 36 programas, de um total de 1.819, obtiveram notas um e dois. Caso as instituições de ensino superior que tiveram seus programas descredenciados, como no caso da Ufopa, queiram abrir outros cursos, devem enviar proposta à Capes até março de 2018.

A avaliação foi feita por 45 comissões de área e pelo Conselho Técnico Científico (CTC). Ao todo, 700 especialistas das 45 áreas de conhecimento participaram da análise.

MUDANÇAS NA METODOLOGIA: Em 2014, um ano após a última Avaliação Trienal, o período avaliativo foi alterado para quatro anos. A ampliação do intervalo teve como objetivo atender ao Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020 (PNPG), o qual recomendou que programas de notas 3 a 5 deveriam ser avaliados em intervalos mais curtos que os de nota 6 e 7. “Seria difícil operacionalizar o formato exato sugerido pelo PNPG, com dois blocos de avaliações. Isso porque nosso método é comparativo e essa comparação seria perdida se realizássemos avaliações em intervalos distintos”, explica Rita Barradas Barata, diretora de Avaliação da CAPES. A solução adotada foi ampliar o intervalo e criar uma avaliação de meio período, já realizada em 2015.

Esta também é a primeira edição da Avaliação que conta com dados sobre os egressos dos cursos de mestrado e doutorado o que contribuirá para medir a inserção social dos programas de pós-graduação. Realizado em parceria com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), o levantamento de informações sobre os egressos cruzou dados da CAPES com os da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho. Abrangendo o período de 1996 a 2014, o resultado permite acompanhar as trajetórias acadêmicas e profissionais dos pós-graduados. “Sabemos, por exemplo, se egressos de cursos de mestrado ingressam em doutorados e quais empregos os pós-graduados conseguiram. Pela primeira vez, temos dados confiáveis sobre 75% dos mestres e 85% dos doutores por programa, para avaliação do impacto da pós-graduação na realidade brasileira”, ressalta a diretora de Avaliação.

Outra mudança importante da Quadrienal é o uso da Plataforma Sucupira. Implementada em 2014, a plataforma on-line coleta informações de desempenho acadêmico fornecidas diretamente pelos programas de pós-graduação. O sistema permite ainda o processamento dos dados, corrigindo inconsistências antes mesmo de as comissões trabalharem. Esse recurso poupa tempo das comissões e aumenta a confiabilidade dos dados, informa Rita Barradas Barata. “Uma parte do tempo das comissões era dedicada a consolidar os dados quantitativos. Agora, os consultores podem se dedicar efetivamente à análise qualitativa das informações que os programas nos fornecem.”

Avaliação da pós-graduação stricto sensu – Iniciada em 1976, a avaliação da pós-graduação stricto sensu (mestrados e doutorados) é o instrumento fundamental do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG). Os resultados da avaliação têm usos diversos: estudantes se baseiam nas notas para escolher seus futuros cursos, e agências de fomento nacionais e internacionais orientam suas políticas de fomento segundo as notas atribuídas pela avaliação. Os estudos e indicadores produzidos pela avaliação para induzir políticas governamentais de apoio e crescimento da pós-graduação e estabelecer uma agenda para diminuir desigualdades entre regiões do Brasil ou no âmbito das áreas do conhecimento.

Por: Edmundo Baía Júnior

Fonte: RG 15/O Impacto

Um comentário em “Ufopa tem pior curso de mestrado do Brasil

  • 2 de janeiro de 2018 em 09:33
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    Há anos, décadas até, o quadro de docentes da UFPA e seus desdobramentos são sofríveis. Descompromissados e despreparados.

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