Dom Flávio: “Rádio Rural passa por sérias dificuldades econômicas”

Bispo, em entrevista exclusiva, fala sobre o Círio de nº 100 e sobre a situação da Rádio

O Bispo da Diocese de Santarém, Dom Flávio Giovenale, esteve em nossa redação, ocasião em que concedeu entrevista exclusiva à nossa reportagem, falando sobre diversos assuntos, como o Círio de nº 100, o aniversário da Rádio Rural de Santarém, dentre outros assuntos. Veja a entrevista na íntegra:

Jornal O Impacto: Dom Flávio, sobre o Círio nº 100, esse ano os católicos de Santarém e região e a Diocese estarão participando desse evento em uma ampla programação de preparação para essa ocasião que ocorrerá em novembro, mas que na verdade, se dará início neste domingo, dia 8 de julho.

Dom Flávio: O Círio é uma tradição, começou em 1918, então, estamos no centésimo e neste ano queremos que não seja um Círio igual aos outros, todos os anos estamos sempre melhorando, e a cada ano corrigimos aquilo que se percebe que não funcionou no ano precedente ou algumas coisas que ao longo dos anos eram boas durante um período, mas agora temos que inovar como acontece em todas as coisas. Portanto, nós começamos em fevereiro, sempre no dia 8. Marcamos essa data porque a festa depois será no dia 8 de dezembro, mais especialmente nesse dia 8 de julho, domingo, vamos começar com uma carreata, porque a partir dali começaremos as visitas das imagens peregrinas nos vários locais, casas de família, entidades, empresas que nos solicitar, temos várias equipes já prontas para isso, de maneira que nós já estamos aquecendo as turbinas para nos próximos quatro meses, de julho a novembro, para visitas às famílias, de maneira que o maior número possível de pessoas possa ser atendido. No ano passado fizemos cerca de 2 mil visitas, esse ano estamos na expectativa de chegarmos a 2500 visitas, ou perto de 3000, entre diversos locais como já citei. Quem quiser pode solicitar pelo telefone da Catedral ou pode dar uma passadinha na secretaria da Igreja Matriz.

Jornal O Impacto: Faz muitos anos que aquele complexo arquitetônico da Praça da Imaculada Conceição precisa de uma revitalização, uma reforma e inclusive nós chegamos no ano passado a fazer uma matéria aqui na TV Impacto, mostrando algumas situações que aconteceram, como acidentes de pessoas que devido àquele elevado do piso, sofreram torção de tornozelo e tenho informações que parece que já está no plano para ser executada uma reforma?

Dom Flávio: Então, temos uma revitalização e chamamos assim porque tecnicamente é essa palavra, porque nós não vamos mudar nada da arquitetura, especialmente na Igreja Matriz, que trata-se de um prédio histórico que inclusive tem que ser melhor conservado, até em vista do turismo. É um serviço que como igreja podemos prestar para Santarém, porque se os turistas vêm, o monumento mais antigo de Santarém é a Igreja Matriz, e vê-la suja, fica uma péssima impressão de Santarém toda, então, a estrutura interna será mantida e não será tirada de nenhum local, a Matriz era e é a mesma. O forro já está com problema na estrutura, começando a cair, pois é de madeira, por conta de um considerado número de anos, cupim, sujeiras, pingo de chuva, ou seja, teremos que trocar o forro, refazer a instalação elétrica, porque é uma estrutura muito antiga. Ali tem um perigo, de maneira que teremos o apoio e a aprovação através de um processo com o Corpo de Bombeiros, para ver isso, usar equipamentos de ar-condicionado que já tem mais de dez anos, estão sempre na “UTI”, estão obsoletos e está na hora de trocá-los; equipamentos muito antigos consomem muita mais energia. A parte da iluminação também, porque agora temos 18 luminárias grandes de lâmpadas antigas e vamos colocar em tudo o sistema LED para gastar menos energia e ter uma iluminação melhor e a clarear um pouco mais, porque aos poucos foram colocados muitos quadros de aviso e, agora, vamos diminuir esse números de quadros para que seja um pouco mais limpa. A parte onde tem o estacionamento, onde começou a Gráfica Tiagão, agora o prédio da gráfica será eliminado, ali vamos fazer uma necessidade que muita gente já estava pedindo que é uma capela mortuária, neste caso seria nos fundos da Catedral da Igreja Matriz, ao lado do estacionamento, entrando pela Floriano Peixoto; a parte de Capela Mortuária já com banheiro, porque agora estamos usando uma sala lateral, se alguém precisar do banheiro tem que ser quase um atleta porque tem três degraus que uma pessoa com dificuldades não tem condições de transitar e também na sacristia, bem como a parte onde os ministros usam e colocam as batas litúrgicas. Tudo será adaptado para que seja menos perigoso. Está prevista para a parte interna uns dois meses de trabalho; construção nova você sabe quando começa e quando se termina; mas reforma você sabe quando começa, mas não sabe quando termina, pois vai aparecendo os problemas pouco a pouco. Já com relação à Praça, é com a Prefeitura. Estamos em diálogo e agora no final de julho esperamos ter o projeto. Vamos começar exatamente com isso, vamos ter que elaborar um projeto completo, mas que possa ser feito e executado por etapa; a primeira parte será a parte dos cadeirantes, tanto da Rua Siqueira Campos até a Avenida Tapajós, não apenas facilitar o acesso, mas tornar um lugar de passagem para o cadeirante e também pela rua lateral que tem uma entrada ao lado do palco, depois nivelar, lá existem dois ou três níveis, se não conseguir reduzir. Essa parte da revitalização está sob a responsabilidade da Prefeitura, mas nós estamos colaborando no projeto, estamos tendo um diálogo bom e esperamos que saia tudo bem, pois novembro chega rápido.

Jornal O Impacto: sabemos que estamos acompanhando uma grande onda de violência em todo País e em sua grande maioria motivada pelo uso de drogas, isso atinge diretamente as famílias; agora já estão se aproveitando não só das crianças, mas dos adolescentes usando-os como aviãozinho. Quais as ações, como a igreja trabalha nisso hoje?

Dom Flávio: Nós temos dois tipos de trabalho, o fundamental mesmo é isso, de combater o tráfico de drogas que é algo próprio da Polícia, e temos que dar graças a Deus que as polícias Civil, Militar e Federal estão comprometidas. Em relação a outras cidades estamos bem, porém, eles estão fazendo um bom trabalho. Nós, como igreja, temos de fazer um trabalho preventivo, algo que envolva a catequese e tudo mais para convencer. Como diz na Bíblia, tudo nós podemos, mas nem tudo nos convém. Então, nem tudo que brilha é ouro, às vezes pode ser engano, droga é droga, na hora te dá uma euforia, como se diz popularmente “te faz voar”, o problema é a aterrizagem, quer dizer, quando alguém é drogado, na prática a família toda se torna drogada, porque todo mundo fica no susto. Olha o caso da menina assassinada em São Paulo, por engano, por causa de uma dívida que alguém tinha por drogas e queriam que a pessoa pagasse através da filha; pegaram a menina errada, mas de qualquer forma é grave, imagine aonde está chegando o tráfico de drogas, não ter pena de crianças, eles dizem: “Já que teu pai me deve, então, vou te matar”. Isso não tem cabimento, porque mesmo na máfia antiga tinha a regra que não se mexe com criança, na regra da máfia antiga não se matava ninguém na frente de criança; agora, pegam crianças para matar, para vingar uma dívida. Quer dizer, a droga faz com que a pessoa perca todos os sentimentos mais básicos de humanidade, como o respeito da família, gente que mata até os próprios pais para tirar dinheiro. Portanto, esse trabalho preventivo com a catequese, onde acontece com a presença da Pastoral do Menor, que nós temos em cerca de 1000 crianças e adolescentes atendidos e acompanhados no centro e nos 16 núcleos espalhados no bairros, trata-se de um trabalho preventivo e algo muito mais eficaz, inclusive até a Polícia Militar faz esse tipo de trabalho com o PROERD, Menino Nota 10, tem outro projeto dos Bombeiros, exatamente porque veem que isso é muito mais eficaz, colocando na criança a capacidade de dizer não, isto torna-se um grande desafio, pois as crianças de hoje estão acostumadas a terem em tudo o sim, na vida. Sabemos que na vida, muitas vezes temos que escolher o não, e repito nem tudo me convém, então, aquilo que não me convém por mais que seja gostoso, é como um diabético, “ah!, mais é gostoso um sorvete”, sim é gostoso, mas se você é diabético vai fazer mal, depois vai ficar cego, perder uma perna; entre perder um perna e deixar de lado um sorvete, por que não deixar de lado o sorvete?

Jornal O Impacto: Dia 5 de julho é o aniversário da Rádio Rural, que é uma emissora que ao longo de todos esses anos trabalha pela evangelização.

Dom Flávio: Exato, é também uma rádio que vai completar nesse dia 5, seus 54 anos. Nela foram formados muitos radialistas e comunicadores, muita gente passou por lá. Então, é uma rádio histórica pelo passado e estamos, agora, como adaptá-la para os novos tempos, porque sabemos que tem vários reconhecimentos, mas de certo ponto parou no tempo. Estamos com seríssimas necessidades econômicas, estamos com dificuldades para pagar os funcionários, para pagar energia elétrica, então, estamos correndo atrás de parcerias até no ponto de vista administrativo, inclusive para passagem para FM, coisa que o governo já decretou em 2013 em que todas as AM’s vão sair do ar, mas não confirmaram ainda quando Santarém vai migrar, mas nós temos que nos preparar do ponto de vista técnico, humano e de programação. Hoje é o grande desafio, do 54 para o 55, então, criamos um lema, porque a cada dia 5 vamos querer fazer alguma coisa, de 5 em 5, rumo aos 55. Então, vamos para frente porque a Rádio Rural não só não vai morrer, mas se Deus quiser com a nossa ajuda e parcerias, vai crescer e melhorar cada vez mais.

Por: Edmundo Baía Júnior

Fonte: RG 15/O Impacto

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