Olhos de Cassandra – Artigo de Fábio Maia

“A verdade é geralmente vista, raramente ouvida”. Baltasar Gracián

Na mitologia grega, Cassandra foi uma linda mulher agraciada com o dom da profecia e previsões. Entretanto, o deus Apolo ao ver seu amor por Cassandra não correspondido, a amaldiçoou para que ninguém jamais viesse a acreditar nas suas visões, passando a ser considerada como louca, ao tentar alertar os governantes troianos quanto a iminente destruição de Tróia na guerra contra os Gregos. A falta de credibilidade nas previsões e profecias de Cassandra, levaram à queda e consequente destruição de Tróia.

Contudo, voltando a nossa triste realidade, também de forma “Cassandriana”, há tempos que previsões liberais tentam alertar a população quanto ao perigo de governos populistas e estatizantes, que teimam em manter um estado agigantado, provedor de tudo, desrespeitador da classe produtiva e intervencionista por consequência.

Entretanto, poderia ser diferente se o Brasil permitir-se ser grande, aceitando as mudanças necessárias para “ousar” estar entre os grandes – de fato e de direito -, teríamos a certeza de um futuro promissor.

Mas para isso, primeiramente o brasileiro tem que entender e aceitar que o país precisa viver realmente um capitalismo, uma economia liberal, onde seja o mercado e não o governo, o protagonista do desenvolvimento econômico e social que tanto precisamos.

Ademais, assim como os troianos que recusaram aceitar as previsões de Cassandra, parece que a população brasileira também está enfeitiçada, incrédula à iminente deterioração das instituições, da economia, da cultura e, principalmente dos valores familiares.

É lamentável – para não dizer trágico – que ideologias ditatoriais e desprezíveis como o comunismo e o socialismo ainda encontrem eco na sociedade, além de representação política em partidos que pregam abertamente essa ideologia que já matou milhões pelo mundo, onde quer que tenham sido implementados. Isso só prova o quanto boa parte da população ainda não conhece seu passado recente, e é irresponsavelmente ingênua!

Só o fato de ainda ser discutido a possibilidade de implementação de alguma forma de “igualitarismo econômico” em nossa sociedade, mostra o estado primitivo que estamos, em que, de um lado está o Estado intervencionista e irresponsavelmente populista, e do outro, empresários acostumados com a muleta estatal, instituições públicas em busca de proteger e ampliar privilégios, parte da sociedade – grande maioria – em busca dos anseios básicos e justos, e outra parte buscando apenas maximizar benefícios.

Podemos concluir então que, nosso problema não é apenas político, e sim, de uma grande parte da sociedade que ainda não sabe o país que quer, e fica como cachorro correndo atrás do rabo.

Mais importante do que a disputa eleitoral em si, é o início do processo de maturidade política da sociedade que precisa passar a conhecer —e discutir— outros modelos que não apenas o populismo “nacional-desenvolvimentista” imposto pelo establishment político que nos escraviza à décadas.

O importante é mudar as idéias, modificar a cultura, ainda dominada pelo estado intervencionista.

Nesse ambiente de incertezas, o governo se torna o maior causador dos problemas que afligem à sociedade, ao mesmo tempo que se apresenta como solução. O estado cria uma loucura tributária, um ambiente regulatório onde regras mudam a toda hora, uma insegurança jurídica e o fechamento da economia, e apresentam como solução, subsídios, protecionismo, benefícios sociais e aumento do Estado. O que, indubitavelmente, gera mais distorções, mais protecionismo e mais subsídios governamentais, tanto econômico quanto social.

É preciso romper esse círculo vicioso, abrir a economia, cortar privilégios e subsídios de quem vive na órbita do Estado.

Enquanto isso não acontece, o governo continuará inimigo do setor produtivo, – que é quem realmente gera a riqueza e sustenta essa máquina estatal – dizendo que sua muleta é necessária para a economia. E inimigo também da população, que continuará vivendo escrava do populismo, acreditando que o estado é necessário para sua sobrevivência.

Isso nos mostra que o estado mudou a função primordial de sua existência, que é a de servir sua população, para hoje, viver simplesmente para a manutenção de sua própria existência.

E em relação à Tróia, temos um atenuante grave, pois o povo troiano foi amaldiçoado e impedido de prever sua própria destruição. Já, nós brasileiros, vemos tudo e atônitos não fazemos nada.

Fonte: RG 15/O Impacto

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