Dr. Janguiê: “Quanto menor o índice de educação, maior será a corrupção”

Para o fundador do grupo Ser Educacional, governos devem priorizar educação básica

Existe relação entre o índice de corrupção e índice de educação de uma população? Para o doutor em Direito e megaempresário Janguiê Diniz, além de existir, revela um retrato cruel, que mina qualquer perspectiva em relação ao desenvolvimento do país.

O “Bilionário das Letras”, como é conhecido o fundador e presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional, esteve em Santarém, no dia 31 de agosto, em evento que celebrou a Unama/Santarém, como Centro Universitário. Na ocasião, Diniz lançou sua nova publicação, que versa sobre corrupção/educação.

O grupo Ser Educacional, mantenedor da Unama/Santarém, atende a mais de 152 mil alunos em todo o país. Em sua propriedade estão instituições como: UNG (Guarulhos/SP), Unama (Santarém e Belém/PA) e Uninassau (PE e AL).

“O livro foi lançado em um momento bem interessante, um ano de realização de eleição presidencial. Falta de educação gera corrupção. É uma coletânea de inúmeros artigos publicados em diversos jornais e portais de notícias do país. É que semanalmente eu escrevo para mais de dez jornais do Brasil, a maioria do Nordeste e o livro é fruto de uma pesquisa que eu constatei: ‘Quanto menor o índice educacional do País, maior é o indicie de corrupção e vice-versa’. Uma prova muito forte disso é o Brasil, onde infelizmente ainda temos quase 10% da população analfabeta. Temos mais de 30 milhões de analfabetos funcionais. A qualidade da educação no Brasil não é das melhores infelizmente. Possuímos a menor taxa de penetração do ensino superior da América Latina. Para se ter uma ideia, temos apenas 17% da população com idade universitária – que é a população de 18 a 24 anos -, na Universidade. É uma taxa muito baixa. Para fazer uma comparação com outros países, a Bolívia tem mais do que a gente, tem 22%; Colômbia, Chile e Argentina quase 40%. Nós temos apenas 17%. O restante dessa população, 83%, grande parte não pode pagar, precisa e carece de programas de acesso como Pro Uni e Fies. Infelizmente o governo tem diminuído drasticamente o Fies”, diz Janguiê Diniz, acrescentando:

“Diferentemente dos países desenvolvidos, onde tem uma grande qualidade de educação, grande acesso à educação e maior igualdade entre as pessoas. A gente pode citar como exemplo a Dinamarca, um dos países de alto índice educacional, com quase zero de analfabetismo, com quase 80% de ensino superior, sendo que o nível de corrupção é muito baixo. Infelizmente temos milhões de analfabetos funcionais. Essas pessoas não são absolutamente alfabetizadas. Leem, mas não sabem interpretar o texto. Isso é um problema que assola o País. A solução para isso tudo é investimento maciço na educação básica, principalmente a pública no Brasil, ainda é uma educação deficitária, onde o aluno sai do ensino médio, por exemplo, sem saber interpretar um texto, sem saber fazer as operações mínimas da matemática. Ele passa pelas escolas desde a educação infantil, passa pelo fundamental e médio, e passa de uma série a outra sem ter a preparação adequada. Isso tem que mudar ou o Brasil não sai desse estágio, desse desenvolvimento inconstante. ‘O Brasil é o País do futuro!’. Há quantos anos a gente ouve isso? Eu acho que desde quando você nasceu e quando eu nasci, que o Brasil é o País do futuro. O Brasil até que investe na educação, o percentual do PIB relativamente em relação a outros países é quase 6%, só que infelizmente o dinheiro é mal investido, ele não chega, é desviado no meio do caminho, existe corrupção e a impunidade no Brasil é muito grande. A proporção do investimento público no ensino superior e no ensino básico é uma das mais desproporcionais do mundo. Nos Estados Unidos, Alemanha e Japão, o ensino superior tem que ser pago; agora aquelas pessoas que não podem pagar, recebem bolsa, recebem financiamento. Aqui no Brasil não, aqui os ricos vão para universidades federais sem pagar. Então, são distorções como essas que os governantes precisam ter coragem de enfrentar e resolver. Por que não fazem isso? Porque isso não dá voto. Por isso que eu sou contra a reeleição. Eu acho que o mandato tem que ser um pouco maior, mas único, para que você não tenha que ficar fazendo conchavos para se reeleger. Isso são questões que a gente trata nesse livro, que está sendo lançado agora no momento muito oportuno que é ´Falta de educação que gera corrupção”, analisou Janguiê Diniz.

DE ENGRAXATE A BILIONÁRIO: À reportagem de O Impacto, Diniz afirmou que sempre acreditou que a educação seria sua única forma de ascensão social. De família humilde, desde muito cedo, buscou por meio do trabalho e estudo, dá uma novo rumo à vida de sofrimento e pobreza, vivenciada por seus pais.

O fundador do grupo Ser Educacional, na infância, trabalhou como engraxate, vendedor de frutas e sorvetes na infância. Determinado, conta como largou a estabilidade da magistratura para empreender no ramo educacional.

“Eu sou um sertanejo, nascido em Santana dos Garrotes, na Paraíba, uma cidade pequena de 3 mil habitantes, filho de pais analfabetos, mas foi a educação que mudou minha vida, minha história e meu destino. Saí da Paraíba aos 6 anos de idade, fui morar no Mato Grosso, meu pai era agricultor. Eu queria ir à matinê (cinema) aos sábados, mas não podia. Foi aí que montei meu primeiro empreendimento, que foi uma caixa de engraxate. Aos 8 anos de idade eu já engraxava e ganhava o meu dinheiro, que levava para casa. Aos 9 anos fui vendedor de laranja, aos 10 vendedor de picolé. Quando eu tinha 10 anos meu pai se mudou para Pimenta Bueno, em Rondônia, onde morei dos 10 aos 14 anos, e onde trabalhei como garçom e vendedor em loja. Também trabalhei como  office boy em escritório de contabilidade e até como locutor infantil. Preste a completar 15 anos, terminei o ensino fundamental, que na época era o primeiro grau. Onde morávamos não tinha o segundo grau (ensino médio). Meu pai não tinha estudado e disse: – Agora, você vai trabalhar como agricultor! Só que eu queria mudar aquele status quo. Queira mudar de vida, queria estudar. Tinha em mente que a educação é a única forma de mobilidade e ascensão social. Então disse ao meu pai: -Eu vou estudar, eu vou embora para o Nordeste, porque lá eu tenho uns parentes. Eu vou ver se eles podem me ajudar. E meu pai disse: -Siga o seu destino. Peguei minha mala, e me mandei para o Nordeste. Cheguei lá encontrei um tio que era advogado e me ajudou. Engraçado, é que quando eu cheguei lá ele me perguntou se eu sabia fazer alguma coisa. Eu disse que tinha feito o curso ASDFG de datilografia. Até hoje eu digito no computador muito rápido, porque eu fiz o curso e aí na época não tinha computador, só aquelas máquinas. Aí, meu tio me deu opção, ele rascunhava e rápido eu datilografava. Ele disse: – Rapaz, onde você aprendeu isso? Eu disse que tinha feito o curso. Aí, ele disse: ‘- Eu vou lhe dar um emprego de office boy. Vou lhe pagar um salário mínimo. Procure um quarto e uma escola pública para estudar’. Era isso que eu queria. Aí começou minha vida. Um dia ele me levou para casa dele, com seis meses estava me chamando de filho. Eu queria ser médico, mas me apaixonei pelo Direito, mesmo antes de entrar na Universidade Federal de Pernambuco. Eu trabalhava de noite, aos sábado, domingos e feriados, porque eu tinha que passar no vestibular. Fato que aconteceu na Universidade Federal de Pernambuco, me formei em Direito, depois me formei em Letras, e aí montei o primeiro empreendimento formal, que foi uma empresa de cobrança. Comecei a ganhar dinheiro, mas os empreendimentos têm altos e baixos e aí o empreendimento não deu certo. Então falei que queria ser Magistrado, pois eu sempre tive a determinação e o condicionamento mental do que eu podia ter sucesso. Quando você tem um condicionamento mental que você pode ter sucesso e quando você se sente merecedor, pode ter sucesso realmente. Se você não se sente merecedor de conquistar alguma vitória, você não conquista. Ninguém vai ser aquilo que não acha que merece. Isso é ensinamento que a gente passa para as pessoas. Eu tracei uma meta de estudar 3 anos, 6 horas por dia e estudei no sábado, domingo e feriado; no dia que eu não podia estudar eu pagava no outro dia as horas faltosas. Vi o programa três vezes antes de completar o tempo; fiz vários concursos, alguns não passei no início. O sucesso é feito de fracasso, ninguém tem sucesso sem fracassar antes. Reprovei em vários, mas quando consegui ver o programa todo antes do tempo, eu passei como um dos primeiros colocados na magistratura. Tornei-me Juiz do Trabalho durante um tempo, só que o Juiz Trabalho teria que ir para o interior, e isso eu não queria, pois eu tenho espírito empreendedor. Eu queria fazer Mestrado, Doutorado, queria ser professor da Universidade Federal. Foi aí que eu fiz outro concurso, pedi exoneração da Magistratura. O povo achava que eu era doido e fiz o concurso do Ministério Público do Trabalho, que não precisava ir morar no interior, passei na época como um dos primeiros colocados do Norte e Nordeste e assumi, pois não precisava ir morar no interior. Fiz o concurso da Universidade Federal de Pernambuco e fiz Mestrado e Doutorado, foi quando comecei a escrever meu primeiro livro. Depois a vida foi seguindo. Mas o meu segundo empreendimento formal foi um curso para concursos, chamado Birô Jurídico, pois quando eu estudava para concurso lá não tinham cursos bons, só uns cursinhos pé de escada. Eu falei que assim que eu passasse no concurso de Magistratura iria montar um cursinho. Eu cheguei a ter mais de um mil alunos. O cursinho Birô Jurídico foi sucesso. Eu fui autodidata, mas queria ajudar os outros, e ao mesmo tempo ganhar dinheiro também. Comecei a ensinar sozinho. Eu ensinava cinco matérias: Direito do Trabalho, Processo do Trabalho, Processo Civil, Sentenças e Pareceres. Eu já tinha sido Juiz e Procurador. Mas eu sempre tive em mente, também, montar uma Faculdade de Direito, que lá em Recife na época só tinha três Faculdades de Direito, era a Federal, Católica e a Faculdade de Olinda. Era uma grande dificuldade para você entrar, porque na época não tinha essa flexibilidade de abrir cursos de Direito. Eu falei: “Vou montar uma Faculdade de Direito!”. Foi quando em 2000 dei entrada nos projetos e em maio de 2003 saíram 6 cursos de Direito e mais outros cinco. No dia 11 de agosto de 2003 eu montei minha primeira Faculdade, que é o embrião do grupo Ser Educacional, mantenedor da Unama. Eu sou o fundador do Grupo, que foi crescendo, eu fui comprando outros, e comprei a Universidade da Amazônia, comprei a Universidade de Guarulhos. Hoje o grupo Ser Educacional é uma realidade muito forte no Brasil, tem mais de 160 mil alunos, mais de 60 universidades e faculdades, quase 12 mil colaboradores e forma mais de 15 mil egressos todos os anos. Hoje é uma empresa que está na Bolsa de Valores, empresa de capital aberto e todas as nossas instituições primam por educar o povo brasileiro com qualidade. Todos os índice da nossa educação, dos nossos cursos, são satisfatório de 3 a 5. Para você vê, a Universidade da Amazônia é considerada a melhor universidade privada do Norte. Não é só do Pará, é de toda a região Norte. Então, quem estuda na Unama está estudando na melhor Universidade particular do Norte do Brasil, reconhecida por todo mundo, pelos órgãos e pela sociedade. Isso é uma satisfação muito grande que a gente tem, depois de ter sofrido bastante e de não ter desistido. De termos sido determinado, persistente, obstinado, focado, trabalhado arduamente e ter iluminação Divina, porque ninguém faz nada se não tiver iluminação Divina. Quando eu digo iluminação Divina, não estou falando em religião, eu estou falando ter fé em Deus, é você fazer a coisa certa, você ser ético, honesto, ser íntegro, correto e ter fé no Criador. Agora, religião não interessa, basta você ter fé em Deus, acreditar e fazer a coisa certa, porque não adianta ter fé em Deus e ficar fazendo as coisas erradas. Eu agradeço todos os dias, pois você tem que ser grato quando as coisas têm dado certo. O Ser Educacional é o quinto maior grupo do Brasil, abrindo instituições por todo País, para ajudar o povo brasileiro a se educar e ajudar o Brasil a se desenvolver. Nenhum País do mundo sai de um estágio de subdesenvolvimento para desenvolvimento se não for através da educação. A educação é um instrumento libertador e transformador do indivíduo, um instrumento que confere independência, autonomia e soberania. “Os países que têm o seu povo educado, têm educação em alto nível, são autônomos independentes e soberanos”, finalizou Janguiê Diniz.

UNAMA/SANTARÉM: A presença do “Bilionário das Letras” na Pérola do Tapajós, se deu por um grande marco na educação superior da região oeste do Pará, que agora conta com um novo Centro Universitário.

“A Faculdade Unama/Santarém, antiga FIT, agora é Centro Universitário. Tudo isso depois de um processo avaliativo rígido realizado pelo Ministério da Educação(MEC), onde se avaliou corpo docente, titulação do corpo docente, quantidade de mestres e doutores, onde se avaliou a qualidade de educação e os nossos índices, todos satisfatórios exigidos pelo MEC, pelo mercado, pela sociedade. Outros aspectos, como o acervo bibliográfico, quantidade de laboratórios e infraestrutura, projeto pedagógico e uma série de outros elementos que conseguimos quase que a nota máxima aqui. Saí de Recife só para essa celebração aqui em Santarém. Eu sou o fundador do grupo ser Educacional e mantenedor da Unama; e hoje vamos dar posse à primeira Reitora do Centro Universitário UNAMA. É uma satisfação muito grande e quem ganha com isso é toda a sociedade de Santarém, porque agora os alunos que estudam na Unama Centro Universitário, podem dizer com orgulho que estudam na Instituição Universitária com status constitucional de Universidade, garantido pela LDB, pela Constituição Federal e a Unama/Santarém, agora pode, com a autonomia que conquistou, criar programas de graduação e de pós-graduação, aumentar vagas, diminuir vagas, programa de extensão, programas de pós lato Stricto Sensu, sem ter que passar individualmente, um por um, pelo Ministério da Educação. Antigamente, quando Faculdade, para você montar um curso, você que pedi autorização, aí vem a comissão para analisar  um por um. Agora não, a gente pode criar os cursos, aumentar e diminuir vagas, e só depois é que o MEC manda reconhecer, para ver a qualidade do ensino. Então, isso nos dá uma flexibilidade muito maior de podermos oferecer os programas que a sociedade de Santarém está necessitando”, concluiu Diniz.

Por: Edmundo Baía Júnior

Fonte: RG 15/O Impacto

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