Ney Imbiriba: “Maioria das cidades da região não tem planejamento urbano”

Workshop “O futuro da minha cidade” é muito atual e emergente para a realidade em termo de ocupação do espaço.

Arquiteto alerta que planejamento da cidade é feito por invasores

O arquiteto e urbanista Ney Imbiriba esteve no estúdio da TV Impacto e na redação do Jornal O Impacto, quando falou de uma novidade muito boa que vai acontecer no mês de dezembro em Santarém, que é o Workshop de Planejamento Urbano.

O tema do workshop é “O futuro da minha cidade”. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil, sentindo a necessidade de transferir tecnologia e informações para a gestão municipal, criou esse workshop. A Câmara é coordenada no Estado do Pará pelo Sinduscon (Sindicato das Empresas de Construção Civil). O tema “O futuro da minha cidade” é muito atual, que é emergente para nossa realidade em termo de ocupação do espaço. Nós sentimos que no Norte ou na grande maioria das cidades brasileiras não se tem tido a preocupação do planejamento urbano e o que nós vimos é que os invasores fazem o arruamento, o crescimento, orientam o desenvolvimento das cidades de uma maneira muito irregular e ineficiente. Esse tema atual vai ser ministrado pelo grande Silvio Barros, que foi inclusive secretário de Turismo do Estado do Amazonas por vários mandatos, foi ele que divulgou a Amazônia para o trade internacional de turismo, sendo que Manaus e região começaram, na década de 90, a ter uma nova visão turística empresarial, quando surgiram vários hotéis de selva. Tivemos aqui algumas experiências que não deram certo, onde um grupo de franceses tentou fazer investimento em Santarém, mas infelizmente as Ong não permitiram que esse hotel fosse estabelecido. Bom, de qualquer maneira o Silvio Barros voltou para sua cidade natal, que é Maringá e que hoje é conhecida como a Dallas Brasileira, em homenagem à cidade americana Dallas. O Silvio voltou para Maringá, foi Prefeito por vários mandatos, e hoje Maringá é uma referência internacional de planejamento urbano. Ele será o grande palestrante, e com a sua experiência de Amazônia pode nos trazer muita informação em termos de planejamento urbano, adequado à nossa realidade, adequado à nossa situação amazônida”, disse Ney Imbiriba.

“O Parque da Cidade é uma obra muito interessante, porém, é paradoxal ao volume da dimensão da Amazônia”

Ao ser questionado se esse workshop vindo para Santarém pode abrir a mente de vários empresários que estão querendo investir nesse ramo, bem como vai ajudar a pessoa a entender como prosseguir nesse projeto até a parte urbanista da cidade, Ney Imbiriba falou: “Esse evento ocorrerá no dia 12 de dezembro e o foco principal já denominado, que é “O futuro da minha cidade”, bem como sensibilizar principalmente os gestores da região para que criem Secretaria de Planejamento Urbano para focar e planejar corretamente o futuro da cidade. Esse é o grande objetivo, despertar principalmente o gestor municipal, pois você pode ver que quase todas as prefeituras daqui da região não possuem uma Secretaria de Planejamento Urbano. Os gestores não pensam, não estão preocupados ou não sentem a necessidade do planejamento urbano. O que acontece no nosso planejamento geralmente é feito para os invasores, que vão fazer da sua maneira mais objetiva um traçado urbano, com a falta de um plano diretor de arruamento, um plano diretor de transporte. A cidade vai, na verdade, se transformando no caos e nós queremos despertar os gestores da maioria das cidades do Norte. O Sinduscon está com essa preocupação, em fazer uma cidade com qualidade para seus habitantes. Uma cidade humana, que tenha todos os serviços com condições de ter trabalho, lazer, dignidade, que tenha suas características regionais. Nós moramos em uma cidade, apesar de termos muita oportunidade de área de lazer, de praias e igarapés, ninguém está deixando áreas de pulmão. Por exemplo, o Parque da Cidade é uma obra muito interessante, porém, é paradoxal ao volume da dimensão da Amazônia. Se você comparar uma cidade como Nova York, que tem lá o Central Park, que foi construído em 1800, só para ter uma noção de quantidade de volume das coisas, o Central Park tem mais de 2.000 bancos para as pessoas sentarem e apreciarem. O Central Park, que não tem essa dimensão da Amazônia, é em torno de 20 vezes maior que o nosso Parque da Cidade. Nós moramos em uma área tão grande e bonita, uma floresta fantástica e temos um habitat insignificante, aquém da realidade da nossa natureza”.

“É possível se morar numa cidade amazônica com muita qualidade de vida”

Com relação às informações sobre a realização do workshop, Ney Imbirina informou: “Inicialmente, o workshop está definido para ser realizado no Centro Recreativo, no dia 12 de dezembro, a partir das 16 horas. Essa data ainda será confirmada e divulgada em tempo. O evento será aberto ao público, principalmente às pessoas que são formadoras de opinião, para ter um consenso e começarem a cobrar dos nossos políticos a necessidade de se pensar urbanisticamente à nossa cidade, onde nós vivemos. O tema é “O futuro da minha cidade”. Vamos pensar com mais propriedade, com mais carinho, para que a gente consiga ainda recuperar a maneira como está sendo construída a cidade, uma maneira não muito técnica, não muito humanística. Isso tem solução e é possível se morar numa cidade amazônica com muita qualidade de vida”, finalizou o arquiteto e urbanista santareno.

Por: Glaucia Rodrigues

Fonte: RG 15/O Impacto

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