Vídeo – Fenômeno de eutrofização causou águas esverdeadas em Pindobal e Alter do Chão

As águas do ‘Caribe Amazônico’, Alter do Chão em Santarém e da praia de Pindobal em Belterra, mudaram totalmente para uma coloração esverdeada e densa que surpreendeu e também intrigou banhistas no primeiro fim de semana de 2025.

Em vídeos que circularam nas redes sociais e tiveram grande repercussão, um dos banhistas narrou em tom de humor que era possível até sair como o ‘Hulk’ por conta da densa ‘tinta verde’, alguns internautas especularam se tratar do fim do mundo e outros moradores trataram com normalidade o fenômeno denominado de ‘eutrofização’.

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Veja a seguir:  

No entanto, a professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e também especialista em Ficologia (área que estuda as algas e cianobactérias), Dávia Talgatti, alerta que mesmo sendo um processo comum, não deve ser banalizado, é preciso ter cuidado, não tomar banho ou ingerir essa água, pois pode causar doenças e alergias.

Mas o que é eutrofização?

É um processo que ocorre em ambientes aquáticos quando há um aporte de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo.  Esses nutrientes são encontrados em efluentes domésticos,  efluentes industriais e também existem no solo das florestas, que ocorre de forma natural nesse caso.

“Por exemplo, no efluente doméstico podem ser encontrados no detergente que a gente lava louça.  E no ambiente natural, quando a gente retira a floresta,  a mata ciliar das beiras dos rios e lagos,  a gente tem a exposição desse solo Como o Tapajós é um rio bastante largo e apresenta enseadas pode ocorrer que esses nutrientes se concentrem,  principalmente em regiões de Várzea e Igapós, que é o caso de rios de água clara, com o início das chuvas esses nutrientes são levados para o rio e ocorre esse aumento das células,  das cianobactérias”.

Ainda de acordo com a especialista, as cianobactérias são organismos fotossintetizantes que utilizam a luz solar para realizar o processo fotossintético, mas necessitam de nutrientes e por isso se multiplicam de forma exagerada, porque tem bastante nutriente e por isso ocorrem as florações que são chamadas de ‘blooms’.

O fenômeno ocorreu nos últimos tempos no Tapajós e vem sendo acompanhado através de um projeto chamado ‘Águas do Tapajós’ da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) em parceira com a Ong TNC (The Nature Consevancy).

O objetivo desse monitoramento é verificar se elas são tóxicas. Outros professores também já realizaram estudos a respeito. Inclusive, algumas florações já apresentavam toxinas, o que significa que pode incidir problemas para os seres humanos e para espécies aquáticas.

“Uma coleta das águas que foi divulgada nas mídias, foi realizada para saber se essas florações apresentam toxicidades ou não. Pois elas podem ou não produzir toxinas. Logo será divulgado”, frisou a especialista.

O fenômeno tem relação antrópica?

Dávia Talgatti confirma que a eutrofização tem relação antrópica (ação humana). “Sim, tem grande influência de ação humana, não tratamos o esgoto, é ínfimo, perto do que deveria ser. Nós retiramos a mata ciliar para plantações ou para exploração mineral. Então, todo esse solo exposto, esse uso do solo de forma não planejada, leva, carreia para os rios esse aporte de nutrientes. O Tapajós é um rio antigo e tem um processo natural também de aumento de nutrientes no início do período de chuvas.

NOTA

Em nota enviada à nossa reportagem, a prefeitura de Santarém ressaltou sobre o fenômeno de eutrofização e destacou que desde 2017 a Semma realiza estudos regulares de balneabilidade nas praias do município de Santarém, com a publicação de relatórios a cada quatro meses, que atestam a qualidade das águas para o uso recreativo. O objetivo é oferecer informações atualizadas à população e ainda no início da próxima semana será realizado um novo ciclo de estudos.

Matéria atualizada dia 9/01 às 16h08*

Por Diene Moura

O Impacto

Foto: Reprodução