Assassinato do ex-prefeito Elinaldo Barbosa completa 45 anos

Elinaldo Barbosa
Elinaldo Barbosa

O saudoso compositor, poeta e escritor, Emir Bemerguy, em seu livro ´Diário de um convertido`, fez o seguinte registro sobre o triste acontecimento:

Santarém, 15 de fevereiro de 1969 – nove e meia da manhã. Aproveitava eu a chuva que caía sobre a cidade para fazer uma arrumação em minha estante de livros. De repente, a ´Rádio Educadora` (hoje, Rádio Rural) anunciou que ia divulgar uma notícia em edição extraordinária. Logo após, meu irmão, Ercio Bemerguy, que apresentava o seu programa ´EB Faz o Sucesso´, dizia: – “O senhor Severino Frazão, ex-administrador do Mercado Municipal, acaba de assassinar o prefeito Elinaldo Barbosa dos Santos, no próprio gabinete de despachos do gestor! Cometido o crime, o homicida evadiu-se e neste momento está sendo perseguido pela polícia.”

E o radialista repetiu a trágica informação que, à semelhança do que ocorre em horas inadreditáveis assim, imediatamente transtornou fisionomias, lançando mais uma vez, esta minha pobre Santarém num convulsivo torvelinho de boatos e de temores, de prantos e ódios, de angústias e perdões. Poucos minutos depois, Ercio Bemerguy dava conhecimento aos ouvintes do seu programa: – “Severino Frazão foi morto há poucos instantes pelo sargento Raimundo Hércules, da Polícia Militar do Pará.

Ercio Bemerguy anunciou as mortes de Elinaldo e de Frazão
Ercio Bemerguy anunciou as mortes de Elinaldo e de Frazão

Como foi a morte de Elinaldo – Severino Frazão invadira o gabinete onde se encontravam Elinaldo, Jerônimo Diniz, Antônio Castro, Euclides rodrigues e o motorista Claudiuonor de tal, dizendo apenas: – “Seu prefeito, eu vim buscar o meu dinheiro! (um mês de vencimentos). Ato contínuo, acionou o gatilho. Atingido no centro da testa, Elinaldo caiu no chão, recebendo dois projéteis – um na axila esquerda e outro no ante-braço do mesmo lado, sendo este o único tiro transfixante. O gestor, robusto como era, ainda se ergueu para, cambaleante, tombar lá fora, na sala de espera, entre mesas e cadeiras, expirando pouco depois.

O sepultamento – Emir, em seu livro, diz assim: Dia 16 de fevereiro de 1969 – Perante incomputável massa humana, a maior já reunida nesta cidade em cerimônias fúnebres, às 8h o bispo Dom Tiago Ryan iniciava a celebração da Missa campal. Foi um ato profundamente emocionante em que todo um povo chorava, nas ruas, o brutal holocausto de seu tão moço, humilde, eficiente e querido prefeito. (…) Às 9h, sobre os tristes acordes da marcha fúnebre `Fonseca`, da autoria do extinto maestro José Agostinho da Fonseca, a Banda Municipal que tem o seu nome marcava a lenta cadência do imenso cortejo que se dirigia ao cemitério de Nossa Senhora dos Mártires. Quanta gente, meu Deus! Uma verdadeira consagração póstuma a quem, se erros cometeu, em seis meses de gestão realizou mais do que muito administrador em quatro anos. (…) À beira do túmulo, discursaram os vereadores Antônio Pereira e Manoel Mota e, em belo improviso, Alírio Cesar de Oliveira, representante do governador do Estado do Pará, Alacid Nunes. Depois… Depois, desceu melancolicamente a cortina, sobre esse doloroso episódio da História santarena.”

Fonte: Ércio Bemerguy

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