Consumidor reclama do reajuste de 3% no preço da gasolina
Desde as primeiras horas desta segunda-feira, 10, o consumidor passou a pagar 3% a mais no preço da gasolina, em todo o Brasil. O reajuste no preço do combustível foi anunciado na noite de quinta-feira, 6, pela Petrobras, porém, não afetou o consumidor no último fim de semana. Na manhã desta segunda-feira, centenas de motoristas reclamaram quando se depararam com o novo valor da gasolina nos postos de Santarém.
Para o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado do Pará (Sindicombustiveis), já havia a previsão de que somente nesta segunda-feira, quando os postos de gasolina começassem a abrir, já iriam demandar o produto com o preço reajustado nas refinarias, com o novo valor chegando ao consumidor.
Segundo o Sindicombustiveis, o aumento de 3% está abaixo do que a Petrobras precisaria para repor suas dívidas, que seria de 7%. Para quem usa o carro como meio de transporte diário, o aumento no preço do combustível responderá por um gasto maior no final do mês, ressalta a professora Cátia Andrade, que preferiu não esperar a segunda-feira para abastecer o seu automóvel. “Esse aumento certamente vai implicar um maior gasto no fim do mês, por isso que, logo que soube que iria aumentar, vim encher o tanque do carro”.
O mesmo raciocínio é compartilhado pelo servidor público Abdias Pontes Neto. “Eu dependo do carro para tudo e completo o tanque umas três ou quatro vezes por mês. Com o aumento, certamente vou gastar bem mais por mês”.
PESQUISA: A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) informou que pesquisas de mercado indicam que postos de todo o país estão comprando gasolina e diesel mais caro de suas distribuidoras desde o final do mês de outubro, em decorrência do aumento dos custos impactados em toda cadeia.
Conforme é do conhecimento do mercado, o preço da gasolina na bomba do posto é formado a partir do preço de custo da distribuidora, que é composto pelo preço da gasolina, do etanol anidro, dos impostos (Pis/Cofins e ICMS), das margens e fretes. Além do aumento da Petrobras, as distribuidoras estão repassando aos postos, aumentos relativos ao custo do etanol anidro. A elevação de custo do frete, tendo em vista a alta do óleo diesel também vai impactar no preço dos combustíveis ao consumidor.
A Fecombustíveis ressalta que o mercado é livre e competitivo em todos os segmentos, cabendo a cada distribuidora e posto revendedor decidir se irá repassar ou não ao consumidor os maiores preços, bem como em qual percentual, de acordo com suas estruturas de custo e de forma a remunerar adequadamente seus investimentos.
A Fecombustíveis representa os interesses de aproximadamente 40 mil postos de serviços, 370 TRRs e cerca de 55 mil revendedores de GLP, além da revenda de lubrificantes.
AUMENTO: A Petrobras informou no dia 6 deste mês, o aumento do preço de venda nas refinarias da gasolina e do diesel. O novo valor começou a vigorar desde as 0h de sexta-feira, 7. A alta da gasolina nas refinarias foi de 3% e do diesel, de 5%.
A alta nas refinarias resultou em aumento para o consumidor. O percentual, no entanto, não é necessariamente o mesmo: o valor do combustível nas bombas depende de determinação dos postos.
Em comunicado divulgado ao mercado, a empresa ressalta que “os preços da gasolina e do diesel, sobre os quais incide o reajuste anunciado, não incluem os tributos federais CIDE e PIS/Cofins e o tributo estadual ICMS”.
Economistas avaliam que a medida veio “com atraso”. “Havia um desalinhamento dos preços em relação ao mercado internacional que perdurou ao longo do ano”, diz Raul Velloso, especialista em finanças públicas. O economista Roberto Luis Troster aponta que o aumento é “oportuno”. O especialista aponta que as indústrias do setor de combustíveis “estão problemas financeiros graves”, e por isso o anúncio teve impacto positivo no setor.
No dia 5 deste mês, a Petrobras havia anunciado que a orientação de seu Conselho de Administração vinha sendo pela manutenção dos níveis de preços dos combustíveis. “Até o momento, não há data ou percentual definidos para o reajuste no preço da gasolina e do diesel”, disse a empresa em comunicado na quarta. “A orientação do Conselho de Administração tem sido pela manutenção dos níveis de preços.”
O comunicado da véspera influenciou a queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) na quinta-feira, 5. Puxado pela Petrobras, o O Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista, caiu 1,98%, aos 52.637 pontos.
Na terça-feira (4), a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou após reunião de Conselho de Administração da estatal, realizada em Brasília, que o “aumento de combustíveis não se anuncia, pratica-se”. O ministro da fazenda, Guido Mantega, também participou da reunião.
No início de outubro, o ministro já havia dito que o preço da gasolina subiria ainda neste ano. Na ocasião, ele afirmou que todo ano há aumento da gasolina, e acrescentou que em 2014 não seria diferente.
“Ano passado [a gasolina] teve dois aumentos. Então, esse ano não será diferente. Vai ter aumento. Ano passado teve aumento em novembro. Quando houver a decisão, haverá um aumento. Não cabe a mim decidir isso”, disse Mantega no começo de outubro.
No ano passado, houve dois reajustes nos preços da gasolina. O primeiro aconteceu em janeiro, quando a Petrobras reajustou o diesel em 5,4% e a gasolina, em 6,6%. O último reajuste aconteceu no fim de novembro de 2013 – momento no qual a Petrobras anunciou que os preços da gasolina e do diesel foram reajustados nas refinarias, sendo que a alta foi de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel.
Fonte: RG 15/O Impacto