Prefeito manda funcionário para a morte

A administração do prefeito Jardel Vasconcelos, no município de Monte Alegre, Oeste do Pará, continua sendo alvo de denúncias. Maus fluídos para o início de 2012. O caso mais recente seria de que máquinas da Prefeitura teriam sido enviadas para realizar serviços em uma propriedade particular, mais precisamente para construir um açude. “O prefeito Jardel Vasconcelos não contava é que fosse entrar o ano novo com uma dor de cabeça que não quer passar, pois o funcionário da Prefeitura designado para transportar uma retro escavadeira para a referida propriedade, de uma empresária do ramo de combustível, fosse falecer”, disse uma testemunha.

O fato ocorreu no último sábado, dia 31, pela manhã. Mauro Ferreira Lopes, de 36 anos, natural de Belém e funcionário público municipal, morreu supostamente na hora em que o operador da máquina estava retirando outra máquina de cima da carreta, atingindo-o com a concha da retro escavadeira. Mauro chegou a ser levado, ainda com vida à comunidade do Limão, mas não resistiu e faleceu. Imediatamente os rumores tomaram conta de Monte Alegre, e funcionários da Prefeitura espalhavam na cidade que o acidente ocorreu na comunidade de Limão, o que não é verdade, pois as máquinas estavam no terreno da empresária. Inclusive, a direção do Conselho de Ética de Monte Alegre já estava monitorando o caso. “As máquinas estariam nesse local para construir um açude na comunidade do Setor Zero e posteriormente essas mesmas máquinas seriam levadas para a comunidade do Setor 4, para fazer o mesmo serviço para outro empresário, que é irmão da empresária do ramo de combustível e também funcionário da Prefeitura de Monte Alegre”, disse o denunciante.

O fato continua sem explicação. Somente na última quarta-feira, dia 4, o inquérito teria sido aberto na delegacia de Polícia de Monte Alegre. Isso porque a pressão teria partido da família. “A máquina foi retirada do local, levada para Monte Alegre e escondida na garagem da Prefeitura, atrás de algumas caçambas. Ato esse que é no mínimo esquisito, pois essa máquina deveria permanecer no local do suposto acidente, para que fosse realizada uma perícia e comprovar que estava em fazenda particular”, explicou o denunciante.

O operador da máquina também está desaparecido, pois logo após o acidente sumiu e ninguém sabe de seu paradeiro, mas a família da vítima quer explicações, que ainda não vieram.  O secretário de obras de Monte Alegre, Francisco Lima, teria informado que nem ele e nem o prefeito Jardel sabiam do desvio dessa máquina para essas localidades. Francisco Lima disse que a referida máquina deveria realizar um serviço no Setor Nove.

Uma pergunta que todos estão fazendo: Será que uma máquina gigantesca sai da garagem da Prefeitura e o Prefeito e seu Secretário de Obras, que monitoram tudo e todos, não sabem de nada? O maior prejudicado foi Mauro Ferreira Lopes, que foi destacado para realizar um serviço que não era de sua função, pois era motorista do SAMU. Algumas gravações de pessoas ligadas à Prefeitura, provando que na noite anterior ao acidente essas máquinas iriam para essas fazendas, estão sendo veiculadas em Monte Alegre. Sabe-se que Mauro atendeu uma ligação telefônica recebendo a ordem de alguém da Prefeitura, para transportar a máquina que iria construir esses açudes.

O caso repercutiu muito e a população cobra providências da Polícia e Ministério Público, pois uma vida foi tirada do convívio de sua família, devido a descaso do prefeito Jardel Vasconcelos com a coisa pública.

Impeachment – No início do mês de dezembro do ano passado, uma audiência Pública marcada para que o prefeito Jardel Vasconcelos desse explicações sobre o destino de R$ 313.000,00, começou e terminou com tumulto, ofensas verbais e violência policial, na Câmara Municipal. Para conter os ânimos, até gás de pimenta foi usado pela Polícia.

Diante dos protestos de alunos que se dizem prejudicados pela falta da merenda escolar desde 2009, o presidente da Câmara, vereador José Maria Vasconcelos, que é aliado do Prefeito, encerrou a sessão alegando que o povo estava atrapalhando os trabalhos. Assim que fez o anúncio, retirou-se do plenário, juntamente com os demais vereadores que dão sustentação à administração municipal. A estratégia não deu certo, pois os vereadores da oposição resolveram reiniciar a audiência, no comando da vereadora Marinete Macedo. Com a retirada dos vereadores do plenário, a bancada da situação entendia que a audiência seria encerrada. Como não se tratava de uma sessão comum, o encontro não perdeu a legitimidade, Quando tudo parecia voltar à normalidade, mais uma vez a reunião foi interrompida. Desta vez os fios do som e do telão foram cortados, provavelmente por quem não tinha interesse em esclarecer a situação. Com o comparecimento em massa da população, os recursos técnicos foram usados para que quem estava do lado de fora, pudesse acompanhar a audiência. Isso gerou ainda mais reações. Por diversos momentos, as aglomerações, com gritos acalorados, geravam tumultos.

Ao invés de comparecer à audiência. O prefeito Jardel Vasconcelos mandou uma nota de esclarecimento, assegurando que os recursos no valor de mais de R$ 315.000,00 foram devolvidos para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar. Depois da leitura do documento, o clima esquentou ainda mais, ocasião em que a audiência foi encerrada, não sem antes haver uma definição daquilo que a oposição pretende fazer: pedir o impeachment do prefeito Jardel Vasconcelos. A oposição já se debruça com a assessoria jurídica que contratou, para avaliar, e se for pertinente, pedir o afastamento do Prefeito, baseados em um documento de 260 páginas, com fortes indícios de desvio de dinheiro público. Tudo vai ficar para o início dos trabalhos legislativos, em fevereiro deste ano.

Por: Alciane Ayres