Racionamento de energia vira ameaça real

Racionamento de energia
Racionamento de energia

Tachada como “ridícula” pela presidente Dilma Rousseff há apenas duas semanas, a hipótese de racionamento de energia elétrica entrou no radar do governo. “A questão é que agora passamos a considerar algo que antes não fazia sentido pensar”, disse uma fonte da área técnica. “O nível dos reservatórios está baixando, então não podemos fechar os olhos para essa possibilidade.”

A chance de se repetir em 2013 o “apagão” de 2001 é, porém, considerada pequena tanto no governo quanto no setor privado. O risco maior é haver aumento nas tarifas. Nesse caso, o corte nas contas de luz prometido pela presidente Dilma em cadeia de rádio e TV, em setembro passado, pode ficar menor do que o originalmente estimado.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão do governo responsável por acompanhar e avaliar a segurança do suprimento de energia no País, se reúne amanhã. O Ministério de Minas e Energia insiste que é um encontro rotineiro, anteriormente agendado. Ainda assim, houve nervosismo no mercado financeiro.

Ontem, as ações da Eletrobras (PNB) lideraram o ranking de perdas, com deslize de 4,72%, enquanto o índice da Bolsa de Valores paulista perdeu 0,94%. Papéis de outras empresas do setor elétrico também amargaram baixas.

Reservatórios
Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas de quase todas as Regiões do País chegaram abaixo ou muito próximo da curva de risco para geração de energia. A expectativa é de que as chuvas deste primeiro trimestre recomponham os níveis, mas os primeiros dias do ano deixam dúvidas.

“O que acontecer em janeiro em termos de hidrologia vai definir a condição do sistema”, frisou o presidente da Associação Brasileira de Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Neiva. Ele avaliou que, se as chuvas não retornarem ao nível normal, vai “acender o sinal amarelo”.

Isso não quer dizer que haverá racionamento, mas sim que o governo terá de tomar providências. “Há outras medidas para serem adotadas pelo lado da demanda, e também o despacho de térmicas mais caras, uso de gás”, citou. Essas alternativas, porém, têm custo elevado, com impacto nas tarifas.

TÉRMICAS
O acionamento das térmicas “já está atrapalhando” os planos de Dilma de promover um corte médio de 20,2% nas tarifas de eletricidade, disse Neiva. A mesma avaliação fez o diretor executivo da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), César de Barros Pinto. “Estruturalmente, esse corte é possível, mas conjunturalmente pode não ser”, comentou.

Fonte: Agência Estado

 

Um comentário em “Racionamento de energia vira ameaça real

  • 19 de janeiro de 2013 em 12:02
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    SINAL DE ALERTA
    Estamos diante de um verão atípico imprevisível, como mostra claramente a atitude do ONS ao acionar térmicas preventivamente em outubro, quando tudo parecia correr bem.

    Agora – depois de quase 3 meses de térmicas funcionando plenamente – os reservatórios continuam esvaziando até atingir o nível mínimo, que é quando deveriam estar iniciando. Mesmo com a permanência de térmicas ligadas pelo ano todo não há mais tempo para enchimento neste verão que está terminando. Chegaremos ao próximo verão com os reservatórios quase vazios.
    Isto não é nada “normal”. A situação difere daquela de 2001: apagão seguido de racionamento por falta de energia. Hoje, sobra energia hidroelétrica – segundo o próprio ONS – e existe alternativa térmica, eólica e de biomassa, mas falta chuva para encher os poucos reservatórios. A demanda cresceu e o sistema se tornou mais complexo: precisa haver redundância de linhas para reduzir o risco no transporte de energia distante ou falta gás para acionar termoelétricas. O preço da energia pode ficar mais caro por uns tempos, mas é a melhor maneira de afastar provável racionamento e ingressar em um sistema hidrotérmico com geração distribuída: cada um gerando a sua própria energia. Todo mundo já está comprando gerador próprio.

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