Capitão Valério: “Álcool e drogas ajudam a aumentar violência”

Capitão Valério mostra o trabalho do CIOP prestado à população

O comandante do Centro Integrado de Operações (CIOP), Capitão/PM Valério Ferreira, disse em entrevista exclusiva à nossa reportagem, que crimes como roubos de motocicletas, assaltos a postos de gasolina, farmácias e a pessoas cresceram significativamente em Santarém no mês de novembro deste ano. Outro delito que vem ocasionando transtorno em meio à população local, segundo Capitão Valério, é o crime de desordem, ocasionado principalmente pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas e drogas. Capitão Valério ressaltou, ainda, que acha pouco provável que bandidos do Rio de Janeiro possam migrar para Santarém, mas não descartou a possibilidade. Outros temas também foram abordados junto ao militar. Acompanhe os principais detalhes da entrevista:
Jornal O Impacto: Capitão, o roubo de motocicletas aumentou em Santarém?
Capitão Valério:
Não só roubo de motos, mas também assaltos a postos de gasolina, furtos de objetos de pessoas, de transeuntes principalmente. Houve também furtos de bicicletas e esse item roubo envolve tudo isso: motocicletas, postos, pessoas, farmácias, além de outros estabelecimentos. Em comparação do mês de novembro deste ano com o mesmo período do 2009, houve um aumento de quantidade, não porcentagem de 13 roubos, onde no ano passado foram 45 e em 2010 foram 38 roubos de motocicletas. Esses dados todos, a 16ª Zona de Policiamento toma pra si. Remetemos mensalmente para a ZPol, que elabora planos e estratégias para esses locais onde aconteceram o maior número de roubos, para que se evite ocorrer novos delitos. O Major Costa elabora planos de estratégia para que direcione o policiamento para os locais certos. As estatísticas servem para minar os locais certos onde acontecem os fatos.
Jornal O Impacto: Os crimes de desordem aumentaram também nas últimas semanas no nosso Município?
Capitão Valério:
Exato. A desordem e a agressão vêem juntas e geralmente são atreladas a duas coisas: Primeiro, a pessoa que bebe, mas não sabe beber socialmente e comete excessos e às vezes sai de si e atenta coisas que não cometeria se estivesse em estado normal. Também tem as drogas, em que as pessoas que são dependentes químicas têm tendência a ficarem mais agressivas, além de brigas familiares, o que inclui tudo isso. Brigas em bar, em boates, na rua e tudo isso está envolto. O que margeia toda essa situação é o álcool e as drogas. O poder público deve estar voltado com políticas públicas para tentar minimizar essa situação, atrelado ao sistema de segurança pública, que são as polícias Militar e Civil e os Bombeiros, para tentar agilizar a melhor forma possível nessas políticas públicas.
Jornal O Impacto: Existem muitas denúncias ao CIOP em relação ao tráfico de drogas?
Capitão Valério:
Em relação ao tráfico de drogas recebemos também bastantes denúncias. Muitas pessoas não sabem, mas existe o serviço 181, que é o Disk Denúncia. O serviço serve para todos os tipos de denúncias. Por exemplo, alguém vê um vizinho que é confeccionador de arma caseira e o outro de dois quarteirões a frente que é traficante, sendo uma coisa que deva ser denunciada anonimamente, a pessoa pode ligar para o número 181 e relatar tudo o que está acontecendo. Através desse serviço a pessoa não se identifica e não precisa ter nenhum tipo de documentação necessária. Através do 181 o denunciante recebe um código que pode acompanhar futuramente a investigação da denúncia. Esse sistema é uma grande arma da segurança pública, que inclusive deu muito certo no Rio de Janeiro. O 181 é nacional e ajudou bastante a equipe no Rio de Janeiro. Nossa população pode ajudar denunciando também através desse serviço.
Jornal O Impacto: Agora que a Rodovia Transamazônica está sendo considerado corredor do tráfico de drogas, como está a atuação do CIOP tanto em Santarém quanto na região Oeste do Pará?
Capitão Valério:
São dois pontos de atuação sobre as drogas, o que fica mais a critério da Polícia Federal, sendo investigação e repressão. Agora, em termos de comunicação entre todos os órgãos da segurança pública, sejam as polícias Federal, Rodoviária Federal, Civil, Militar ou Bombeiros, todos o CIOP tem contatos tanto em rádio quanto telefônico. Isso pode ser mobilizado o mais rápido possível, dependendo da situação em que seja necessário. Por exemplo, quando a Polícia Federal estiver fazendo uma investigação em um determinado quilômetro de uma rodovia e precisa imediatamente da ajuda da PRF e da PM, tem como entrar em contato com o CIOP por rádio ou telefone, onde acionaremos em tempo mais estreito possível as pessoas que podem dar apoio aos companheiros da segurança pública. Em termos de comunicação, o CIOP está interligado com todos os órgãos de segurança pública, em Santarém. No interior, existem lugares que estamos tendo contatos via rádio. Onde não existe rádio temos contato via telefone.
Jornal O Impacto: E o problema dos trotes continua acontecendo?
Capitão Valério:
O trote é um delito e está previsto no Código Penal, como comunicação falsa de crime. Vulgarmente chamado de trote, é quase impossível que acabe, mas temos políticas de tratamento para este tipo de sabotagem que deram resultados em 2007 e 2008. Já em 2009 houve uma interrupção em virtude de um curso que tive que fazer em Belém e ter ficado um ano fora. Agora estamos estreitando laços com as pessoas que estavam conosco para que a gente retome a partir deste ano nas escolas, faculdades e tenhamos o mesmo resultado de antes. O número de trotes é aceitável para a quantidade de telefones de Santarém, mas podemos diminuir com a ação do Projeto Educacional Ante Trote que criamos, para irmos em escolas, faculdades, colégios particulares e qualquer comunidade, para divulgar o que é o serviço 190, para que serve e como podemos ajudá-los a ser ajudado.
Jornal O Impacto: De que forma o serviço 190 pode ajudar as pessoas?
Capitão Valério:
Algumas pessoas ainda não sabem o poder de ajuda e não repressão que tem o telefonema 190. Às vezes crianças de 02 ou 30 anos ligam pedindo ajuda porque o pai teve um infarto e aí a gente tem como mobilizar uma ambulância ou os Bombeiros para ajudar essa pessoa e não um policial militar treinado para esse fim para ajudar num combate emergente. Estamos retomando o projeto educacional, as parcerias, as amizades e os voluntários que participaram em 2007 e 2008, para que possamos dar continuidade a partir de 2011. É um processo lento, mas que dá resultado, sendo de longo prazo. Educando agora evitaremos que daqui há 05 ou 10 anos as pessoas que hoje são crianças quando se tornarem adultos não possam cometer crimes.
Jornal O Impacto: Com essa fuga em massa de bandidos do Rio de Janeiro para outras regiões do Brasil, existe a possibilidade de alguns deles vir para Santarém?
Capitão Valério:
É pouco provável que do Rio de Janeiro os bandidos venham pra cá. Eles precisam se deslocar e as polícias Federal e Civil devem ter feito um cerco em vários pontos de saída daquela cidade, porque eles sabem que os bandidos vão querer sair para algum local. É mais provável que pessoas de Manaus, do Mato Grosso e do Nordeste possam migrar pra cá do que do Sudeste vir para o Norte, mas não é impossível. A população deve ficar tranqüila porque as polícias Civil e Militar, Federal, Rodoviária Federal, Marinha, Exército e Aeronáutica estão todas preparados para um caso que venha possibilitar uma coisa similar a esta, mas é pouco provável deles migrarem para cá.

Por: Manoel Cardoso

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