Polícia acha que mãe teve ajuda para jogar bebê

A fase de depoimentos do caso de Elinaura Nascimento dos Santos, a mãe acusada de ter jogado o bebê por cima de um muro no dia do Natal continua. Ontem (29), a polícia ouviu Francisco Bezerra, patrão da jovem.

Durante depoimento, ele disse que não teve envolvimento no caso. Bezerra disse que Elinaura era praticamente da família e que não precisava ter feito o que fez, pois a família iria apoiá-la. “Ele disse que eles não tinham uma relação de patrão e empregada, porque Elinaura era sobrinha da esposa dele”, disse o delegado Mauro Bermejo, da Seccional da Pedreira. Segundo o delegado, Bezerra confessou que desconfiava que ela estava grávida, mas nunca teve certeza.

O delegado afirmou que o depoimento de Bezerra não influenciou nos fatos e Elinaura continua sendo indiciada por tentativa de homicídio com emprego de asfixia. A polícia trabalha com a possibilidade de a mãe do bebê ter agido em parceria com outra pessoa, pois sozinha não alcançaria o muro de quase dois metros.

O advogado de Elinaura, Paulo Barradas, contestou o delegado e disse que o ato cometido pela jovem não pode ser definido como tentativa de homicídio. “Ela não jogou a criança, apenas colocou no terreno do vizinho, pois sabia que ele era uma boa pessoa e poderia cuidar da criança. Se a intenção dela fosse matar, ela teria dado outro jeito”, ressaltou.

Segundo Barradas, todas as atitudes tomadas pela jovem não passaram de atos de desespero. “É um caso de miséria social. Ela é muito pobre, trabalhava como babá em troca de comida e moradia, não queria que o filho tivesse o mesmo futuro que ela, por isso deixou o bebê com uma pessoa que passava confiança”.

O DIÁRIO encontrou o dono da casa onde o bebê foi encontrado, Carlos Barros, jogando bola com seu filho no quintal de sua residência. Ele se disse surpreso com as declarações da moça. “Fiquei surpreso quando ela disse que queria que o bebê ficasse comigo porque eu seria um bom pai, já que a gente mal se falava”. Mesmo assim, Barros disse que acha que Elinaura está falando a verdade. “Acho que o que ela fez foi um ato de ingenuidade. Como ela é do interior, lá é comum dar a criança para um vizinho. Ela achou que poderia fazer o mesmo comigo”. Perguntado se ficaria com a criança, caso o plano de Elinaura tivesse dado certo, ele negou. “Iria encaminhar para o Conselho Tutelar”.

Elinaura também foi procurada pelo DIÁRIO no endereço no qual trabalhava como babá, porém, não foi encontrada. Ninguém soube informar o paradeiro da jovem. A casa, no bairro da Pedreira, já virou motivo de comentários entre transeuntes. “Vim olhar o tamanho do muro que a criança foi jogada, fico pensando no quanto ele deve ter sofrido”, contou a dona de casa Sueli Souza.

ESTADO

A assessoria de comunicação da Santa Casa de Misericórdia, onde o bebê está internado, informou que a criança continua estável e que deve ter alta em um prazo de 10 a 15 dias. Segundo a assessoria, o bebê não está sendo amamentado pela mãe. Ele está se alimentando através de sonda e será encaminhado para o Conselho Tutelar que irá decidir quem ficará com a guarda da criança.

Diário do Pará

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