Balões meteorológicos coletam dados na região

 

Pressão do ar, temperatura, umidade, direção e velocidade dos ventos na Amazônia. Estes e outros dados foram coletados por dois balões meteorológicos lançados, no último sábado, de Tomé-Açu, a 113 quilômetros de Belém. Os lançamentos dos balões fazem parte da campanha científica do Projeto Chuva, que teve início no começo do mês, em Belém, com o objetivo de compreender com maior detalhamento a estrutura das linhas de instabilidades típicas da região. O experimento foi organizado pela professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenadora local da campanha, Júlia Cohen, e pelo professor David Fitzjarrald, da Universidade de Nova York. Os resultados do experimento realizado na Amazônia serão comparados posteriormente com os do modelo de previsão do tempo do CPTEC/Inpe. Segundo a professora Júlia, a previsão é que os resultados da experiência no Pará sejam concluídos em um prazo de dois anos.

Segundo Júlia Cohen, o primeiro balão que partiu de Tomé-Açu foi lançado às 10h da manhã do sábado e caiu por volta das 17h do mesmo dia. O outro balão subiu às 22h e caiu às 4h30 do domingo. Segundo a professora, o balão que subiu pela manhã foi encontrado no rio Tocantins por uma pescadora do município de Baião. “Inexplicavelmente este balão foi encontrado. Isto é uma raridade, principalmente em se tratando de Amazônia, devido a suas densas florestas. Agora, ele será enviado para ser recuperado em um laboratório no exterior”, explicou Júlia.

Durante o voo, os balões meteorológicos penetraram a região amazônica por centenas de quilômetros. Eles têm autonomia de aproximadamente 48 horas de voo, medem 90 centímetros de diâmetro, 3,2 metros de altura e carregam uma sonda de 400 gramas. Uma vez lançado, são conduzidos pelos ventos, e seu deslocamento vertical é controlado remotamente via satélite. O voo pode chegar em torno de mil metros de altitude, que corresponde ao topo da camada limite da atmosfera. As medidas nesta região atmosférica são de interesse à pesquisa devido à forte interação com a superfície (troca de energia), influenciando a formação e o desenvolvimento das linhas de instabilidade.

A campanha científica do projeto Chuva é coordenada pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe), e conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Esta é a segunda campanha científica do Projeto Chuva de um total de seis previstas até o final de 2014. O objetivo é compreender os diferentes sistemas convectivos que atuam no país. A primeira foi em Fortaleza ao longo do mês de abril. Como em Fortaleza, foi implementado um sistema de observação de tempo severo, o SOS Belém, com base na operação de um radar de última geração, que acompanha a evolução das chuvas na região metropolitana, oferecendo informações e alertas em tempo real à Defesa Civil.

O Liberal

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