Recém nascida é encontrada em matagal

O bebê apresenta um quadro estável

Por doze horas, a recém-nascida V. C. lutou sozinha para sobreviver. Abandonada logo após o parto em um matagal a 50 metros da casa de sua família, ela teve que conviver com as galinhas que eram criadas no local até que fosse encontrada pelos parentes que desconheciam a sua existência. O abandono da menor aconteceu por volta de 6h do último dia 6, em Bacuriteua, na zona rural do município de Moju.

A existência da criança só foi constatada após a chegada de sua mãe, R.N., de 15 anos, à Unidade de Saúde do município, com sintomas de hemorragia. A adolescente, que pariu a criança sozinha no matagal, chegou à casa dos pais passando mal e foi levada pelos parentes até o hospital. Mesmo tentando esconder a causa da hemorragia, a constatação de que ela havia dado à luz veio com um exame médico. Após a notícia, os pais de R.N., que até então desconheciam a gestação, foram em busca da neta e a encontraram sozinha no mato.

De acordo com a conselheira tutelar de Moju, Estael Reis, a mãe da criança confirmou ter abandonado a recém-nascida por não aceitar a gravidez e, mesmo após a descoberta do caso, não queria ficar com a filha. Vinda de uma família grande, ao todo são oito irmãos, sendo um com apenas 22 dias de vida, ela rejeitou a criança. “Ela não queria ficar com o bebê, mas os avós se mostraram interessados”, disse.

Mesmo com a rejeição, V.C. já foi registrada no nome da mãe pelo Conselho Tutelar no dia posterior em que foi encontrada. “Ela precisou ser registrada para que se pudesse fazer os procedimentos”, informou Estael.

Atendida primeiramente na Unidade de Saúde de Moju, a criança foi transferida para o Hospital Abelardo Santos, em Icoaraci, referência em atendimento a bebês vindos do interior do Estado.

Bebê deve ficar sob a guarda dos avós maternos

De acordo com a diretora do hospital, Vera Cecim, V. C. foi internada no dia 7 de julho com lesões na região da cabeça. “Ela estava com várias lesões na face e no couro cabeludo”, disse. “As lesões estavam infectadas com o que chamamos de miíase, que são larvas de moscas, por isso, foi feita uma antibióticoterapia para prevenir maiores infecções”.

Respirando sem a ajuda de aparelhos e se alimentando por via oral, a criança foi transferida novamente para o Hospital das Clínicas na tarde de ontem, onde deverá ser avaliada por um otorrinolaringologista. “Ela ficou internada na UCI (Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal) e foi transferida para a Santa Casa para ser avaliada por um ‘otorrino’, que não temos aqui”, disse Vera. “É uma criança que está com todos os exames normais. Então, esperamos que ela não vá ter problemas”.

De acordo com a assistente social do Hospital Abelardo Santos, Cléa Meireles, o avô materno de V. C. esteve no hospital no último sábado para levar um documento que o autorizava a ficar com a guarda da criança. “O documento do Conselho Tutelar de Moju, que está responsável pelo caso, diz que o avô é responsável pela criança e que, assim que tiver alta, é para ela ser entregue a ele”. A declaração é datada do dia 9 de julho.

Além do interesse da família, V. C. também foi procurada por pessoas que queriam fazer doações para ela. Assim que souberam que a menina estava no hospital em Icoaraci, algumas pessoas aproveitaram para doar fraldas, roupas e lençóis para a criança.

Transferência

A criança foi transferida, na tarde de ontem, do Hospital Abelardo Santos, onde estava internada desde a última quarta-feira, para o Hospital Santa Casa de Misericórdia. Lá, ela deve passar pela a avaliação de um otorrinolaringologista. A situação da recém-nascida é estável. (Diário do Pará)

Fonte: Diário do Pará

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