Deputados ameaçam engavetar projetos de interesse do governo
Insatisfeitos com o que chamam de “descaso” do governo, deputados de partidos da base aliada ameaçam um locaute legislativo. Em conversa com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, líderes do PMDB avisaram que, se o Palácio do Planalto não liberar rapidamente os recursos de emendas parlamentares, a própria base não deixará nenhum projeto do governo ser votado na Câmara até o feriado de 7 de setembro
O duro recado foi dado a Ideli na quinta-feira. Antes, na noite de quarta, deputados e senadores do PMDB se reuniram no Palácio do Jaburu com o vice-presidente da República, Michel Temer. “O clima não está nada bom”, resumiu o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).
Ideli ficou preocupada com a pressão dos aliados. Ao deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS), a ministra reiterou que o governo vai liberar R$ 150 milhões da rubrica “restos a pagar” na próxima semana. Além disso, até o fim do mês serão empenhadas emendas para obras no valor de R$ 1 bilhão.
Articuladora política do governo Dilma Rousseff, Ideli também prometeu apresentar um cronograma relativo ao empenho de emendas, para liberação ao longo do segundo semestre. O número não está fechado, mas auxiliares da presidente dizem que o valor não chegará nem de longe a R$ 5 bilhões, média registrada em outros anos.
Um deputado disse ao Estadão que, se o governo não abrir mais o cofre, enfrentará seguidas obstruções nas votações do Congresso. Ainda ontem, depois de reunião com a equipe econômica, Ideli começou a avisar os deputados e senadores que R$ 1 bilhão está garantido.
“Esse deveria ser um processo natural, e não tensionado como está sendo agora”, disse o deputado Lincoln Portela (MG), líder do PR na Câmara. O valor prometido para as emendas individuais foi, na prática, acertado no início do ano com o então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, abatido em junho depois do escândalo envolvendo suspeitas de enriquecimento ilícito. O dinheiro era para ter saído no início deste mês, como primeira parcela.
A ARMA LETAL
Um deputado disse ao Estadão que, se o governo não abrir mais o cofre, enfrentará seguidas obstruções nas votações na Câmara e no Senado.
Fonte: Agência Estado