Brasileiros transformam paredes e vidros em telas sensíveis ao toque

Allan Diegues, Simon Medeiros e Rafael Amaro,sócios da ICE Interactive

Um grupo de engenheiros brasileiros de 27 anos desenvolveu uma solução alternativa às telas sensíveis ao toque, mais simples e mais barata. Diferentemente de equipamentos como o iPad, que detecta os toques na própria tela, essa tecnologia capta os movimentos do usuário por meio de uma câmera.

“A forma de interação do iPad e da nossa solução é a mesma. O que muda é como os comandos são detectados”, explica Rafael Amaro, um dos sócios da empresa ICE Interactive, que está incubada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A tecnologia já foi aproveitada em shoppings e museus do mundo todo. “Umas das aplicações mais comuns são os pisos interativos em centros comerciais”, conta Amaro. Por utilizar uma webcam, o conteúdo pode ser projetado em paredes, mesas, vitrines e até mesmo no chão. “A câmera fica focada onde a pessoa vai interagir. Ou seja, tudo o que ela fizer, será capturado. Por isso, o material da tela pode ser qualquer coisa”.

No entanto, há restrições. Na parede ou em um piso, por exemplo, o controle dos movimentos é apenas gestual. Já em telas de acrílico, é possível clicar e enviar comandos como em um computador. Nesses casos, é utilizado um projetor. A tela LCD de TV, por exemplo, também é uma alternativa. “Elas não precisam do projetor porque a imagem já está na tela”, conta.

A parte central da tecnologia já existia quando os engenheiros resolveram criar a empresa. “Um dos sócios foi procurado por uma agência de publicidade para desenvolver esse tipo de solução”, conta Amaro. Depois de chamar os amigos para estudar a tecnologia, eles descobriram as diversas aplicações que ainda não tinham sido exploradas. “Queremos fugir do entretenimento. Pode-se usar também na medicina, em casas noturnas e na própria educação”.

Interface para médicos
Em 2010, eles submeteram ao fundo de apoio à pesquisa FAPERJ uma interface interativa para médicos. Nessa solução, os profissionais poderiam ver imagens de diagnósticos e manipulá-las com os dedos, dispensando o uso do computador.

“Outra vantagem é que vários médicos poderiam usar a tela e tomar decisões de forma colaborativa”, explica Amaro. “Em vez de o médico pegar um raio-X e colocá-lo naquelas telas iluminadas para enxergar as imagens, ele usa a interface para ampliar e mostrar mais detalhes, apenas com os dedos, como se a imagem estivesse na mão dele”, completa.

Biblioteca de gestos
A câmera captura os movimentos da pessoa e envia as informações para um software instalado em um computador, que processa as imagens. Com gestos já pré-definidos, a tecnologia identifica o movimento do usuário e o transforma em um comando, que pode ser clicar, ampliar ou mover.

“Estamos criando uma biblioteca de gestos para cadastrar diferentes formas de interação com a tela. Além dos movimentos tradicionais, como os usados no iPad, pensamos em outros que dispensam os dedos. Mover a cabeça para a esquerda, se for um aplicativo de leitura, por exemplo, poderia ser virar a página”, explica Amaro.

Projetos já desenvolvidos por outras empresas permitem inclusive pisar no conteúdo projetado no chão para interagir com ele. “Queremos possibilitar o maior número possível de interação”.

Do G1

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