Artista usa matéria prima da floresta para criar instrumentos

Harrison Souza e Souza com as crianças

Ele nasceu no Maranhão, em São Luís, mas do batismo de pia saiu americanizado, Harrison William de Souza e Souza, 34 anos, metade deles vivido em Itaituba, resolveu se tornar “O Zé no Mundo” após uma temporada de dois anos e meio no Canadá, mais precisamente na cidade de Montreal.  Ele disse que se vê e se sente como um Zé, um Zé que tem a cara de todo brasileiro, daí o motivo da mudança…

Cantor, letrista, artesão, o Zé no Mundo filosofa, se define artista, enquanto responde as perguntas que embasaram essa matéria para o IMPACTO. Com vários CDS gravados, uma carreira internacional  promissora pela frente, está conciliando suas diversas atividades para correr o mundo nas asas de um sonho que é o de  ensinar pessoas a confeccionar instrumentos musicais com matéria prima da floresta…

E mesmo sem patrocínio, sem nenhum apoio oficial resolveu torrar suas parcas economias montando a oficina denominada “Oficina de fabricação de instrumentos musicais a partir de material reciclável orgânico e inorgânico”. Um nome grande, tanto quanto seu desejo de vencer as intempéries dos descaminhos da arte que representa sempre um desafio para quem quer um projeto de vida, uma idéia para muitos impossível quase uma utopia.

O local é improvisado, está funcionando na área de um clube no centro da cidade, mas o dono já está pedindo o espaço. O Zé no Mundo diz que pretendia ir para a barraca de eventos que pertence ao Município, mas iriam lhe cobrar uma taxa para ocupá-la… Mas garante que a oficina continuará.

Mas “O Zé no Mundo” apesar do seu discurso positivista, critica a insensibilidade e falta de visão das pessoas que poderiam aproveitar a oportunidade de se inscrever ou inscrever seus filhos. ”Veja só, meu caro repórter, Itaituba com quase cem mil habitantes e mesmo sendo de graça a oficina, apenas 10 pessoas se inscreveram, sendo elas crianças e adolescentes”, informou.

Indagado porque não procurou apoio de órgãos governamentais, O Zé no Mundo, em tom de crítica, disse que no Brasil, em Itaituba e diversas outras regiões os políticos estão se lixando para a cultura porque pra eles quanto mais gente alienada, sem senso critico e nem opinião própria, melhor para aumentar o rebanho eleitoral em época de eleições.  Enquanto orienta seus pupilos, o entrevistado mostra a matéria prima colocada sob uma mesa, cabaça, ouriço, castanha do Pará, semente de seringueiras, cipós e outros recursos naturais que existem na Amazônia e que podem ser aproveitados com criatividade, como é a proposta da oficina que começou dia 5 de março e vai até o dia 15, com probabilidade de ser renovada com nova turma.

Quanto ao processo e estilo da oficina, O Zé no Mundo que assumiu esse codinome prosaico disse que usa técnicas puramente artesanais e também semi-industrial. Para isso, contou com a solidariedade de amigos que cederam para ele um torno de aperto ou mossa e uma lixadeira elétrica de bancada, que ajudam a dar acabamento final nas obras de artes que acabam virando instrumentos de sopro, percussão, como o block, flauta, entre outros.

A idéia da oficina no Brasil como experiência empírica por Itaituba é para que possa retornar novamente ao Canadá (onde ainda mantêm residência) e lá conseguir patrocínios, convênios para ampliar o projeto com investimentos que possam ampliá-lo e atingir uma clientela ampla em várias regiões.

O Zé no Mundo que do seu ecletismo artístico gera esperanças para crianças e adultos, enfim para pessoas que queiram fazer a diferença através da arte e da cultura, no presente momento reside em Montreal (Canadá) e tão logo conclua seu projeto de oficinas estará gravando seu primeiro disco como cantor profissional que terá o nome de “Os Zé no Mundo”, considerando sua presença em Itaituba para a realização de um projeto que   ele define como resgate e valorização de Culturas nativas cuja sigla é C.P.R.V.C.N

Quanto à oficina que está ministrando atualmente para fabricação de instrumentos musicais utilizando matéria prima nativa, apenas recursos naturais, O Zé no Mundo avalia como gratificante e também como uma rica experiência de vida por estar compartilhando seu talento e criatividade com tantas pessoas que jamais se imaginavam também capazes de tornar concreto a confecção de instrumentos musicais diversos.

Sobre a oficina, O Zé no Mundo garante que seus pupilos são talentosos e que a mesma será finalizada com um grande show, apresentado como forma de mostrar para Itaituba e demais municípios da região que se faz necessário dar oportunidade a talentos anônimos.  No final da entrevista o artista Maranhense que nasceu com nome de gringo, mas se considera brasileiro de corpo e alma, deixa uma mensagem para todos aqueles que têm um sonho na vida não importa qual. ”Vá atrás, não importa quando, onde nem como, não deixe seu sonho morrer por falta de fé e esperança”.

Fonte: RG 15/O Impacto e Nazareno Santos

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