‘Faxinados’ usam eleição para dar o troco no PT

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Quase um ano após o início do processo que ficou conhecido como “faxina”, ministros que deixaram a Esplanada na esteira de denúncias de irregularidades procuram tratar o assunto como “página virada”. A movimentação de alguns ex-titulares em seus redutos eleitorais e de seus partidos em São Paulo mostra, porém, que o ressentimento com o Planalto e o PT ainda é grande e o pleito de outubro virou a oportunidade para dar o troco.

As demissões nos Transportes, no começo de julho de 2011, deflagraram o efeito dominó que derrubaram seis ministros: além do titular dessa pasta, Alfredo Nascimento (PR), caíram os peemedebistas Wagner Rossi (Agricultura) e Pedro Novais (Turismo); Orlando Silva (PC do B), do Esporte; Carlos Lupi (PDT), do Trabalho, e Mário Negromonte (PP), das Cidades.

No PR de Nascimento, a mágoa está escancarada. O presidente nacional da legenda deixou o governo indignado com o tratamento dispensado a ele e ao partido. Nascimento, que disse não ser “lixo” para ser varrido do ministério, fez questão de referendar a articulação que levou a sigla a apoiar o pré-candidato do PSDB em São Paulo, José Serra.

No seu quintal, o tema faxina não será esquecido. “O PR está desmoralizado, é tratado como uma escória e não podemos aceitar isso. Daremos a resposta nas urnas”, afirmou o deputado Henrique Oliveira (AM), pré-candidato da sigla em Manaus.

A recente suspeita de que a denúncia de superfaturamento em obras e recebimento de propina por empreiteiras no ministério fora vazada para a imprensa por assessores do Planalto – tendo como interessado o grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira -, fez crescer a amargura. A aliados, Alfredo se diz vítima de um conluio. “O senador está magoado com a Dilma, acha que foi abandonado, que ela o usou para ter popularidade e o colocou no meio de um rolo de que ele não tinha culpa”, afirmou Oliveira.

No campo escolhido para brigar com o PT, o PR enfrentará o atual prefeito, Amazonino Mendes (PDT), que tentará a reeleição com o provável apoio do PMDB e dos petistas. O partido já tem até mote para a campanha. “Apostaremos na vitimização do Alfredo. A partir do momento em que as pessoas perceberem a sacanagem que foi feita com o cara, isso vai nos favorecer”, destacou uma liderança da sigla, que tampouco engoliu a substituição de Nascimento por Paulo Passos, filiado ao PR, mas considerado desarticulado com os interesses da sigla.

Opções. Tradicionalmente o parceiro mais fiel do PT, o PC do B vem demonstrando pouca boa vontade em São Paulo, onde o ex-ministro Orlando Silva é pré-candidato a vereador. Na eleição paulistana, o ex-titular do Esporte comanda a reticência dos comunistas em relação à aliança com Fernando Haddad, embora os petistas já a vejam como certa.

“A gente sempre aderiu ao PT porque não tinha alternativa. Hoje a gente pode manter a candidatura, apoiar o PT ou o PMDB”, diz o ex-ministro. Mas, apesar da postura reticente em relação ao PT, nos bastidores Orlando é um dos articuladores do PC do B nas negociações com os petistas.

Em São Paulo, onde a legenda tem como pré-candidato o vereador Netinho de Paula, a aproximação com o PT intensificou-se há duas semanas, com a entrada em cena do ex-presidente Lula. Mas nem a investida foi capaz de levar os comunistas ao palanque de Haddad no dia 2, quando foi homologada a sua pré-candidatura a prefeito. O PC do B quer a contrapartida do PT em outras capitais, como Porto Alegre e Fortaleza, e pressiona em São Paulo flertando com o PMDB, de Gabriel Chalita.

Assim como Nascimento, Orlando acredita que a saída do ministério será um aliado na busca por uma vaga na Câmara Municipal. “Quem não deve não teme. Eu me disponho a enfrentar a disputa eleitoral inclusive por saber da minha inocência.”

Em Campinas – cidade do cunhado, Gustavo Petta, também filiado ao PC do B e ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) -, petistas e comunistas costuram aliança. Segundo Orlando, este é o caminho natural, apesar da saída do ministério. “São águas passadas. O raciocínio político é frio. O que interessa é o projeto local.”

Discrição. O ex-ministro do Turismo, deputado Pedro Novais (PMDB), é conhecido pela discrição nos períodos eleitorais, atuando mais nos bastidores e trabalhando pela liberação de emendas para suas bases no Maranhão. Em São Luís, o PMDB de Roseana Sarney deve retribuir o apoio do PT em 2010 e compor chapa encabeçada pelo vice-governador Washington Oliveira (PT) à prefeitura da capital.

Questionado sobre o apoio à pré-candidatura do petista, Novais é sucinto: “Não apoio pré-candidatura. Apoiarei candidatura, se houver”.

O apoio ao clã Sarney em 2010, após intervenção do diretório nacional, fraturou o PT local, que preferia Flávio Dino (PC do B) para o governo. Entre os dissidentes petistas a aposta é a de que o ex-ministro continuará distante da disputa em São Luís. “É uma figura estranha, não se mete nessas confusões, faz o mandato dele muito independente. Durante os escândalos a gente descobriu que ele mora no Rio de Janeiro”, disse o deputado Domingos Dutra (PT-MA).

Apadrinhado pelo governador baiano Jaques Wagner (PT) e última vítima da faxina, o deputado Mário Negromonte (PP) não se arrisca a contrariar as alianças estaduais e evita falar sobre sua saída do governo. Em São Paulo, porém, o PP deve apoiar a candidatura tucana contra o PT.


Fonte: Estadão

 

Um comentário em “‘Faxinados’ usam eleição para dar o troco no PT

  • 10 de junho de 2012 em 11:07
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    Esse Alfredo Nascimento é um tremendo bandido ! foi ministro dos transportes e não fez nada pela região amazônica ! não colocou um pingo de asfalto na rodovia transamazônica, políticos assim devem ser varridos da mente do eleitor !

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