Morre no Rio o cantor Emílio Santiago

Cantor Emílio Santiago
Cantor Emílio Santiago

Morreu nesta quarta-feira o cantor Emílio Santiago. Ele estava internado desde o dia 7 no hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, após ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. Ainda não há informações sobre o sepultamento do artista.

Em 1970, Emilio Santiago estreou como cantor num festival da Faculdade Nacional de Direito, que cursava então. Entre os jurados, estavam nomes como Marlene, Beth Carvalho e Marcos Valle. Os prêmios que levou do júri (foi escolhido o melhor intérprete, e duas das três canções que apresentou ficaram com o 2º e o 3º lugares) foram um inegável incentivo para que seguisse na carreira artística, uma possibilidade que ele não considerava seriamente.

— Eu cantava por diversão, em reunião, festas de amigos, e alguns colegas me inscreveram à revelia. Depois de me apresentar, Marcos (Valle) foi falar comigo, disse que eu tinha que continuar, que era um cantor nato… — contou em entrevista ao Globo em 2007. — A partir daí, ainda tentei conciliar música, estudo e trabalho. Até concluí a faculdade, mas não fiz a prova para o Instituto Rio Branco, como sonhava.

Ainda na faculdade, Emilio passou a frequentar programas de calouros na televisão. Chegou à final de um deles, “A grande chance”, comandado por Flávio Cavalcanti, na TV Tupi — apresentando “Que bobeira”, canção de Marcos e Paulo Sérgio Valle. Após se formar, seguiu com a música, influenciado por nomes como Nelson Gonçalves, Anísio Silva e Cauby Peixoto. Sua voz aveludada e elegante, de afinação perfeita e divisões espertas, o levou a ser crooner na orquestra de Ed Lincoln, abrindo portas também para que se apresentasse em várias casas noturnas. Na boate Colt 45, no Leblon, abria o show de Marlene. Na boate Fossa, era o aperitivo para Tito Madi e Marisa Gata Mansa.

Em 1973, lançou o seu primeiro compacto, com “Transa de amor” e “Saravá nega”. Dois anos depois, chegou o primeiro disco, homônimo, pela gravadora CID, no qual interpretava canções de Ivan Lins, Jorge Ben, João Donato, Nelson Cavaquinho e Marcos Valle, entre outros. Em 1976, foi contratado pela Philips/Polygram, onde permaneceu até 1984, gravando dez discos. O crítico Sérgio Cabral saudou: “Finalmente, um cantor que canta”.

Em 1982, venceu o festival MPB Shell, da TV Globo, cantando “Pelo amor de Deus”. Com “Elis Elis”, foi escolhido o melhor intérprete do Festival dos Festivais, também da Globo, em 1985. A consagração popular, porém, veio mesmo em 1988, quando lançou “Aquarela carioca”, convidado por Roberto Menescal e Heleno Oliveira. Com uma releitura de clássicos da MPB, o projeto da Som Livre gerou sete álbums, vendendo mais de quatro milhões de cópias.

Encerrada a série de sucesso, ele continuou uma carreira discográfica com mais discos de ouro e prêmios. Fez álbuns dedicados à obra de artistas como Dick Farney, Gonzaguinha e João Donato.

Versátil, fez shows no exterior, apresentando-se com sucesso em várias cidades da Europa e Estados Unidos, inclusive em festivais de jazz. Após uma passagem pela Sony, criou o seu próprio selo, Santiago Music, por onde lançou, em 2010, o álbum “Só danço samba”, uma homenagem a Ed Lincoln. Dois anos depois, o projeto se transformou no DVD “Só danço samba (ao vivo)” — com o qual ganhou o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Samba/Pagode, dividindo a premiação com Beth Carvalho.

Fonte: O Globo

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