STF apura ações de ex-delegado da Polícia Federal
Alvo de investigação por sua atuação na Operação Satiagraha, o ex-delegado da Polícia Federal e deputado federal Protógenes Queiroz diz que vai tornar públicos todos os documentos pedidos pela Justiça.
Foi do Supremo Tribunal Federal a decisão de dar sequência à investigação sobre a operação Satiagraha, feita pela Polícia Federal.
O ministro Dias Tóffoli, do STF, atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República que pretende apurar se a operação, comandada pelo ex-delegado e atual deputado federal pelo PCdoB, Protógenes Queiroz, foi patrocinada por empresários interessados em prejudicar o banqueiro Daniel Dantas e o afastar do mercado de telecomunicações no Brasil.
A operação começou em 2008. Durante a investigação, o banqueiro Daniel Dantas foi preso sob a acusação de crimes como gestão fraudulenta e corrupção. Anos depois, a ação penal da Satiagraha foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça por causa da participação irregular de agentes da Abin, a Agência Brasileira de Inteligência.
O então delegado agora é um dos alvos da atual investigação. O STF autorizou a quebra do sigilo telefônico e bancário de Protógenes Queiroz. As declarações de renda dele também serão analisadas. Protógenes é suspeito de ganhar três imóveis para investigar Daniel Dantas.
Protógenes se defende. Diz que os imóveis foram doados a ele pelo padrinho de batismo em 2006, antes do início da operação. Segundo ele, são um apartamento no Guarujá (SP), no valor de R$ 54 mil, uma casa em Foz do Iguaçu (PR), que vale R$ 8 mil, e uma garagem, avaliada em R$ 2 mil. Os valores estão na declaração de bens, apresentada pelo deputado na campanha eleitoral de 2010.
Protógenes disse que vai tornar públicos todos os documentos pedidos pela Justiça. “Eu vou expor para o povo brasileiro a minha declaração de Imposto de Renda de 2005 a 2012. Então eu vou me antecipar a que meses corram nos escaninhos da Receita Federal até porque eu sou homem público”, afirmou.
Um ex-sócio de Daniel Dantas também é investigado. O empresário Luis Roberto Demarco é suspeito de ter atuado em favor dos interesses da Telecom Itália que, na época, disputava com o banqueiro o controle acionário da Brasil Telecom.
A advogada do empresário não quis responder a perguntas sobre uma suposta atuação de demarco na disputa entre Dantas e a empresa italiana, alegando que o assunto está sob segredo de Justiça.
Maria Elizabeth Queijo, advogada do empresário afirmou, no entanto, que Demarco não foi investigado pela procuradoria de Milão, que teria descoberto que a Telecom Itália desviou recursos para subornar autoridades, políticos e jornalistas. “Ele nunca foi sequer convocado para ser ouvido como testemunha, nunca foi investigado na Itália, e disso nós extraímos certidões recentes perante a procuradoria de Milão e o tribunal de Milão”, disse.
O Supremo Tribunal Federal pediu cópias dos processos conduzidos pelos procuradores de Milão.
Fonte: G1