Professor Anselmo: “Chapa derrotada tenta golpe contra reitoria eleita”
Acadêmicos e funcionários da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) passam por um dilema, após a consulta universitária realizada no dia 18 deste mês, para a escolha da nova Reitoria. Durante o pleito, duas chapas concorreram ao maior cargo administrativo da instituição, entre elas, uma formada pelos professores Aldo Queiroz e Kátia Corrêa, denominada de “Orgulho de Ser Ufopa”. A outra formada pelos professores Raimunda Monteiro e Anselmo Colares, intitulada “Gestão Participativa com Excelência”. Após ser derrotada nas urnas na consulta universitária, a chapa do professores Aldo Queiroz entrou com um processo na Justiça contra os vencedores Raimunda Monteiro e Anselmo Colares. A chapa “Orgulho de Ser Ufopa” alega que várias irregularidades ocorreram no dia da votação, como a compra de votos. Já o vice-reitor eleito, professor Anselmo Colares, declarou que a chapa “Orgulho de Ser Ufopa” está tentando dar um golpe para anular a eleição da Ufopa. Veja a entrevista na íntegra:
Jornal O Impacto: Em sua opinião, os funcionários e acadêmicos que votaram na professora Raimundinha podem ficar tranqüilos que não terá nenhum problema para a homologação da nova reitoria da Ufopa?
Professor Anselmo: Essa é a nossa convicção, uma vez que temos consciência que de nossa parte fizemos tudo correto. Por mais que um ou outro simpatizante da chapa, no dia da consulta universitária estivesse portando slogan da campanha, isso também aconteceu do outro lado. A gente entende como uma manifestação natural em qualquer eleição. No geral, consideramos que a própria Justiça analise que simpatizantes tenham votado usando a camisa com o slogan da chapa, o que hoje é bastante aceito. O que não se aceita é o aliciamento, que são atos que ultrapassam essa manifestação. Temos consciência que isso não ocorreu, principalmente porque a eleição foi acompanhada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção de Santarém. Em todos os municípios a Polícia Militar se fez presente. Em Santarém a Polícia Federal também acompanhou. Em cada secção eleitoral havia fiscais de ambas as chapas. Para completar, a eleição aconteceu em uma instituição, onde as pessoas são totalmente esclarecidas e tem uma formação que não lhes permite se deixar levar por um pedido de voto de última hora. Acreditamos que todo mundo que compareceu para votar já tinha clareza e consciência da sua escolha.
Jornal O Impacto: A contestação da chapa “Orgulho de Ser Ufopa” pode ser entendida como um golpe?
Professor Anselmo: Estamos classificando dessa forma, porque dá a impressão que o objetivo é protelar, no sentido de ganhar tempo porque não há nenhuma chance, sustentação jurídica ou provas que realmente possam comprometer o processo de homologação da chapa “Gestão Participativa com Excelência”. Para se ter uma idéia, uma das acusações que faz parte do processo é um papel que sequer tem a assinatura da pessoa que fez a acusação. Existe apenas o primeiro nome e, não está por extenso e não é assinado. Há algumas fotografias anexadas ao processo como se pessoas estivessem fazendo boca de urna, mas não configura que possa causar qualquer prejuízo, uma vez que a foto foi tirada muito longe do local onde estava acontecendo a votação.
Jornal O Impacto: Qual o próximo passo para que a nova Reitoria possa tomar posse?
Professor Anselmo: O ritual é o seguinte: Há a necessidade de acontecer uma reunião no Conselho Superior Universitário (CONSUN), que é constituído de 22 pessoas: O reitor, o vice, os pro-reitores, os diretores de institutos, três representantes dos professores, três representantes dos técnicos e três representantes dos estudantes. O CONSUN deve reunir para homologar o resultado e formalizar a lista tríplice a ser enviada ao Ministério da Educação (MEC). Como somente duas chapas participaram da eleição, a lista tríplice deverá conter um terceiro nome, que o CONSUN terá liberdade de escolher. Isso faz parte das regras democráticas e o CONSUN deve fazer essa lista a partir do resultado da consulta. O primeiro nome da lista deve ser da professora Raimunda Monteiro, o segundo do professor Aldo Queiroz e um terceiro nome para completar a lista tríplice, que vai ser encaminhada ao MEC, onde o Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, terá a liberdade de fazer a escolha entre os três nomes. Historicamente, já há mais de 10 anos que o reitor escolhido pelo MEC é o mais votado na consulta universitária.
Jornal O impacto: Qual seria a data prevista para acontecer a posse da nova Reitoria?
Professor Anselmo: Quando foi aprovado o regimento eleitoral havia um calendário, onde a reunião do CONSUN deveria ter ocorrido no dia 25 de novembro, para que o novo Reitor e vice tomassem posse ainda neste ano. Agora não sabemos quando a nova Reitoria deverá tomar posse por causa da outra chapa que está tentando levar à Justiça o processo. A posse poderá retardar um pouco, mas também é possível que o MEC analise a questão, intervenha e chegue à conclusão de que deverá encerrar a antiga gestão da Ufopa e dar posse à nova Reitoria.
Jornal O Impacto: Enquanto ocorre o processo, o professor Seixas Lourenço continua na reitoria da Ufopa?
Professor Anselmo: Sim. A gente não tem nenhum elemento que diga o contrário. A não ser que o próprio MEC considere um quadro de instabilidade, que por enquanto não há, mas não se sabe qual será a reação das categorias formadas pelos técnicos, os estudantes e os professores. Afinal de contas, essas pessoas votaram, escolheram um candidato e podem reagir de uma forma até imprevisível, caso a vontade delas não seja respeitada.
Jornal O Impacto: Os acadêmicos podem ficar tranqüilos que no momento a Ufopa não está sem representante?
Professor Anselmo: A Ufopa tem um Reitor que está no exercício de sua função e tem uma nova Reitoria que já foi eleita. O que não falta são representantes, mas temos que finalizar o processo, para que comesse a gestão de fato a partir do que foi a decisão da comunidade acadêmica.
Jornal O Impacto: A partir do momento que a nova Reitoria tomar posse, quais serão os principais objetivos a serem colocados em prática?
Professor Anselmo: Se a nomeação for ainda neste ano, temos que cuidar do orçamento para não comprometer nenhuma atividade para o próximo ano. Também ainda não há a definição de nomes da equipe. Vai caber a Reitora tão logo seja empossada, a nomeação dos pro – reitores e dos diretores dos institutos. A gente ainda não tem definição sobre isso e, é provável que alguns ainda fiquem por certo períodos até que aconteçam eleições nesses outros locais. Nas pro-reitorias ainda serão escolhidos aqueles que vão desenvolver as atividades. Entre as principais ações, vamos manter a Universidade funcionando regularmente.
Jornal O Impacto: Nos campi do interior serão nomeados novos diretores?
Professor Anselmo: Nesses campi, por enquanto, com exceção de Oriximiná, nos outros municípios existem apenas técnicos por conta de ainda não ter cursos instalados. Isso ainda vai ser em médio prazo. Depois cada campus deverá ser constituído como unidade, com professores, técnicos e estudantes. Nesses termos justificaria a existência de um coordenador.
Fonte: RG 15/O Impacto