Martinho Maravilla: “Secretaria de Cultura não valoriza artista local”

Martinho Maravilla, cantor e compositor santareno
Martinho Maravilla, cantor e compositor santareno

“A cultura de Santarém e sua Secretaria só se ligam a três eventos durante o ano. Um é o carnaval, outro é o Sairé e o outro é o aniversário da cidade”, cita Martinho Maravilla. “Eis o cenário onde a cultura regional tão rica chega a ser quase desvalorizada. Os Festivais de música regional quando acontecem são comandados por fora, ou seja, Belém é quem coordena os Festivais. Se fossem comandados por gente de nossa cidade, com certeza dariam oportunidade a muitos cantores e compositores pratas da casa”, lembrou o conhecido artista.

“Eu acredito que deveria ter uma atenção maior para os ‘pratas da casa’. Na festa do Sairé ou do aniversário de Santarém, pagam um dinheirão para artistas de fora e não valorizam os da casa. Se é aniversário de Santarém, deveria ser feita a festa pelos músicos de Santarém não os de fora; trazem uma Banda nacional por 200, 300 mil reais. Por que esse dinheiro não é dividido entre os músicos da casa?”, indaga Martinho. “Gastariam menos que 50 por cento dessa verba e todo mundo se apresentaria”, confirmou o cantor Martinho Maravilla.

 “Lógico que falta apoio ao artista. Por outro lado, nossa classe simplesmente é muito desunida aqui na região. Em Belém é diferente, um ajuda ao outro, tanto é que minha filha Marcelly se mudou para Belém, aqui não valorizavam o que ela merece como artista”, frisou o compositor. “Em Belém ela fez concurso público, tem emprego no Estado e se quiser pode seguir tranqüila a carreira musical. Poucos aqui em Santarém vivem da música, a maioria dos cantores e compositores vive do seu trabalho. Eu por exemplo vivo do meu trabalho, se fosse viver de música eu já teria morrido de fome”, alertou o cantor.

“O músico tem que estar credenciado, ter status, ser atualizado; a maioria dos artistas daqui não sabe nem onde fica a Ordem dos Músicos”, destaca o compositor. ”Tem muitos por aí que tocam na clandestinidade e não tem como punir, não existe mais censura, ECAD também não existem mais. Aqui você procura o diretor da Ecad e não encontra, tem que ser tudo pela Federal, até para registrar uma música sua tem que mandar para São Paulo ou para Belém, mas tem que ser por fora”, falou.

ARTISTAS LOCAIS SÃO EXPLORADOS: “Falta mais apoio ao artista regional, tanto por parte do governo Federal, quanto Municipal ou Estadual. Tem também o fato que alguns donos de casas de shows em Santarém querem que o artista faça o show a preço de banana. Eu não saio de minha casa para ir cantar em um bar ou outro local para ganhar 50 reais. Eu pago para não ir”, citou Maravilla.

SUCESSO REGIONAL: Autor do CD “Cidade Capital”, que segundo o cantor e compositor é tocada em rádios até fora do País, o artista paraense, nascido em Belém, mas radicado em Santarém, Martinho Maravilla segue em sua trajetória. “Eu achei que deveria fazer essa bela homenagem à cidade de Santarém, pois em minha opinião não existe cidade melhor”, afirmou Martinho. Em relação à declaração feita pelo artista César Brasil de que o secretário de Cultura seria um forasteiro, Martinho Maravilla cita: “Foi uma declaração muito forte por parte do colega; eu não tenho nada que defender o secretário de Sultura, haja vista que eu nunca fui chamado para cantar no aniversário de Santarém em Praça Pública. Eu não fico chateado, um dia chegará a minha vez”, cita o cantor, lembrando que já participou de vários festivais: “Não tirei primeiro lugar, mas só de participar para mim é uma felicidade”, declara.

Entre ser intérprete ou compositor, Martinho Maravilla afirma: “Sou um compositor; antes não era, mas a partir do momento em que a música entrou na minha mente e no meu coração, comecei a compor músicas”, finalizou o consagrado artista regional Martinho Maravilla.

Por: Carlos Cruz

Fonte: RG 15/O Impacto

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