Edilson: “Governo Federal age como ditador na região do Tapajós”

Edilson Silveira, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR)
Edilson Silveira, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR)

Revoltado com os problemas sociais e ambientais que poderão ocorrer com a implantação de sete usinas hidrelétricas na Bacia dos rios Tapajós, Jamanxim e Teles Pires, o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém (STTR), Edilson Silveira, declarou que o governo Federal está “agindo como ditador na região, por conta de querer implantar os projetos sem ouvir os anseios dos ribeirinhos e das comunidades indígenas”.

Para que a população de mais de 80 comunidades das margens do rio do Tapajós possa conhecer os impactos sociais e ambientais que os empreendimentos poderão causar, uma equipe do STTR de Santarém está realizando visitas aos vilarejos, com intuito de esclarecer os malefícios dessas obras na região.

“Nós somos contra essas hidrelétricas, porque essas obras não trarão benefícios para os movimentos sociais e a população, bem como vai prejudicar a fauna, a flora, os pescadores, os povos indígenas que são os Munduruku, os extrativistas e os seringueiros. Todo esse povo necessita e vive do extrativismo, da pesca e da agricultura familiar”, argumenta Edilson.

De acordo com ele, o governo Federal quer construir as usinas no coração da Amazônia, em áreas de floresta contínua, praticamente intocadas ou em espaços remanescentes importantes da maior floresta do mundo. Entre os projetos está a construção da Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, em Itaituba.

“Com um empreendimento desse pra onde é que essa população vai? A gente já sabe que essas obras trazem impactos sociais e ambientais. Os impactos sociais é a expulsão dos trabalhadores rurais, dos agricultores familiares e de toda a população que vive ao redor de onde será instalado o empreendimento. Os impactos sociais trazem as doenças, as drogas, a prostituição infantil, os índices de acidentes e a evasão de alunos nas escolas”, aponta Edilson.

Ele conta que está totalmente preocupado, porque tudo isso está sendo feito, sem que haja uma consulta prévia à população. “Primeiramente deveria ser feita uma consulta aos povos que vivem aqui na Amazônia, principalmente na região do Tapajós. Devido a essa usina de São Luiz do Tapajós não será somente Itaituba que será impactada, mas toda essa região. A gente viu ultimamente que com a construção de Belo Monte, em Altamira, cerca de 8 mil famílias foram expulsas de suas terras. A gente vê, que aqui no Baixo Tapajós, mais de 10 mil famílias serão expulsas de seu habitat e tirado seu direito de ter dignidade como ser humano”, comenta Edilson.

O líder sindical afirma que a preocupação maior é para onde os comunitários irão, caso a usina de São Luiz do Tapajós seja construída. “Isso para nós gera uma repercussão muito grande, porque a gente não tem para onde ir. Se já estamos aqui para onde é que nós vamos? Para as periferias das cidades não pode ser. As cidades não tem como abrigar toda uma população de 10 ou 15 mil pessoas, que são trabalhadores rurais e pescadores. De que forma que esse povo vai sobreviver em uma cidade de porte médio, como Santarém ou num Município pequeno? Por isso somos totalmente contra esse empreendimento que vem tirar o nosso direito!”, exclama Edilson.

FALSO DESENVOLVIMENTO: Quando um representante do governo Federal aborda uma família de ribeirinhos, segundo Edilson Silveira, ele diz que o projeto vai trazer desenvolvimento, o que na opinião do sindicalista, não é verdade. “O projeto não vai trazer educação, porque a população não vai mais estar no seu lugar de origem. O governo diz que vai trazer saúde, mas os atendimentos médicos serão apenas para os funcionários das empresas terceirizadas que vão prestar serviço. Existem outras promessas que o governo faz como construir escolas, quadras de esporte, microssistemas de águas, estradas nas comunidades e asfalto nas ruas das cidades, mas isso não é verdade!”, reforça.

IMPACTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS: Edilson explica que a implantação de uma hidrelétrica gera inicialmente a extinção de comunidades, pois famílias que residem ao redor do grande empreendimento são retiradas para dar espaço ao projeto. Outro fator que sofre é a fauna e a flora da região, onde animais comuns são afetados em seu habitat por falta de alimentação.

Há também a elevação do nível dos rios devido a construção de represas por meio da qual é gerada a alteração na saúde da população, pois este procedimento influencia no aumento de epidemias.

“Além disso, há baixa no nível do rio em direção à foz. Caso essa hidrelétrica de São Luiz seja construída, o rio Tapajós vai perder força e as águas do Amazonas vão adentrar na região, atingindo diretamente as praias, inclusive Alter do Chão, o que vai prejudicar o turismo no oeste paraense”, avisa Edilson.

Um comentário em “Edilson: “Governo Federal age como ditador na região do Tapajós”

  • 4 de agosto de 2016 em 15:42
    Permalink

    Seu vice pres. do sttr (a serviço de ONGS) voce deveria ter vergonha de vir ao impacto colocar esta matéria pois o STTR de santarém recebe propina da ALCOA para apoiar a extração de minério no PAE juruti velho que assoreia o rio lá em juruti velho, acoberta fraudes de desviu de casas para colonos e ainda acoberta desmatamento irregular nas nascentes do assentamento. enquanto os peixes de lá são contaminados pelos minérios e desmatamento o STTR de santarém irriga sua conta que não pode ser investigada. O maior atraso para aregião e os colonos desta terra é este sindicato, máfia de manobra das ONGS a serviço internacional.
    Se vão ou não fazer hidrelétricas não sei, se é bom ou ruim para a amazonia o povo tem que ser ouvido no entanto este sindicato não tem moral para tratar em nome do povo da região.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *