Fasepa: “Desestruturação da família prejudica ressocialização de infrator”

“O papel da Família no Contexto do Cumprimento de Medidas Socieducativas”, este foi um dos temas do evento que reuniu cerca de 250 pessoas no auditório do Seminário São Pio X, em Santarém, oeste do Pará. A ação que aconteceu na sexta-feira(25/11) e sábado(26/11) é fruto do projeto “Ressignificando Caminhos na Socioeducação”, realizado pela Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), em parceria em parceria com Regional Norte II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Diocese de Santarém, e Faculdades Integradas do Tapajós (FIT).

O tema é relevante, uma vez que é considerado um dos pilares que contribuem para reabilitação dos jovens infratores. Segundo Simão Pedro, presidente da Fasepa, é muito comum encontrar famílias desestruturadas na vida dos jovens atendidos na instituição.

“Costumamos promover encontros desta natureza, para discutir as políticas públicas voltadas à socioeducação, o dia a dia das unidades, e agora chegamos em uma etapa onde era necessário o envolvimento da família e da sociedade. Vários atores que participaram desse processo reuniram-se para o debate. Juntos definimos uma pauta efetiva de ações que ajudem a transformar a realidade dos socioeducandos. Esse foi bastante positivo, pois conseguimos um público composto em mais da metade por familiares”, explicou Simão Bastos, presidente da Fasepa.

O evento teve início às 14h e contou com apresentações de dança e percussão feitas por jovens reeducandos das unidades da Fasepa em Santarém. “Com esse projeto também trabalhamos a socioeducação por meio da arte, música e esporte. Também trabalhamos a questão da espiritualidade, como forma de garantir a eles um suporte emocional, com o apoio de parceiros”, informa Bastos.

Após as apresentações, a titular da 5ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de Santarém, Josineide Pamplona, proferiu uma palestra sobre o tema “O papel da família na ressocialização”. Para a magistrada, a família é de extrema importância dentro do processo de ressocialização do jovem infrator. “É um lugar de pertencimento. Primeiro a pessoa pertence à família, onde se dá o início da formação individual, depois pertence à sociedade”, defendeu Josineide.

A juíza destacou a responsabilidade da família especialmente na recepção do adolescente após o cumprimento da medida socioeducativa, já que muitas relações se encontram fragilizadas nesse processo. “A inclusão da família também faz parte de um processo de responsabilização mais geral, no qual pais e filhos são chamados a refletir sobre seus erros e acertos, e sobre o que podem fazer para prevenir conflitos. Em geral, muitos adolescentes que se envolvem com atos infracionais são encontrados em situação de extrema fragilização dos vínculos familiares. Uma das etapas da ressocialização visa justamente fortalecer esses vínculos e inserir a família na rede social de atenção básica para superar os elementos de vulnerabilidade e para que ela passe a ser um nicho de proteção para esse adolescente”, concluiu a magistrada.

Para o bispo Dom Flávio Giovenale, o evento realizado pela Fasepa em parceria com a Arquidiocese é de extrema importância para buscar meios de reinserir esses jovens de forma digna na sociedade. “Não estamos aqui para achar culpados e, sim, apontar caminhos. E educação sempre é o melhor deles”, disse o bispo.

O evento prosseguiu no sábado (26/11). A programação contou com mesas de debate que pontuaram o papel de cada um dos participantes no processo de ressocialização do jovem em conflito com a lei, além de expor o resultado do trabalho desenvolvido nas oficinas e demais atividades voltadas aos menores assistidos pela Fasepa nas unidades de Santarém.

Por: Edmundo Baía Júnior

Fonte: RG 15/O Impacto

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