Crianças não são imunizadas em Santarém

Em Santarém, oeste do Pará, mães relatam a preocupação sobre a falta de doses de vacinas de prevenção de doenças para bebês. O problema tem acontecido em postos de saúde de vários bairros do Município e crianças têm corrido o risco de ficar sem a imunização.

Pais e responsáveis de crianças denunciaram à nossa equipe de reportagem que nos últimos meses é constante a falta de vacina nas unidades de saúde. A situação também atinge o Centro de Referência da Saúde da Criança, conhecida como ‘Casa da Criança’, localizada na Avenida Barão do Rio Branco, nas dependências do Complexo Hospitalar Municipal.

“A gente traz as crianças para serem vacinadas, chegando aqui, eles dizem que não têm disponibilidade, e que é para virmos outro dia. Minha vizinha já veio várias vezes aqui, e ainda não conseguiu vacinar a filha”, relata a dona de casa Vanda Silva, moradora do bairro Aeroporto Velho.

Outra mãe revela, “É um descaso total, a situação é frequente. Inclusive procurei por várias vezes outros postos de saúde em outros bairros, e a situação é a mesma daqui do posto do Aeroporto Velho. Isso é preocupante, dizem que está em falta, mas não citam quando terá, é preocupante, pois sabemos que há um ciclo para as doses”, disse Solange Santos.

A professora Maria Aparecida, 37 anos, passou pela mesma situação, e só depois de procurar em três unidades de saúde conseguiu a vacina BCG para a filha. Ela conta que atendentes do posto de saúde próximo à sua residência pediram para que voltasse no local em 15 dias para averiguar se a dose havia chegado, fator que causou preocupação à mãe que optou por não esperar.

“Sabemos que a vacina é importante para evitar as doenças, e tem um ciclo viral e já está em atraso, pois, tem uma semana que fui lá e não tinha. Agora esperar mais todo esse tempo para saber se terá, complica. Consegui depois de ir em vários locais, mas, isso não pode ficar assim, muitas não têm tempo para correr atrás e nem como tirar do bolso”, cita.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde (SESMA), a dificuldade na obtenção das vacinas tem acontecido por falta de repasse das doses por parte do Ministério da Saúde. A Secretaria tem se empenhado em buscar resolver o problema, porém, ainda não se tem um prazo para que isso aconteça.

Nossa equipe de reportagem conseguiu apurar, e existe dificuldade na disponibilização de vacinas como: DTP – que protege a criança contra três doenças graves: difteria, tétano e coqueluche; Hepatite A; Hepatite B; BCG e Imunoglobulina Humana Anti Varicela Zoster.

As vacinas da BCG e da hepatite B são as mais procuradas por conta dos recém-nascidos, que, segundo os profissionais da saúde, deveriam sair dos hospitais imunizados. Sem muita escolha, resta aos pais procurarem periodicamente os postos de saúde para saber dos possíveis dias de disponibilização as doses.

FALTA VACINA CONTRA VÍRUS DA RAIVA: A raiva em humanos quase sempre leva à morte, por isso é importante que a imunização seja realizada logo após a mordida do animal. Porém, em Santarém, os pacientes que procuram as unidades de saúde para receber a dose da vacina estão recebendo negativas quanto à disponibilidade da vacina antirrábica.

De acordo com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), a unidade tem recebido poucas doses. “O quantitativo que está vindo é mínimo, a gente distribui para algumas UBS prioritárias, que sempre têm mais demandas, mas infelizmente não atende todo mundo”, explica João Alberto Coelho, coordenador do CCZ.

Ainda segundo João Alberto, o Ministério da Saúde não determinou um prazo para que a situação seja normalizada.

Transmitida por meio da saliva dos animais contaminados, a raiva é passada, principalmente, pela mordida dos animais doentes – sejam eles gatos ou cães. Nos cachorros e no homem, o vírus da doença pode permanecer encubado por até 2 meses antes que os seus sintomas (também bastante similares) comecem a aparecer; sendo que, nos gatos, a doença destaca sinais diferenciados, mas não menos agressivos.

PARÁ REGISTRA MAIS DE 6 MIL CASOS DE DENGUE EM 2016: A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) divulgou o 16º Informe Epidemiológico de 2016 sobre os casos registrados no Pará de dengue, zika e febre chikungunya, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Em 2016, até o último dia 06 de dezembro, foram contabilizados 6.202 casos de dengue, 2.654 de zika e 668 de febre chikungunya.

As maiores ocorrências de dengue aparecem nos municípios de Belém (561 casos), Dom Eliseu (482), Marabá (460), Alenquer (440), Itaituba (313), Oriximiná (301), Parauapebas (298), Tucuruí (290), Pacajá (221) e Novo Progresso (220). Os municípios com maior número de casos de zika são Belém, Marituba e Rio Maria, e de chikungunya são Capanema, Belém e Dom Eliseu.

No período de abrangência do Informe Epidemiológico não houve registro de mortes no Estado em função dessas doenças. A Sespa continua orientando que as secretarias municipais de Saúde informem, no período de 24 horas, a ocorrência de casos graves e mortes que podem ter sido causadas pelas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

Para a confirmação da causa da morte é necessária a investigação epidemiológica, com aplicação do Protocolo de Investigação de Óbito do Ministério da Saúde, que prevê exames específicos em laboratórios credenciados, como o Laboratório Central (Lacen) e o Instituto Evandro Chagas (IEC), preconizados pelo Programa Nacional de Controle da Dengue. O procedimento garante o correto encerramento de casos graves e óbitos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

MONITORAMENTO: As ações de combate à dengue competem aos municípios, que devem cumprir metas. Entre os procedimentos essenciais estão vistorias domiciliares por agentes de controle de endemias. Paralelamente, a Sespa faz o monitoramento dos 144 municípios, que receberam o incentivo do Ministério da Saúde para vigilância, prevenção e controle da dengue, e orienta as prefeituras sobre o uso correto de inseticidas (larvicidas e adulticidas).

A Secretaria de Saúde também promove visitas técnicas aos municípios para assessoramento das ações do programa de combate à dengue, além de apoiar a capacitação para o atendimento de casos de febre chikungunya e zika.

Quando há necessidade, a Sespa faz o controle vetorial, como bloqueio de transmissão viral nas localidades, e articula ações com órgãos municipais de saneamento e limpeza urbana, tendo em vista a melhoria da coleta e destinação adequada de resíduos sólidos. Também são realizadas ações educativas e de mobilização, para incentivar a participação da população no controle da dengue.

Sintomas – Os vírus da dengue, chikungunya e zika são transmitidos pelo mesmo vetor, o Aedes aegypti, e provocam sintomas parecidos, como febre e dores musculares. Mas as doenças têm gravidades diferentes. A dengue é a mais perigosa, devido aos quatro sorotipos diferentes do vírus, causando febre repentina, dores musculares, falta de ar e indisposição. A forma mais grave da doença é caracterizada por hemorragias e pode levar à morte.

A chikungunya caracteriza-se principalmente pelas intensas dores nas articulações. Os sintomas duram entre 10 e 15 dias, mas as dores podem permanecer por meses, e até anos. Complicações sérias e morte são muito raras. Já a zika apresenta sintomas que se limitam a, no máximo, sete dias.

Mesmo com o período de estiagem na região, quando há menor volume de chuvas, a população deve continuar combatendo possíveis criadouros do mosquito. Se houver dificuldade, as pessoas devem acionar os programas municipais de controle da dengue mantidos pelas prefeituras. As equipes de profissionais capacitados visitam as casas para inspecionar possíveis locais que sirvam de criadouro para o mosquito, com o objetivo de eliminar os focos e orientar os moradores quanto à prevenção e controle do Aedes aegypti.

Por: Edmundo Baía Júnior

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