Setor agropecuário de Altamira alavancará economia da região

Deputado Ozório Juvenil e vereadores Raimundo Aguiar e Isaac da Silva estão à frente de projeto para setor agropecuário.

O deputado estadual Ozório Juvenil acompanhou os Ministros da Integração Nacional e, das Minas e Energia, quando da vinda de ambos a Altamira, para assinarem juntamente com o Diretor da CELPA, um contrato no valor de R$ 224 milhões, previsto no Programa Luz para Todos. Os recursos serão aplicados na ampliação de redes de distribuição de energia. Na oportunidade entrevistamos o Deputado e, os vereadores Raimundo Aguiar e Isaac Costa da Silva, sobre o projeto de ambos, cujo objetivo é dinamizar o setor agropecuário no Município, iniciativa que tem total apoio do deputado Ozório Juvenil.

Jornal O Impacto: Para algumas correntes do movimento de preservação ambiental, as fronteiras agrícolas, mais especificamente a pecuária extensiva praticada no Pará, tem causado muito mais devastação ambiental do que benefícios socioeconômicos. Qual a opinião dos senhores a esse respeito? Este projeto visando intensificar a pecuária não está de certa forma na contramão da consciência depreservarmos o meio ambiente?

Deputado Ozório Juvenil: Não resta a menor dúvida que a sociedade precisa repensar suas relações com a natureza. Entretanto, independentemente da polêmica que este assunto gerará se considerar o fato de o setor agropecuário se constitui em uma das principais bases da economia de nosso Estado. O mais sensato é encontrarmos formas de verticalizar a produção dinamizando o setor. Por isso o projeto dos vereadores Raimundo de Souza Aguiar e Isaac Costa da Silva, merece apoio integral, não só meu, mas de toda a sociedade. Não é de agora que eu venho lutando pelo desenvolvimento de nossa agropecuária. Respondendo sua pergunta: considero a tese que você levantou extremamente sectária, na verdade é uma visão surreal norteada pela Teoria de Gaia, que defende a Amazônia como um santuário intocável.  Quem defende esta ideia está sofismando com argumentos embasados em fatos ocorridos no início do processo de ocupação desta fronteira agrícola. Literalmente é uma espécie de fundamentalismo verde; isto é, oposição sistemática a qualquer ação de exploração dos recursos naturais na Amazônia. Não podemos fugir da realidade. A ação antrópica é indelével ao processo de evolução e sobrevivência da humanidade. Essa teoria da Amazônia incólume é equivocada e radical e, como todo e qualquer radicalismo, é inconsequente. Como deputado, filho desta terra, tudo que contribuir para o desenvolvimento socioeconômico de meu Estado, é de meu interesse e, tem o meu apoio. Por isso, pela importância socioeconômica da agropecuária para o Pará, procuro sempre ser protagonista nas ações que visam nosso desenvolvimento. A pecuária extensiva nos seus primórdios, na década de setenta, realmente causou devastação ambiental. Isso porque naquela época não existia a consciência ambiental que hoje temos. Os colonos agiram de acordo com o pensamento da época, atenderam as condições impostas pelo governo sob a égide da filosofia do ocupar para não entregar. Isto é, a necessidade de dominar o então considerado “Inferno Verde”. Foi um mal necessário. O boi, quatro séculos depois repetiu aqui na Transamazônica a saga dos Garcia Dávila, que desbravaram os sertões do Brasil colonial, através do estabelecimento de seus currais de gado. Mas, hoje a realidade da Transamazônica é outra. Embora seja preciso evoluir ainda mais, os pecuaristas, até por força das Leis de proteção ao meio ambiente bem mais rigorosas procuram se adequar à legislação vigente. Além disso, a própria evolução da pecuária exigindo o uso de tecnologias modernas a fim de se imprimir rentabilidade e sustentabilidade diminuiu muito seus impactos negativos na natureza. A agropecuária é um setor economicamente consolidado. Por isso deve ser cada vez mais dinamizado, assim preservando a natureza, porque a maior ameaça ao meio ambiente é a pobreza da população, que induz ao crescimento horizontal da exploração dos recursos naturais.

Com relação ao cacau, dispensa comentários, é uma cultura reflorestadora que preserva os solos, além de ter grande impacto social pela liquidez e rentabilidade que apresenta. O Polo agropecuário de Altamira tem uma produção de cacau em torno de 215.600 t e, possui mais de dois milhões de cabeças de gado. Só o município de Altamira, tem aproximadamente 556.000 rezes. Isto são números fantásticos que impõe aos governos nos três níveis da administração pública todo o empenho no sentido de dinamizá-la.

Vereador Isaac Silva: Não sou doutor em economia, nem há necessidade de formação a esse nível para ver que é a agropecuária quem sustenta a população dessa região. Qualquer pessoa que tem senso de observação vai enxergar que para evitar o avanço do desmatamento a saída é dinamizar o que já está sendo explorado. Quem condena a agropecuária na região, ou tem interesses contrariados, ou não conhece a nossa realidade. Não existe no Brasil, lugar melhor para plantar cacau e, criar boi, do que nossa região. Aliás, o cacau como o açaí, é nativo da Amazônia. Eu sou filho de Altamira, nasci antes da abertura da Transamazônica e, pelo que vivi na infância, sobretudo, pelo que dizem os mais antigos sobre as dificuldades que enfrentavam, não tem nem como comparar as oportunidades de hoje, com a que o povo tinha antes da colonização. Como tudo tem um preço, o preço pago pela natureza para que a gente pudesse melhorar nossa vida e, também, pudéssemos dar condições de vida aos milhares de colonos que vieram à procura de melhorias, foi derrubar uma parte da floreta. Porque coletando castanha, sangrando seringa, mariscando gato e onça na mata, empurrando jangada de toras rio abaixo ou plantando lavoura branca para sobreviver, únicas atividades com que o povo contava para ganhar algum trocado, a gente nunca chegaria aonde chegamos. Se não fosse o cacau e o boi, Altamira ia continuar sendo uma currutelazinha de beradeiros dependentes em quase tudo das ações da Prelazia do Xingu.

Vereador Raimundo Aguiar: Como muito bem colocou o Isaac; só não enxerga o desenvolvimento que o cacau e o boi trouxeram para a região, quem não quer ver. Eu sou um exemplo vivo dos milhares de colonos que vieram à procura de oportunidades para melhorar de vida. Aqui, com a ajuda de Deus, que nos presenteou com esta natureza tão rica, consegui me estabelecer, constituir minha família, enfim, ser de direito e de fato, um cidadão. Esse negócio de não poder mexer na natureza é conversa de gente que não tem coragem de enfrentar o batente. Porque enfrentar a “Transamargura” como nós enfrentamos para desbravar essa região há quarenta anos não é coisa pra gente que só conhece ambiente de ar condicionado, que não sabe distinguir uma castanheira de um pé de tomate, mas, sabe comer todos os dias o que nós produzimos. A natureza existe para o homem explorar e viver dela. Será que querem que a gente vire índio? Aí sim, é que o meio ambiente ia se acabar. Haja tatu, peixe, paca, veado, etc. para dar de comer a essa multidão de índios. Condenar a agropecuária é mesmo que condenar as pessoas a morrerem de fome. Ela é importante para o povo que vive na zona rural e, para as pessoas das cidades.  O campo vive sem a cidade, agora eu quero ver a cidade viver sem as coisas produzidas no campo. Eu sou totalmente contra quem derruba mata de forma irresponsável, só para especular. Também sou contra a quem condena os que exploram a natureza para produzir alimentos. Esse povo na hora de comer um queijo, um churrasco, um chocolate ou, tomar um copo de leite, devia pensar que para a terra produzir alimentos o homem tem que amansá-la, retirar o mato e, que o boi que vira bife, filé etc., pra matar a fome do povo, não come Acapu, Jarana, ou Maxarimbé. Boi come é capim!

Jornal O Impacto: O que traz este projeto, para que vocês e, o Deputado o defenda com tanto entusiasmo?

Deputado Ozório Juvenil: Minha luta pelo desenvolvimento da pecuária de nosso Estado, não é de agora. A pecuária na região da Transamazônica avançou muito quanto aos índices técnicos: melhoramento genético, qualidade das pastagens, suplementação mineral, controle de zoonoses etc. Entretanto, quanto ao aspecto macroeconômico ficou estagnada, continua como uma região economicamente voltada para exportação de sua produção in natura, isto é; cacau em amêndoas e, boi em pé (vivo). A permanência neste estágio coloca a agropecuária da região diante de um impasse: Continuar como está, assim limitando seus horizontes de crescimento, consequentemente comprometendo seu futuro e a sua sustentabilidade. Ou, dinamizar-se para poder continuar a evoluir. Pode ser difícil, mas, não é utópico. Isto significa termos que explorar todo o segmento da cadeia produtiva em Altamira, que é o centro geoeconômico da região, detentor de uma estrutura urbana perfeitamente compatível à implantação de um Polo industrial voltado para a agropecuária. Para que se tenha uma ideia desta necessidade. Só com a tipificação do cacau da região como “Tipo amazônico”, que tem em média um deságio de R$ 1,00/Kg, em relação ao cacau baiano, a região perde algo em torno de R$ 215,6 milhões. Por não industrializar seus produtos, deixa de ganhar também porque não agrega valores à produção. Só com a perda de peso dos animais no transporte para o abate lá fora, em 2015, os pecuaristas perderam algo em torno de 76 toneladas de carne. Perde também o Município porque deixa de arrecadar receita. O imposto sobre a carne é pago aonde o gado é abatido. Esse projeto tem como objetivo constituir uma Comissão Parlamentar para fazer a articulação política em nível de Estado e do Congresso Nacional. Paralelamente, criar Leis de incentivos fiscais que atraiam os empreendedores. Se conseguirmos trazer para Altamira a indústria do cacau e as indústrias ligadas ao processamento do boi; carne e, demais derivados, além da agregação de valores à produção, a importância social desta conquista será imensurável. No médio prazo o Polo industrial ligado à pecuária e ao cacau terá condições de gerar direta e indiretamente algo em torno de 18.000 empregos. Temos todas as condições básicas para concretizarmos os avanços de nossa agropecuária: Produção em quantidade e qualidade, para atender as demandas da indústria. Em relação a outras regiões produtoras estamos bem mais próximos dos mercados internacionais, o que aumenta a nossa competitividade. A meu ver, só está faltando determinação política, arregaçarmos as mangas para transformarmos o sonho em realidade. Quanto a isso não tenha dúvida, nós lutaremos incansavelmente.

Vereador Isaac Silva: Não posso responder sua pergunta com uma argumentação em nível da explanação feita pelo deputado Ozório Juvenil, seria pretenciosidade. Entretanto, traduzo meu pensamento através da sabedoria popular “Quem não se desenvolve, puxa carroça”. A gente precisa industrializar o Município para sair dessa condição de simples produtores rurais. Temos que industrializar nossos produtos, principalmente o boi e o cacau. A região tem perto de dois milhões de cabeça de gado e, uma produção de aproximadamente 215.600 toneladas de cacau. Tem um ditado que todo mundo conhece “Do boi só se perde o berro”! É verdade, mas, é preciso que nós, políticos da região, empresários, pecuaristas, entidades de classe, por fim, a população acorde, para que “A nossa vaca não vá para o brejo”. Só perde o berro do boi, quem industrializa a produção. A gente mandando para fora; o cacau em amêndoas e o boi em pé, perde o berro, o filé mignon e, o couro, enfim, entregamos a carne e o chocolate, ficarmos com os ossos e a embalagem.

Vereador Raimundo Aguiar: Eu também não tenho a formação do Deputado, mas, modéstia à parte, sou doutor na faculdade da vida. Não vou me alongar repetindo o que já foi muito bem explanado. Na condição de comerciante eu não só enxergo, mas, sinto no próprio caixa do meu comércio a importância da agropecuária para a nossa população, e toda a população dos demais municípios desta região. Nós não temos indústrias, vivemos da produção do campo. Não fosse o cacau e o boi para fazer circular dinheiro, o comércio das cidades dessa região não passaria de meia dúzia de bodegas. Por isso eu e o vereador Isaac, com o apoio do deputado Ozório Juvenil, estamos lutando para que esse projeto de articulação política em defesa de nossa agropecuária tenha êxito. Esperamos a adesão de todos os segmentos da sociedade a esse  primeiro dos muitos passos que haveremos de dar nessa caminhada para novos tempos, não só para Altamira, mas, para toda a nossa região da Transamazônica. Porque agregando valores à produção do setor rural, especialmente à pecuária e ao cacau, nossos produtos vão ter mais valor, vai haver mais produção de manufaturas, que vai gerar emprego e renda. E havendo renda o dinheiro corre, todo mundo ganha.

Por: Pierre Ramalho

Fonte: RG 15/O Impacto

2 comentários em “Setor agropecuário de Altamira alavancará economia da região

  • 5 de julho de 2020 em 11:30
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    Bom dia.
    Quero aqui parabenizar aos vereadores: Isac e Raimundo, juntamente ao Dep Osório Juvenil, que tão sabiamente defenderam o meio de forma justa e compreensível, na região de Altamira PA.
    Sou Goiano e com propriedade em Mato Grosso, e gosto de compartilhar de assuntos de tão importância como; defender em primeiro lugar o auto sustento da populaçao, através de suas.propriedades rurais..
    Entende que sem a produção pelo homem do Campo, até mesmos os jornalistas que defendem somente árvores em pé deveriam alimentar se de esgotos da zona urbana,
    Ao defente um meio rural original ou intacto.
    Eu alimento de arroz, soja e gado e outros..
    Se querem tanto conservar somente arvores deveriam manifestar também radicalmente contra incêndios criminosos que os índios fazem todos anos matando tanto nossa fauna como também as florestas que deixamos de reservas permanentes.
    Diôgo Nunes
    Comedor de alimentos produzidos no campo
    Kkk

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  • 3 de março de 2017 em 14:32
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    Faltou apenas falarem da região de Altamira que fica as margens da Rodovia BR 163, que também tem grande potencial agropecuário e agrícola, aliás, já estamos plantando Arroz, milho e Soja, além é claro da criação do gado, que saem as centenas destinadas aos frigoríficos de Mato Grosso e demais estados.

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