Valdomiro Souza: “Ufopa é a maior inquilina de Santarém”

Professor diz que a próxima gestão precisa colocar o interesse público acima do individual

O professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Valdomiro Souza, que é um dos pré-candidatos ao cargo de reitor da Universidade, em eleição que ocorrerá em dezembro, esteve em nossa redação, onde falou sobre vários temas envolvendo a instituição de ensino. Professor Valdomiro Souza nasceu no municipio de Capitão Poço – Pará, e muito pequeno se mudou para cidade de Ourém, em seguida para cidade de Bragança. Em 1982 morou em Belém e está residindo em Santarém desde agosto de 2012, ou seja, está fixado há cinco anos  na Pérola do Tapajós.

“Eu digo com muita traquilidade, que apesar de não ter nascido aqui em Santarém, eu me senti acolhido por esse povo maravilhoso que temos aqui e me sinto muito bem nesta cidade. Posso dizer com toda tranquilidade, trata-se de uma das cidades mais bonitas do Brasil, eu gosto de morar em Santarem, gosto do povo daqui, gosto de trabalhar na UFOPA, então, eu me sinto plenamente identificado com a popualçao regional e com os interesses da comunidade acadêmica da UFOPA. Portanto, eu estou muito à vontade para apresentar o meu nome como pré-candidato a Reitor desta que é a instituição pública mais importante do Oeste do Pará e me sinto à vontade, porque também não fui eu que me lancei como candidato e sim um grupo de estudantes, professores, técnicos e pessoas da sociedade santarena, que lançaram meu nome. Não sou candidato de mim mesmo, sou candidato de um grande número de pessoas que têm vontade de ver a UFOPA implantada em todo o Oeste do Pará e eu estou assumindo esse papel, essa tarefa, essa missão de colaborar para a verdadeira implantação da UFOPA no Oeste do Pará como um todo”, disse Valdomiro Sousa.

Segundo o professor Valdomiro, a estratégia que é estabelecida, é a de ouvir as pessoas do Oeste do Pará que estão relacionados com a UFOPA, mais precisamente estudantes, servidores, técnicos, professores e outras pessoas da sociedade. Estamos ouvindo essas pessoas para que se possa elaborar um programa de campanha que de fato represente o interesse da sociedade regional e da comunidade acadêmica da UFOPA. “Esse é momento de ouvir as pessoas. Então, é feita uma organização através de rodas de conversas, inclusive tivemos uma recentemente no Theatro Vitória que contou com a participação de estudantes, técnicos, professores, artistas e outras pessoas de órgãos públicos e de outras universidade daqui de Santarém. Essa é a nossa atual estratégia, ouvir para elaborar um programa de trabalho, nossa plataforma de gestão caso lá no futuro a gente seja vitorioso, elaborar uma plataforma de gestão que seja exequível”, declarou.

O processo de escolha de reitor e vice-reitor não termina no dia 05 de dezembro, pois neste dia é escolhido o reitor e o vice-reitor e ambos escolherão o terceiro nome, sendo que logo após esse procedimento, irá depender da canetada do Ministro da Educação. Ao observar o funcionamento, as melhorias que aconteceram, criação de novos cursos dentro desses cinco anos de trabalho junto à UFOPA, o professor afirma: “Eu diria que a próxima gestão da UFOPA precisa colocar o interesse público acima do interesse individual, que coloque o interesse da coletividade como prioridade, e posso dizer que essa próxima gestão precisa exercer as diferentes funções dentro de um contexto de humanização, digamos, o serviço público, pelo fato de que as pessoas podem ser responsabilizadas pelos seus atos e isso acaba tornando a gestão rígida demais, as pessoas acabam exercendo uma postura punitiva e policialesca e, às vezes isso acaba gerando um ambiente que favorece o adoecimento de professores e de servidores técnicos. Eu acho que a próxima gestão deve ser feita com sensibilidade, seja quem for, com menos pressão e mais humanização. Com esse espírito público é que a próxima gestão da UFOPA precisa olhar para todo o Oeste e dever ser implantada nos sete municipios. Trabalhar, consolidar os cursos em Santarem, aqui na sede, mas também precisamos olhar para todos os municípios como Itaituba, Monte Alegre, Juruti, Oriximiná, Óbidos, Alenquer e Santarém que possui a maior concentração populacional. Então, precisamos olhar para todo o Oeste do Pará e nós temos um sério problema: a UFOPA já tem sete anos de implantação e nós não temos a nossa infraestrutura, talvez nós sejamos o maior inquilino da cidade de Santarém.

A UFOPA tem recursos, mas as universidades públicas a partir do ano passado, quando inclusive ficou conhecida a ‘PEC do Teto’ e depois ‘PEC 241’, depois ‘PEC 55’ e posteriormente virou ‘Emenda constitucional 95’ que estabelece um limite para orçamentos, há vinte anos nós estamos com o orçamento engessado, o orçamento das chamadas ‘Despesas Primárias’ que são os gastos com educação, saúde, segurança, infraestrutura social e econômica, ou seja, tudo que se refere a despesas primárias. Existe um teto para o orçamento público e, lógico, um corte no orçamento para as universidades. Mas quero fazer dois destaques: a UFOPA, mediante a forma como foi organizada e continua até hoje, vem incorrendo numa falha grave para quem quer implantar de fato a estrutura física da universidade aqui no Oeste do Pará, que é, ter um histórico de não execução dos recursos de capital e aquela parte do recurso que é destinada para infraestrutura física, para as construções e também para aquisição de equipamentos permanentes, como computadores, mesas e etc. Então, temos um histórico de não execução. Em 2010, a UFOPA executou somente 10% de seu orçamento de capital e no ano de 2014 a UFOPA executou 29% do seu orçamento de capital, isso para não falar de outros anos, Então, a UFOPA priorizou a acomodação de seus discentes, dos servidores técnicos e docentes, em infraestrutura alugada. Nós temos, por exemplo, o Amazônia Boulevard, o hotel onde funciona uma unidade da UFOPA e a Casa de Leite, ambas na Mendonça Furtado, só aí nós temos uma despesa que se aproxima da ordem de 7 milhões e meio de reais ao ano. Veja bem, se a gente conseguir sair dessa situação, nós teremos uma economia de imediato de 7 milhões e meio de reais, que atualmente é gasto com aluguel desses dois imóveis. Esse valor é recurso que a universidade poderá utilizar para apoio a atividades de ensino, de pesquisas, extensão, bolsas de pesquisas, biblioteca, bolsa de mobilidade externa para estudantes e também para assistência estudantil. Podemos destinar mais recursos para capacitação de professores, para apresentação e participação em eventos científicos fora de Santarém, para capacitação dos servidores técnicos. Então, esse recurso deve colaborar para que a gente estabeleça uma dinâmica onde a nossa universidade esteja mais presente no processo de capacitação de servidores técnicos, de docentes, de apresentação de trabalhos em congressos nacionais, internacionais e para o bem estar dos nossos estudantes, tendo mais assistência estudantil, tendo mais bolsas de pesquisa para extensão, para mobilidade externa, para monitoria. Nossa universidade pode ser muito mais viva e presente nas cidades do Oeste do Pará. Todos esses assuntos são debatidos, por exemplo, em recente reunião nós apresentamos algumas propostas e foi interessante porque o público foi interagindo, acrecentando e retirando propostas, embora nos próximos dias, se Deus quiser, nós vamos fazer viagens para os municípios de Juruti, Oriximiná, Óbidos, Alenquer, Monte Alegre, Itaituba e intensificar a participação e as visitas para ouvir as pessoas também aqui em Santarém”, finalizou o professor Valdomiro Souza.

Por: Allan Patrick

Fonte: RG 15/O Impacto

4 comentários em “Valdomiro Souza: “Ufopa é a maior inquilina de Santarém”

  • 24 de outubro de 2017 em 20:33
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    uma das maiores virtudes de alguem que se preocupa com o ser humano é não usar sua posição ao interesse próprio e sim ao coletivo nós precisamos crescer no aspecto coletivo

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  • 20 de outubro de 2017 em 08:10
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    Fiscalizar ninguém inclui no plano de gestão. Dá bolsa é mais simples do que se imagina, sem exagero, uns 70% dos discentes tem bolsa. É necessário fiscalizar, pra saber se há cumprimento de regras. Por exemplo, para quilombolas e indígenas é necessário estar matriculado apenas, não é fiscalizado se foi ou não aprovado em disciplinas.

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  • 19 de outubro de 2017 em 19:43
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    Estamos apoiando este professor pois além de muito querido ele realmente nos representa, tem capacidade técnica e propostas embasadas no coletivo e na consulta junto aos alunos, tecnicos e professores. Ele diz o que fazer e como fazer, por isso apoiamos não só sua candidatura e finalmente alguém que acreditamos

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    • 20 de outubro de 2017 em 08:12
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      Esse é o servidor que se treme todo – por conta “que sente uma emoção muito grande – aos falar em público?

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