Demora em transferência expõe pacientes a risco de morte

Arielton Feitosa, filho de uma paciente expõe a indignação diante da arbitrariedade

Na redação do O Impacto, tornaram-se frequentes denúncias em relação à dificuldade de transferência de pacientes, seja do Hospital Municipal de Santarém (HMS) para o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), bem como do Regional para a Belém.

Muitas pessoas vivem o drama de ter de se conformar com a demora dos órgãos de saúde ao atendê-los, não importa o grau da gravidade do problema de cada paciente, mesmo com a papelada e burocracia exigida devidamente preenchida. Boa parte dos pacientes que necessitam de atendimento médico especializado urgente e vital, lamentavelmente tem que esperar.

Algumas situações, mesmo com os pacientes em situação de risco de morte iminente, tem que contar com a sorte ou a boa vontade dos gestores dos órgãos de saúde, como é o caso da mãe do jovem trabalhador Arielton Feitosa Batista, morador da comunidade de Perema, na região do planalto santareno, às margens da Rodovia Estadual Santarém/Curuá-Una. Nos últimos meses, ele e seus familiares estão vivendo um verdadeiro drama, pois se trata de momentos em que a esperança quase parece se esvair.

Maria de Fátima Oliveira Feitosa, de 49 anos, mãe de Arielton foi diagnosticada com uma grave doença. Há quatro meses ele, familiares e amigos estão correndo atrás do tratamento para o problema de saúde de sua mãe. “Nós viemos para o Hospital Municipal em busca do tratamento para o problema de saúde da minha mãe, rompeu-se uma veia arterial do coração, segundo o médico, minha mãe não iria sobreviver, pois as chances dela eram mínimas, a qualquer momento pode se romper, pode acontecer outra crise, ou seja, ela pode morrer há qualquer momento. Nós viemos para Santarém no dia 22 de setembro, por volta das 16 horas, primeiramente para a maternidade, foi então que conseguimos uma ambulância para transportá-la para o Hospital Municipal, ela ficou na UTI cerca de 10 a 15 dias, depois colocaram ela para baixo na enfermaria, sendo que lá na enfermaria não tinha central de ar e os equipamentos adequados que ela precisava, ela passou dois dias na enfermaria onde contraiu uma trombose na perna, aconteceu uma nova crise de falta de ar, ela dizia que ia morrer e então a levaram para UTI novamente, e foi então que a encaminharam para o UTI do Hospital Regional. Minha mãe passou no Hospital Municipal mais de um mês, e ninguém resolveu nada, a Secretária de Saúde não deu uma resposta rápida, mesmo o médico afirmando que o caso era de risco de morte, eles disseram que ela teria de ir para Belém, corremos atrás, organizamos toda a documentação pela Secretaria de Saúde do Município, e então eles disseram que era só esperar, e até hoje estamos esperando, ela está no Hospital Regional há 01 mês e 10 dias, o documento do TFD-Tratamento Fora Domicílio foi feito, laudo médico, ela iria na UTI móvel, agora ele disse que ela vai em voo doméstico”, conta.

Conforme relata o jovem trabalhador, o Secretário de Saúde do Estado, o Sr. Vitor Mateus não tem dado nenhuma resposta, “o médico foi bem sincero comigo, ele disse que a cirurgia da minha mãe é arriscada e a chance de ela sobreviver é de 5 a 10%. Como estamos falando de um procedimento que envolve a veia principal do coração, trata-se de um procedimento bem detalhado, e no Hospital Municipal não é feito esse procedimento porque não tem o equipamento que bombeia o sague para o coração, esse equipamento está disponível apenas em Belém, então a gente fica nessa luta, estamos indo constantemente na Secretaria de Saúde do Estado e eles alegam não terem resposta, vamos Hospital Municipal com o diretor e ele disse que não sabe de nada, também fomos com a assistência social, ou seja, ficam nesse vai e volta e faz tempo que minha mãe precisa dessa cirurgia”.

É uma situação lastimável que cria revolta principalmente para as pessoas que acompanham esse caso desde começo. No entanto, a situação mais triste em toda essa história é o desleixo com a saúde. Talvez se fosse um político, uma pessoa famosa ou alguém em condições privilegiadas, com certeza, se fosse com a mãe de qualquer indivíduo como esses citados, a mesma já estaria apenas se recuperando dessa cirurgia, mas como se trata de uma pessoa humilde, é esquecida e levada no “banho Maria”, ignorada por nossos representantes. Secretário Vitor Mateus, o que o senhor está esperando? Será que acontecer o pior? Informações que obtivemos, são que essa situação não é a única.  Existem muitas outras pessoas na fila esperando uma ação do Estado para resolver esses problemas. O jovem Arielton está pedindo providências porque a vida da mãe dele é muito preciosa para ele, para vocês talvez não, mas para ele e a família dele sim. “Eu peço a ajuda dos nossos governantes, minha mãe precisa muito dessa cirurgia, às vezes ela me pergunta ‘meu filho quando eu vou sair daqui?’ Eu respondo: “Em breve mãe”. Estamos lutando, é difícil ver sua mãe ali daquele jeito, é revoltante, sabendo que só precisa de uma vontade a mais dos responsáveis para se desenrolar essa situação. A questão do TFD, se já está tudo resolvido e encaminhado, está tudo certinho, a pergunta que paira no ar é ‘o que falta?’. Finaliza emocionado Arielton Feitosa Batista.

Por: Edmundo Baía Júnior

Fonte: RG 15/O Impacto

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