Cantora defende políticas públicas para alavancar o Carimbó

Para a intérprete e produtora cultural, falta a inclusão do Carimbó em conhecimentos gerais nas escolas paraenses

Maria Lídia se destaca na música paraense com mais de 30 anos de carreira

Figurando entre as mais conceituadas artistas do Estado do Pará, a cantora Maria Lídia, que é natural de Santarém, defende a união de grupos e a implantação de políticas públicas para que o Carimbó, considerado o carro-chefe da cultura do Pará, possa ser melhor divulgado em nível nacional e internacional. Além de compositora, Maria Lídia se destaca na música paraense como intérprete, arranjadora e produtora cultural com mais de 30 anos de carreira.

Para ela, falta também a inclusão do Carimbó em conhecimentos gerais nas escolas paraenses, para que a música e a dança possam se alavancar. “Para que o Carimbó seja mais divulgado, precisa, na minha opinião, do apoio da gestão pública na área de cultura, com a implantação de políticas públicas, nesse sentido, e a classe  se unir mais. Falta também incluir o Carimbó em conhecimentos gerais nas escolas públicas e privadas do Pará. Tem que divulgar a história do Carimbó, desde instrumentos criados, até música e dança”, sugere Maria Lídia.

Em Marapanim, Marudá e na região do Salgado, de acordo com ela, já existem festivais apoiados pelo governo do Pará. Porém, no Oeste paraense, segundo Maria Lídia, ainda falta empenho da gestão pública. “No Salgado já existe, inclusive, um braço do governo do Estado naquela área. Já no oeste do Pará, falta mais empenho da administração pública, não pra patrocinar, mas pra fomentar a divulgação da nossa cultura, assim como a união dos grupos de Carimbó”, afirma.

Maria Lídia destaca que em Santarém também já existe o Festival Folclórico, que acontece no mês de agosto, onde o Carimbó é um dos segmentos, mas, segundo ela, falta uma divulgação maior em outros eventos da região. “Alguns eventos da região estão ao contrário de outras manifestações populares, como o carnaval do Rio de Janeiro, as tribos de Juruti e os bois de Parintins, onde já existe o apoio de música e dança do Carimbó, dando essa visibilidade. E o Carimbó é isso, é dança e ritmo contagiante e, que falta muito pouco pra ele deslanchar, mas como eu falei, falta união para que isso aconteça”, exclamou Maria Lídia.

PATRIMÔNIO CULTURAL: O Carimbó recebeu oficialmente em Belém, no dia 11 de novembro de 2015, o título de Patrimônio Cultural Brasileiro, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O pedido de registro foi apresentado pela Irmandade de Carimbó de São Benedito, Associação Cultural Japiim, Associação Cultural Raízes da Terra e pela Associação Cultural Uirapurú. Entre os anos de 2008 e 2013, o Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan e a superintendência do Iphan no Pará conduziram o processo de registro e realizaram pesquisas para a identificação do Carimbó em diversas localidades do Estado.

TRADIÇÃO: Criado no século XVII por negros africanos do nordeste do Pará e com influências indígena e ibérica, o Carimbó é uma das mais tradicionais expressões culturais do Estado e da região amazônica. Hoje, a expressão Carimbó é utilizada como referência à expressão que envolve festa, música e coreografia características e tradicionalmente reproduzidas no nordeste paraense. Os temas das canções, em geral, são alusivos a elementos da fauna e da flora da região, ao dia a dia do trabalho e às práticas cotidianas.

 PROJETO “ARTE DO CARIMBÓ”: Em abril do ano passado, o Projeto “Arte do Carimbó”, idealizado pela Prefeitura de Santarém, em parceria com as Secretarias Municipal de Cultura, Turismo, Agricultura e Pesca, Meio Ambiente e o Movimento de Carimbó do Oeste do Pará, foi realizado no Parque da Cidade e acontecia todos os sábados, sendo que o local transformou-se em um grande cenário carimboleiro. As atividades sempre ocorriam no Malocão do Parque e iniciou com informações sobre o curimbó, instrumento de percussão característico do ritmo amazônico e logo após, houve a apresentação do Grupo Kuatá da Vila de Alter do Chão.

“O curimbó é o tambor de raiz. É confeccionado a partir dos troncos de árvores que caem naturalmente na floresta. No ateliê lixamos a madeira bruta e ocamos mais ainda a peça. O acabamento é feito com o encoramento em uma das pontas, atualmente utilizamos couro de boi. A palavra curimbó na língua indígena, Tupi-Guarani, significa – curi: pau oco – e – mimbó: escavado”, explicou, em meio a uma grande roda, o mestre de carimbó e coordenador do grupo Kuatá de Carimbó, Hermes Caldeira.

Todos esperam que neste ano de 2019 esse Projeto volte a ser realizado em Santarém.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

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