Suspeita de cartel nos postos de combustíveis revolta consumidores de Santarém

Companhias pressionam os postos da região para fixar os preços nas bombas, prejudicando a livre concorrência

Em alguns postos o preço da gasolina está subindo 2 vezes por dia

Os consumidores desconfiam que o esquema envolve redes donas de postos e também distribuidoras de combustível para combinar valores no mercado local. A suspeita começou após os constantes reajustes nos preços da gasolina, do óleo diesel e do etanol. O que mais se vê em Santarém, são instalações de postos de combustíveis em vários pontos da cidade, alguns são instalados perto de escolas, hospitais e outros locais, que são proibidos por Lei.

Os consumidores sugerem que a Procuradoria do Consumidor (Procon) notifique os postos e peça uma série de documentos para entender como os empresários do setor chegam aos preços exorbitantes. “Isso virou um absurdo. O consumidor é quem paga por esses problemas causados pelas distribuidoras e donos dos postos. Tem que ter fiscalização. Caso contrário, daqui a alguns meses vamos ter que deixar os carros e motocicletas nas garagens e caminhar a pé, quem sabe quantos quilômetros até o trabalho, tudo isso porque ninguém vai ter mais dinheiro pra comprar gasolina”, disse um consumidor, revoltado com os preços exorbitantes dos combustíveis.

Há informações de que, as companhias, entre elas, Ipiranga, Shell e Petrobras, pressionam os postos da região para fixar os preços nas bombas, prejudicando a livre concorrência. Ainda, de acordo com a fonte, as distribuidoras repassam aos revendedores apenas 60% do subsídio que recebem do Governo Federal para baratear o combustível e embolsam o resto.

Quem procura o produto em Santarém, constata que os preços dos combustíveis variam entre os postos. Na semana passada, somente em um dia, em um posto de combustível pela manhã o preço do litro da gasolina estava R$ 4,43 e nesse mesmo posto pela parte da noite o valor já estava R$ 4,53, um aumento de 10 centavos no mesmo dia.

O Jornal O Impacto apurou que nos postos da bandeira Shell, a gasolina comum, nesta semana, chegou ao preço de R$ 4,48, enquanto que o diesel ao valor de R$ 3,78. Já nos postos da Petrobras, a gasolina comum chegou a R$ 4,56, enquanto que o Diesel a R$ 3,89. Nos postos Ipiranga, a gasolina comum chegou a R$ 4,53, enquanto que o Diesel a R$ 3,83. Já o etanol foi praticamente extinto dos postos de Santarém.

MUDANÇA NA PERIODICIDADE DO DIESEL: A Petrobras anunciou no dia 26 de março último, mudança na periodicidade para reajustes do óleo diesel. A partir de agora, o preço do combustível não poderá ser reajustado em períodos inferiores a 15 dias.

Até então, o valor do litro do diesel poderia variar até diariamente. Segundo a estatal, os preços do diesel nas refinarias da companhia correspondem a cerca de 54% dos preços ao consumidor final.

A estatal anunciou ainda a criação do “Cartão Caminhoneiro”, que permitirá a compra do combustível a preço fixo nos postos com a bandeira BR. O cartão deve entrar no mercado em 90 dias. Segundo a empresa, o cartão “servirá como uma opção de proteção da volatilidade de preços, garantindo assim a estabilidade durante a realização de viagens”.

A decisão foi aprovada em reunião com a diretoria executiva. Em nota, a Petrobras garante que “manterá a observância de preços de paridade internacional (PPI), abstendo-se, portanto, de práticas que poderiam caracterizar o exercício de poder de monopólio, já que possui 98% da capacidade de refino do Brasil”.

A alta do preço do combustível foi a principal justificativa para a greve dos caminhoneiros em maio de 2018.

 Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto