População transforma rua em lixão a céu aberto

Perigo é o lixo chegar ao leito do Igarapé do Irurá e acelerar o processo de contaminação do manancial

Carroças, caçambas e caminhonetes despejam lixo no local diariamente

Um cenário de agressão ao meio ambiente é visto por quem trafega na Avenida Belo Horizonte, que liga a Grande Área do Santarenzinho à BR-163, em Santarém, oeste do Pará. Na estrada, fiscalizações feitas pela Prefeitura de Santarém não são capazes de alterar o hábito desenvolvido pela população de despejar lixo no local, servindo apenas como área de pouso e descanso de urubus.

Além da fedentina, o lixão traz outros riscos à população, como doenças, insegurança e acidentes com veículos que trafegam pela estrada.

Segundo os moradores das proximidades, diariamente carroças, caçambas e caminhonetes despejam lixo no local. Restos de animais, resíduos de material de construção, carcaças e tubos de imagem de televisões, móveis e peças de carros e motocicletas são despejados no local. Os moradores temem que o lixo também chegue ao leito do Igarapé do Irurá e acelere o processo de contaminação do manancial.

PROLIFERAÇÃO DE DOENÇAS: O despejo de dejetos de forma irregular vem transformando o cenário de locais públicos em vários lixões em Santarém. Em toda a cidade, foram identificados 42 “lixões” clandestinos, segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra).

A situação de lixões clandestinos favorece o aparecimento de doenças infecciosas, acumulam água e são propícios para a reprodução de insetos, como, por exemplo, o mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, zika e chikungunya. Outra preocupação é com a doença causada pelo rato, a leptospirose.

“A gente se preocupa mais com a leptospirose, que é transmitida por rato, pela urina do rato ou vezes a pessoa ao manipular o lixo sem luva, sem proteção”, informou um infectologista à nossa reportagem.

Vários lixões clandestinos são vistos nos bairros Aeroporto Velho, Aparecida, Diamantino, Floresta, Matinha, Santarenzinho, Maicá e tantos outros espalhados pela cidade. Como se não bastasse a quantidade de lixo, tem morador que ainda ateia fogo nos resíduos. A fumaça é outro fator que incomoda.

Foram constatadas carcaças, caixas, sacolas, garrafas, entulhos, galhos de árvores, móveis e ainda restos de alimentos, provocando mal cheiro e atraindo roedores e urubus. Todo o lixo é jogado em terrenos baldios, abertos, onde também existe muito mato.

Para dar fim ao comportamento e o hábito da população em despejar lixo de forma irregular, é preciso investir na infraestrutura de ruas para assegurar a passagem de carros coletores e também a conscientização ambiental, a principal delas. O problema de educação também é outro fator que preocupa. O cidadão consciente do seu papel, não vai descartar um produto, jogando no meio da via. Ele vai procurar um local correto de descarte daquele produto. esse é o certo a fazer.

TERRENOS BALDIOS: Diante do alerta nacional sobre as doenças dengue, zika vírus e febre chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, a existência, segundo a Divisão de Vigilância em Saúde (Divisa)  de uma grande quantidade de terrenos baldios em Santarém, preocupa o órgão, pois esses locais são propícios para a reprodução do mosquito transmissor e precisam estar em condições adequadas para evitar que se tornem criadouros.

De acordo com o coordenador da Divisa, João Alberto Coelho, quando estes locais ficam abandonados com mato e lixo se tornam ambientes ideiais para o mosquito se criar, por isso a necessidade dos proprietários realizarem limpezas frequentes, retirando principalmente recipientes que acumulam água. “São nesses locais onde achamos a maioria dos focos atualmente. Alguém tem de tomar alguma providência. A Câmara de Vereadores está sabendo, o prefeito está sabendo, secretários estão sabendo. Tem de haver uma intervenção muito grande entre as secretarias, não é somente a Secretaria de Saúde ou a Divisa que tem de se responsabilizar por essa alerta. É uma decisão de governo”, alertou João Alberto, em recente entrevista à nossa reportagem.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santarém (Semma) é o órgão que tem a competência de notificar e penalizar os donos de terrenos baldios, e que o valor da multa varia, de acordo com o tamanho e a situação de cada terreno.

No período chuvoso, a Divisa sempre registra altos índices de pessoas com dengue – doença também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Na região amazônica há dois períodos climáticos: seca e chuva. O período com chuva ocorre no primeiro semestre. No fim de ano costuma iniciar o período de chuvas na região.

Por: Jefferson Miranda

Fonte: RG 15/O Impacto

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