Artigo – Hoje tudo é por petróleo, amanhã será pelas águas por debaixo de Santarém

Por Oswaldo Vasconcelos Bezerra*

Todas as ocorrências de terrorismo, guerras e golpes políticos mundo afora são motivadas pelo petróleo. Nos anos vindouros a guerra será pela água. Hoje, no mundo, já são mais de um bilhão de pessoas com dificuldade de beber água, número que tende a crescer exponencialmente. A guerra por recursos do Brasil por parte das potências estrangeiras sempre foi sangrenta e desleal.
A pressão durante o governo Dutra envolveu até envio, por parte dos EUA, de técnicos especializados para o Brasil no intuito de convencer o governo que aqui não havia petróleo. “Conforme o ‘Relatório Link’, os Geólogos americanos sugeriam ao Brasil desistir da exploração no país”. Getúlio Vargas assumiu a presidência e teve apoio do general Horta Barbosa dentro das forças armadas e só assim foi criada nossa empresa de petróleo e o regime jurídico do setor. Vargas escreveu: “Petróleo, é tudo por petróleo, eles derrubam governantes pelo mundo em busca de petróleo”.
O presidente Eisenhower ficou desapontado com Juscelino Kubitschek, quando perguntou “quando as empresas americanas vão poder explorar o petróleo brasileiro?”; JK retrucou “nunca, o petróleo brasileiro será explorado e beneficiará os brasileiros”. Talvez ali sua sentença de morte tenha sido decidida, conforme sua carta testamento.
No ano de 2010 fizemos a maior descoberta de reserva de petróleo dos últimos 30 anos. Ao mesmo tempo, segundo Eduard Snowden, ex-espião da NSA/CIA exilado na Rússia, começou a espionagem na Petrobras e no governo brasileiro para troca de regime. Após a troca de regime a chamada MP da Shell (Medida Provisória 795/2017) foi dada às empresas estrangeiras de petróleo R$ 1 tri em isenção fiscal e eliminação de 1 milhão de empregos. Fato este decisivo para o fim e  derrota de nossa guerra intitulada “O petróleo é nosso”.
Todo conflito em todo mundo agora caminha para o domínio das águas, considerado um fator determinante para a possível terceira guerra mundial. É na Amazônia onde este recurso mais se destaca. Em 2010 foi mapeado o “Aquífero Alter do Chão” na área de Santarém no oeste do Pará. Este aquífero foi considerado, na época, o maior reservatório de água do mundo. Segundo o geólogo Milton Mata, da UFPA, com novos estudos já em 2013 este aquífero passou a se chamar “Sistema Aquífero Grande Amazônia”. Devido à sua imensidão ele é capaz de sustentar o mundo por 250 anos.
Os primeiros indícios de uma guerra pela água no Brasil se iniciaram com ataques da imprensa liberal às nossas estatais do saneamento, através da desinformação. Pior, recentemente, um político brasileiro ligado a uma gigante corporação americana apresentou relatório favorável à medida provisória 868/2018. Esta MP acabou sendo aprovada no último sete de maio. No fundo, ela vai permitir a privatização dos aquíferos.
O final desta guerra pelas nossas águas poderá ser de os santarenos, que vivem acima e usufruem do maior aquífero do mundo, em breve, verem suas águas sendo vendidas ao estrangeiro, com 80% de financiamento do BNDES, e devido ao apetite do capital estrangeiro, ainda terão de brinde o risco ambiental e a finalização da universalização dos serviços. Ou quem sabe, a exemplo da Bolívia, teremos outro fim, onde os santarenos, tal quais os bolivianos iniciaram a “Guerra da Água”. Na Bolívia o estopim foi quando as empresas inglesas, detentoras na época das águas bolivianas, e sua cobradora americana, dobraram suas tarifas. Os estrangeiros acabaram expulsos do país e a Bolívia, governada por um índio, passou a ser o país que mais cresce nas América do sul.

* É Geólogo pela UFPA e Mestre em “Administração e Política” pela UNICAMP.

6 comentários em “Artigo – Hoje tudo é por petróleo, amanhã será pelas águas por debaixo de Santarém

  • Pingback: Artigo: Hidrômetro em poços de condomínios e residências: estratégia para privatização das águas? - Jornal O Impacto

  • 30 de maio de 2019 em 11:45
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    Gostei muito do artigo, pois como bem sabemos, menos de 3% do total de água de nosso planeta é potável e grande parte desses recursos estão concentrados em geleiras e áreas de difícil acesso. Sem contar que são extremamente mal distribuídos ao longo do planeta. Deste modo atribuo a relevância do artigo, que serve como um alerta para futuras mobilizações na direção de implementações de políticas públicas que venham com o intuito de proteger nossas reservas e/ou nossa própria soberania nacional.

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  • 16 de maio de 2019 em 00:50
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    Excelente texto, de fato já é hora de proteger nossos recursos naturais!

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  • 15 de maio de 2019 em 23:50
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    Bobagens, só escreveu bobagens! o Petróleo dificilmente chegará a 100 dólares de novo a não ser em décadas pela inflação, agua tem em todo lugar e se for cara é só dessalinizar.

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    • 16 de maio de 2019 em 00:58
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      Se simplesmente se pode dessalinizar então por quê existem países com escassez de água? A dessalinização é um processo CARO ao qual nem todos têm acesso, a energia necessária para produzir mil litros é, em média, de 8 quilowatts-hora, equivalente ao consumo diário de uma casa de três quartos no Brasil!

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    • 16 de maio de 2019 em 13:22
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      O break evem point do pré sal por exemplo era de $30 dólares com tendência a diminuir. Por isso não precisa o barril chegar a $100 dólares para que a TIR dê um lucro absurdamente alto. Aqui se fala de água potável, o custo de dessalinização de água ainda é alto e a quantidade da geração é muito pequena. Imensas áreas de deserto em Israel ainda continuam como deserto como Negev pela impossibilidade humana de gerar tanta água potável para irrigar região. Na Arábia Saudita com otrora compos de agricultura e irrigados tornaram-se desertos de novos pela impossibilidade humana de fluxo de água na área.

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