Artigo – O plástico nosso de cada dia

Por Oswaldo Bezerra

O plástico entrou com os dois pés na porta de nossa vida. A revolução foi em 1907, quando o químico belga, Leo Baekeland criou o primeiro plástico totalmente sintético e comercialmente viável, o Bakelite. A era dos plásticos modernos começou graças a polimerização, que consiste em juntar, a partir de diversas reações químicas, várias moléculas menores em uma grande, que não se quebra facilmente e dá ao material maior durabilidade.

O plástico é usado em praticamente tudo, desde nossas escovas de dente, canetas, nos automóveis, TV, celulares, recipientes para comida e água. Trouxe muitos benefícios para a humanidade. Infelizmente, os malefícios são muitos e estamos apenas descobrindo agora alguns deles. Os malefícios vão desde lixo oceânico e poluição. Agora uma face que era oculta começa a nos preocupar. São os microplástico nos oceanos que acabam entrando na cadeia alimentar.

Cada pessoa consome até 121 mil partículas de plástico por ano, diz estudo periódico científico Environmental Science & Technology. Na hipótese de isso seja feito de uma só vez, seria como engolir uma fita plástica de 605 metros. Há também estudos que diversas composições plásticas podem ser indutoras de tumores. Além de comer, estamos bebendo plástico. Existe, em cada garrafa d’água plástica, 1,4 partículas de plástico por litro.

Este consumo é preocupante. Ainda não sabemos ao certo o quanto é danoso consumir plástico, mas um estudo recente nos acendeu a luz amarela, (publicado ontem dia 6 de dezembro). Os cientistas desenvolveram um método mais preciso para medir os níveis de bisfenol A (BPA) em humanos. Descobriram que a exposição à substância, que atrapalha o funcionamento do sistema endócrino, é muito maior do que se supunha anteriormente.

O bisfenol A é um composto orgânico usado na fabricação de plásticos. Faz parte do policarbonato plástico usado na produção de uma ampla variedade de produtos do cotidiano, incluindo garrafas de água, equipamentos esportivos, dispositivos médicos e odontológicos, além de lentes orgânicas, entre outros objetos.

Estudos anteriores mostraram que o BPA pode causar desequilíbrios no sistema hormonal e além de câncer. No entanto, várias organizações internacionais, incluindo a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, acreditam que a quantidade de bisfenol A, encontrada nos plásticos, é tão mínima que dificilmente pode ser considerada.

O novo estudo questiona as medidas das quantidades de BPA e propõe um novo método. As conclusões alcançadas pelas agências federais, sobre como regular o BPA, podem ser baseadas em medições imprecisas, segundo Patricia Hunt, autora do estudo e pesquisadora da Washington State University.

Segundo a Dra. Hunt e seus colegas, a maioria dos estudos consiste em um processo indireto para medição. Uma solução enzimática baseada em um caracol é usada para transformar os metabólitos de volta em um BPA completo, que pode ser medido.

Uma disparidade entre os dois métodos poderia representar um aumento nossa exposição ao BPA. Assim como aumenta as chances de serem gerados linfomas, leucemia, cirrose hepática, disfunção do sistema endócrino, lesões no aparelho reprodutivo, lesões no desenvolvimento infantil, defeitos de nascimento, neuro toxicidade, supressão do sistema imunológico, intoxicação exógena, irritação, sensibilidade, e conjuntivite química.

Justamente como esperado o novo método, que é capaz de medir diretamente os metabólitos do BPA, sem usar a solução enzimática nos deu uma péssima notícia. Os resultados dos testes obtidos, com o método direto, apresenta níveis de BPA até 44 vezes superiores aos do método indireto.

RG15/O Impacto

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