Artigo – A defesa dos filhos dos trabalhadores, desde Jaurès a Bernie Sanders

 

Por Oswaldo Bezerra

Sem dúvida, o político norte-americano Bernie Sanders é o mais amado daquele país. Seu foco em defender trabalhadores, e as classes menos favorecidas, também o colocam como inimigo número 1 de magnatas e banqueiros. Ontem, este senador apresentou um Projeto de Lei para impedir que Donald Trump leve os EUA, ilegalmente, à guerra contra o Irã. Segundo o senador, serão as crianças da classe trabalhadora que terão que lutar e morrer em um novo e desastroso conflito no Oriente Médio, não os filhos dos multibilionários.

Esta ação de Bernei Sanders nos traz uma lembrança de mais de 100 anos atrás. Era o ano de 1914. As fábricas empregavam crianças, mulheres e homens que enfrentavam turnos de 16 horas por dia. As mulheres ganhavam 50% do que ganhavam os homens. Não havia salário mínimo, nem remuneração no período de férias, muito menos indenização por qualquer acidente de trabalho.

No Brasil, a vitória do presidente Venceslau Braz trouxe de volta a política do “café com leite” onde todo recurso e vantagens oferecidas pelo governo federal se limitavam a São Paulo e Minas Gerais. O Brasil começava a se industrializar e vagas de empregos foram surgindo, mas os empregos eram degradantes. No Brasil como todo o mundo, os operários e campesinos começaram a se levantar contra as injustiças sociais e trabalhistas.

A França foi o país onde os movimentos trabalhistas nasceram. Como Bernie Sanders, o grande líder dos trabalhadores da época, no país da torre eiffel, foi Jean Jaurès. Época em que este líder andava muito preocupado com as abertas declarações dos magnatas da indústria e banqueiros. Eles declaravam que só uma guerra acabaria com as revindicações dos trabalhadores.

Jean Jaurès afirmou certa vez que “a sociedade violenta e caótica vivia buscando paz, mas no interior levava a guerra como as nuvens negras levam a tormenta”. O líder operário tentou manter a paz através dos trabalhadores. Ele escreveu: “Em um tempo em que nos ameaçam a destruição e a carnificina, a união do proletariado é a única esperança de salvar a paz; imploremos aos trabalhadores de França, Itália, Inglaterra e Rússia que se unam para acabar com este horrível pesadelo”.

Jaurès foi morto por um integrante de um partido de extrema-direita, partidário da guerra. Um dia após a morte do líder dos trabalhadores, a Primeira Guerra Mundial eclodiu. Durou pouco menos de 5 anos, contudo matou 20 milhões de trabalhadores.

Hoje o senador Bernie Sanders é quem leva os argumentos sobre os EUA contra a classe trabalhadora, como um importante aviso sobre as “consequências não intencionais” dos EUA matando o principal comandante militar do Irã. Ele argumentou a medida do governo Trump, que como o Invasão do Iraque em 2003, poderia causar estragos nos americanos menos poderosos.

O senador afirmou: “Eu sei que raramente são os filhos da classe multibilionária que enfrentam a agonia da política externa imprudente, mas sim os filhos de famílias trabalhadoras”. Sanders, fez esta afirmação no encontro com as famílias de soldados mortos em combate no Comitê de Assuntos de Veteranos do Senado que ele lidera.

Sanders destacou sua oposição contrária já na Guerra do Iraque, e seu papel na liderança de uma resolução para acabar com o envolvimento dos EUA no conflito liderado pela Arábia Saudita no Iêmen. O presidente Donald Trump vetou a resolução no ano passado após a aprovação do Congresso.

O senador descreveu Trump como um tomador de decisão impulsivo que errou ao retirar o acordo nuclear multilateral do Irã. Ele argumentou que a decisão de matar Soleimani violou a promessa do presidente de parar o envolvimento sustentado dos EUA em guerras estrangeiras.

Em declarações na sexta-feira, Trump disse que os EUA pegaram Soleimani “no ato” de planejar “ataques iminentes e sinistros” contra diplomatas e membros do serviço americano. Os EUA não forneceram evidências desta afirmação. Trump disse que “não tomamos medidas para iniciar uma guerra”, acrescentando que seu governo não busca mudanças de regime. No entanto, ele disse que os EUA estão preparados para tomar “qualquer ação necessária” para responder ao Irã.

Candidatos democratas a enfrentar Trump nas eleições do próximo ano, incluindo Sanders, a senadora Elizabeth Warren, D-Mass., Ex-vice-presidente Joe Biden e ex-prefeito de South Bend Pete Buttigieg, alertaram que o assassinato pode colocar os EUA no caminho de outro guerra. Sanders procurou criar distância entre ele e seus rivais, na sexta-feira, argumentando que conflitos militares prejudicam a classe trabalhadora.

Sanders, que tenta ser candidato a presidente dos EUA, defende a mudança radical em um sistema político e econômico que, segundo ele, favorece os ricos e as empresas sobre os trabalhadores. O senador quer aumentos de impostos sobre os americanos mais ricos e um sistema universal de seguro de saúde “Medicare for All”, entre outras prioridades de sua campanha.

Ao soar o alarme sobre uma escalada militar na sexta-feira, Sanders citou cuidados de saúde, falta de moradia, infraestrutura e mudanças climáticas como questões que os EUA poderiam começar a abordar com o dinheiro inistentemente gastam em guerras.

RG 15/O Impacto

 

 

Um comentário em “Artigo – A defesa dos filhos dos trabalhadores, desde Jaurès a Bernie Sanders

  • 9 de janeiro de 2020 em 04:06
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    Comunista preocupado com os mortos de guerras americana, após o regime marxista haver assassinado mais de 120 milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria patrícios ! kkkkkkk…quanta cara de pau, quanta hipocrisia !!!

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