Dados mostram avanço da Covid-19 no PA e MPF e DPU recomendam medidas mais rígidas

O último balanço disponibilizado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sespa), antes da publicação desta matéria, por volta de 23h30 de quarta-feira, 15 de abril, apontou que os infectados com a covid-19 no estado totalizavam 487, com 21 óbitos. Outros 1.407 testaram negativos e 244 continuavam em análise.

Em Santarém, foram divulgados mais 7 casos, o que elevou para 20 o total no município. Em informe, a Secretaria Municipal de Saúde divulgou a segunda morte pelo Covid-19 na Pérola do Tapajós. Um homem de 55 anos. O paciente era morador de rua. Sua coleta foi realizada na Unidade de Pronto Atendimento 24h (UPA). Foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de isolamento do Hospital Regional do Baixo Amazonas, mas não resistiu. Os demais casos confirmados na atualização de quarta-feira, são: 1 mulher de 83 anos e 5 homens de 19, 35, 41, 52 e 87 anos. Além dos 20 casos confirmados, Santarém segue com 8 recuperados, 44 negativados e 13 em análise.

Diante do índice crescente de infectados no estado do Pará, com a maioria casos na capital Belém, que até a noite de quarta-feira, 15 de abril, contabilizava 326 infectados, com 16 óbitos, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) encaminharam ofício ao governo do Pará com recomendação para que o decreto estadual sobre medidas de contenção da Covid-19 seja mais rígido nas diretrizes sobre o isolamento social no estado.
O MPF e a DPU recomendam que o decreto seja revisto para determinar a imediata suspensão de todas as atividades ou funcionamento de estabelecimentos que não sejam essenciais à manutenção da vida e da saúde, tais como a prestação de serviços e o comércio de produtos não essenciais.

Como exemplos de serviços não essenciais ainda não suspensos, procuradores da República e defensor público federal citam lojas de roupas ou cosméticos, clínicas estéticas, concessionárias (com exceção de serviços de manutenção) ou feirões de automóveis, salões de beleza, estabelecimentos de ensino presencial público e privado, e áreas comuns de condomínios residenciais. Também são necessárias a suspensão de obras de engenharia não essenciais, a limitação de reuniões particulares de pessoas e a proibição de celebrações e cultos religiosos, recomendam DPU e MPF.

Para MPF e DPU, é urgente, também, que o governo estadual estabeleça o trabalho remoto como regra na administração direta e indireta, mantendo-se atendimento físico apenas para atividades incompatíveis com a modalidade telepresencial. É essencial, ainda, regulamentar o funcionamento dos serviços públicos e atividades essenciais, prescrevendo medidas de higiene, distanciamento e lotação máxima excepcional nesses ambientes.

Qualquer nova revisão do decreto sobre as medidas de enfrentamento do novo coronavírus deve ser submetida à prévia, expressa e pública manifestação do Comitê Técnico Assessor previsto no Plano de Contingência Estadual, com assinatura de todos os seus membros (sem prejuízo de que a minoria possa ressalvar divergência), recomendam os membros do MPF e da DPU.

Por fim, MPF e DPU recomendaram que o governo estadual facilite o acompanhamento, por pesquisadores, acerca da aptidão das normas de quarentena e isolamento social para controlar a curva de contágio, inclusive a partir de informações diárias referentes às taxas de isolamento prestadas pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), observando-se também as conclusões científicas antes de futura flexibilização dessas normas.

Ao recomendar que o governo do estado facilite o acompanhamento das normas de quarentena e isolamento por pesquisadores, o MPF e a DPU fizeram menção especial aos pesquisadores responsáveis pela nota técnica “Covid-19: Um novo modelo Seir [Suscetível, Exposto, Infeccioso, Recuperado] para países em desenvolvimento – estudo de caso para a Região Metropolitana de Belém”, elaborado por cientistas da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estudo simula diferentes cenários de isolamento, desde o mais restritivo até o mais permissivo, e aponta situações catastróficas caso a redução da taxa de contaminação fique apenas em 50% da população: nesse cenário, a região metropolitana de Belém precisaria de 8.906 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e registraria 37.594 mortes – sendo que atualmente o Pará todo tem apenas 986 leitos de UTI, segundo o Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (Cnes), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).

“Ocorre que esse é justamente o cenário que se desenha, uma vez que avaliações da própria Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Pará (Segup), com base em dados de rastreamento de telefones móveis, revela que o índice de isolamento social no Pará tem ficado próximo ou mesmo abaixo de 50%. Ou seja, o atual decreto está se revelando insuficiente para garantir níveis adequados de isolamento social”, alertam os órgãos. (Com informações do MPF).

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